segunda-feira, 24 de setembro de 2007

UMA PALAVRA A UM BÊBADO.

Uma Palavra a um Bêbado
John Wesley - As Obras de John Wesley Vol. VI *
20-Set-2007


1. Tu és um homem? Deus te fez homem; mas tu fazes de ti mesmo uma besta. Em que um homem difere de uma besta? Não é, sobretudo, na razão e no entendimento? Mas tu jogas fora a razão que tens. Tu te despes de teu entendimento. Fazes tudo que podes para tornar-te uma mera besta; não um tolo, não um louco simplesmente, mas um porco, um pobre porco imundo. Vai rolar com eles na lama! Vai, bebe continuamente, até que tua nudez seja descoberta, e teu vergonhoso vômito seja para tua glória!

2. Ó, quão nobre é uma besta que Deus criou comparada a alguém que faz de si mesmo uma besta! Mas isto não é tudo. Tu fazes de ti mesmo um diabo. Tu fomentas todas as disposições diabólicas que há em ti, e adicionas outras, que talvez não havia em ti; no mínimo tu as intensificas e as reforças. Tu fazes com que o fogo da cólera, ou da malícia, ou da luxúria, seja sete vezes mais quente que antes. Ao mesmo tempo tu entristeces o Espírito de Deus, até que o conduzes para bem longe de ti; e qualquer fagulha de bem que resta em tua alma tu sufocas e suprimes de uma só vez.

3. Então tu estás agora realmente preparado para toda obra do diabo, tendo posto de lado tudo que é bom ou virtuoso, e enchido teu coração com tudo que é mau, isto é, mundano, carnal, diabólico. Tu forçaste o Espírito de Deus a apartar-se de ti, pois não aceitarias nenhuma de suas repreensões, e tens te rendido às mãos do diabo, para seres por ele levado de olhos vendados, à sua vontade.

4. Agora, o que poderia impedir que te acontecesse o mesmo que aconteceu àquele que foi perguntado qual era o maior pecado, o adultério, a embriaguez ou o assassinato, e qual dos três ele preferia cometer. Ele disse que a embriaguez era o menor. Logo depois ele estava bebendo; então se encontrou com a esposa de outro homem e a violentou. Vindo o marido ajudá-la, ele o assassinou. Assim, a embriaguez, o adultério e o assassinato vieram juntos.

5. Ouvi uma história de um pobre índio selvagem, bem mais esperto do que ele ou tu. Os ingleses lhe deram um barril de bebida forte. Na manhã seguinte ele reuniu seus amigos, e colocando-o no meio deles, disse, “Estes homens brancos nos deram veneno. Este homem” (chamando-o por seu nome) “era um homem prudente, e não feriria ninguém senão os seus inimigos, mas tão logo bebeu disto, ficou louco, e teria matado seu próprio irmão. Nós não seremos envenenados.” Ele então quebrou o barril, e derramou a bebida sobre a areia.

6. Por que motivo tu te envenenas assim? Apenas pelo prazer de te envenenar? Quê! Farás de ti mesmo uma besta, ou, antes, um diabo? Arriscarás cometer todos os tipos de vilanias, e isto apenas pelo insignificante prazer de poucos instantes, enquanto o veneno escorre por tua garganta? Ó, nunca te chames de cristão! Nunca te chames de homem! Tu estás afundado sob a maior parte das bestas que perecem.

7. Tu não bebes, antes, por causa dos companheiros? Não fazes isto para prestar um serviço aos teus amigos? “Por causa dos companheiros,” você diz? Como é isto? Tomarias uma dose de veneno para ratos por causa dos companheiros? Se vinte homens fizessem assim antes de tu, não desejarias ser escusado? Quanto mais podes desejar ser escusado de ir para o inferno por causa dos companheiros? Mas, “para prestar um serviço aos teus amigos”: que tipo de amigos são esses que se sentiriam gratos por tua própria destruição? Quem permitiria, e além disso, instigaria que fizesses assim? Eles são patifes. Eles são os teus piores inimigos. Eles são daqueles amigos que beijam tua face enquanto apunhalam teu coração.

8. Ó, não tenhas em vista qualquer desculpa! Não digas, como muitos, “Eu não sou inimigo de ninguém, senão de mim mesmo.” Se assim for, que pobre ditado é este, “Não dei nada além de minha própria alma ao diabo.” Ai! Isso não é demais? Por que darias a ele sua própria alma? Não faças isto. Antes, dá tua alma a Deus.

Mas não é assim. És um inimigo de teu rei, que roubas, por meio disto, de um proveitoso súdito. És um inimigo de teu país, que defraudas do serviço que poderias fazer, tanto como homem quanto como cristão. És um inimigo de todo homem que te vê em teu pecado, pois teu exemplo pode levá-lo a fazer o mesmo. Um bêbado é um inimigo público. Eu não me admiriaria nem um pouco se temesses (como Caim, antigamente) que “todo homem que te encontre te mate.”

9. Acima de tudo, és um inimigo de Deus, o grande Deus dos céus e da terra, daquele que te envolve de todos os lados, e pode neste instante enviar-te rapidamente ao inferno. Aquele que estás continuamente afrontando a sua face. Tu estás desafiando-o abertamente. Ó, não o provoques mais dessa forma! Temas o grande Deus!

10. És um inimigo de Cristo, do Senhor que te resgatou. Tu insultas a sua autoridade. Desprezas seu poder soberano e seu terno amor. Tu de novo o crucificas, e quando o chamas de teu Salvador, o que é isso menos do que “trai-lo com um beijo”?

11. Ó, te arrependas! Vejas e percebas que tu és desgraçado. Ores a Deus, para te convencer no íntimo de tua alma. Quantas vezes de novo crucificaste o Filho de Deus, e o expuseste ao vitupério! Ores para que possas conhecer-te a ti mesmo, interior e exteriormente, todo pecado, toda culpa, toda impotência. Então grites, “Filho de Davi, tem misericórdia de mim!” Cordeiro de Deus, tire os meus pecados! Conceda-me sua paz. Justifique o ímpio. Ó, conduza-me ao sangue da aspersão, para que eu possa ir e não pecar mais, e possa amar muito, tendo sido muito perdoado!

Tradução: Paulo Cesar Antunes

Opinião Calvinista da Queda da Ponte Distorce o Caráter de Deus

Roger Olson

The Baylor Lariat, 28 de agosto de 2007

Onde Deus estava algumas semanas atrás quando a ponte interestadual desmoronou em Minneapolis?

Eu cruzei essa ponte muitas vezes em meus quinze anos nas Cidades Gêmeas de Minnesota. Assistir ao desastre mostrado na televisão trouxe de volta algumas recordações. Pude visualizar onde os dois lados da ponte davam – o centro de Minneapolis em uma direção e a Universidade de Minnesota na outra.

Que catástrofe esquisita. Uma ponte moderna, aparentemente bem projetada, em uma área metropolitana importante, desmoronou num piscar de olhos sem qualquer sinal de perigo.

Algo semelhante podia acontecer a qualquer um de nós a qualquer hora. Coisas semelhantes acontecem conosco ou com pessoas exatamente como nós – inesperadamente, expectadores inocentes passando pela vida são desagradavelmente surpreendidos por alguma tragédia estranha.

Então, onde Deus está quando surge uma calamidade aparentemente sem propósito? Alguns religiosos dizem, “Foi a vontade de Deus.” Aqui, vamos nos concentrar apenas nos cristãos.

Um famoso autor e orador cristão pastoreia uma igreja a uma distância de uns dois quilômetros da ponte caída. Para ele e seus seguidores, Deus preordenou, planejou e indiretamente (se não diretamente) causou o evento.

Uma banda de música cristã popular canta “há uma razão” para tudo. Eles querem dizer que Deus torna todas as coisas certas e tem um propósito bom para tudo que acontece. O pastor e a banda são cristãos deterministas. Ambos por acaso crêem numa forma de teologia protestante chamada Calvinismo.

Esta teologia está arrastando milhares de jovens cristãos facilmente influenciáveis. Ela fornece uma resposta aparentemente simples para o problema do mal. Até mesmo o que chamamos mal é planejado e tornado certo por Deus porque ele é necessário para um bem maior.

Mas, espere. E quanto ao caráter de Deus? Então Deus é o autor do mal? A maioria dos calvinistas não querem dizer que sim. Mas a lógica parece exigir esta conclusão. Se Deus planeja algo e o torna certo, como Ele não é responsável por ele? É aqui onde as coisas ficam obscuras.

Alguns calvinistas dirão que Ele não é culpado porque Ele tem uma boa intenção pelo evento – tirar o bem dele, mas a Bíblia expressamente proíbe fazer o mal para que venha o bem.

Muitos cristãos conservadores se assustam com a idéia de que Deus está limitado. Mas o que acontece se Deus se limita para que muito do que acontece no mundo seja devido à finitude e degradação humana? O que acontece se Deus está no comando mas não no controle? O que acontece se Deus deseja que as coisas possam ser de outra forma e algum dia tornará perfeitas todas as coisas?

Esse parece mais o Deus da Bíblia do que a divindade que tudo determina do Calvinismo.

Neste mundo, por causa de nossa ignorância e corrupção, coisas realmente ruins muitas vezes acontecem e pessoas fazem coisas realmente más e perversas. Não porque Deus secretamente as planeja e as estimula, mas porque Deus disse às pessoas caídas, pecadoras, “Ok, não seja feita a minha vontade, mas a sua – por enquanto.”

E Deus diz, “Orem, porque às vezes eu posso intervir para impedir o sofrimento inocente quando as pessoas orarem; essa é uma de minhas auto-limitações. Eu não quero fazer tudo isto sozinho; eu quero seu envolvimento e participação para fazer deste um mundo melhor.”

É uma descrição diferente de Deus daquela com que a maioria dos cristãos conservadores cresceu, mas é a única (até onde posso dizer) que livra Deus da responsabilidade pelo pecado, pelo mal, pelo desastre e pela calamidade.

O Deus do Calvinismo me assusta; Eu não sei direito como distingui-lo do diabo. Se você sofreu influência do Calvinismo, pense em suas conseqüências para o caráter de Deus. Deus é grande mas também é bom. Em vista de todo o mal e sofrimento inocente no mundo, ele deve ter limitado a si mesmo.

Tradução: Paulo Cesar Antunes


Dr. Roger Olson é professor de teologia no George W. Truett Theological Seminary

FONTE: http://www.arminianismo.com/index.php?option=com_content&task=view&id=724&Itemid=1

Opinião Calvinista da Queda da Ponte Distorce o Caráter de Deus

Roger Olson

The Baylor Lariat, 28 de agosto de 2007

Onde Deus estava algumas semanas atrás quando a ponte interestadual desmoronou em Minneapolis?

Eu cruzei essa ponte muitas vezes em meus quinze anos nas Cidades Gêmeas de Minnesota. Assistir ao desastre mostrado na televisão trouxe de volta algumas recordações. Pude visualizar onde os dois lados da ponte davam – o centro de Minneapolis em uma direção e a Universidade de Minnesota na outra.

Que catástrofe esquisita. Uma ponte moderna, aparentemente bem projetada, em uma área metropolitana importante, desmoronou num piscar de olhos sem qualquer sinal de perigo.

Algo semelhante podia acontecer a qualquer um de nós a qualquer hora. Coisas semelhantes acontecem conosco ou com pessoas exatamente como nós – inesperadamente, expectadores inocentes passando pela vida são desagradavelmente surpreendidos por alguma tragédia estranha.

Então, onde Deus está quando surge uma calamidade aparentemente sem propósito? Alguns religiosos dizem, “Foi a vontade de Deus.” Aqui, vamos nos concentrar apenas nos cristãos.

Um famoso autor e orador cristão pastoreia uma igreja a uma distância de uns dois quilômetros da ponte caída. Para ele e seus seguidores, Deus preordenou, planejou e indiretamente (se não diretamente) causou o evento.

Uma banda de música cristã popular canta “há uma razão” para tudo. Eles querem dizer que Deus torna todas as coisas certas e tem um propósito bom para tudo que acontece. O pastor e a banda são cristãos deterministas. Ambos por acaso crêem numa forma de teologia protestante chamada Calvinismo.

Esta teologia está arrastando milhares de jovens cristãos facilmente influenciáveis. Ela fornece uma resposta aparentemente simples para o problema do mal. Até mesmo o que chamamos mal é planejado e tornado certo por Deus porque ele é necessário para um bem maior.

Mas, espere. E quanto ao caráter de Deus? Então Deus é o autor do mal? A maioria dos calvinistas não querem dizer que sim. Mas a lógica parece exigir esta conclusão. Se Deus planeja algo e o torna certo, como Ele não é responsável por ele? É aqui onde as coisas ficam obscuras.

Alguns calvinistas dirão que Ele não é culpado porque Ele tem uma boa intenção pelo evento – tirar o bem dele, mas a Bíblia expressamente proíbe fazer o mal para que venha o bem.

Muitos cristãos conservadores se assustam com a idéia de que Deus está limitado. Mas o que acontece se Deus se limita para que muito do que acontece no mundo seja devido à finitude e degradação humana? O que acontece se Deus está no comando mas não no controle? O que acontece se Deus deseja que as coisas possam ser de outra forma e algum dia tornará perfeitas todas as coisas?

Esse parece mais o Deus da Bíblia do que a divindade que tudo determina do Calvinismo.

Neste mundo, por causa de nossa ignorância e corrupção, coisas realmente ruins muitas vezes acontecem e pessoas fazem coisas realmente más e perversas. Não porque Deus secretamente as planeja e as estimula, mas porque Deus disse às pessoas caídas, pecadoras, “Ok, não seja feita a minha vontade, mas a sua – por enquanto.”

E Deus diz, “Orem, porque às vezes eu posso intervir para impedir o sofrimento inocente quando as pessoas orarem; essa é uma de minhas auto-limitações. Eu não quero fazer tudo isto sozinho; eu quero seu envolvimento e participação para fazer deste um mundo melhor.”

É uma descrição diferente de Deus daquela com que a maioria dos cristãos conservadores cresceu, mas é a única (até onde posso dizer) que livra Deus da responsabilidade pelo pecado, pelo mal, pelo desastre e pela calamidade.

O Deus do Calvinismo me assusta; Eu não sei direito como distingui-lo do diabo. Se você sofreu influência do Calvinismo, pense em suas conseqüências para o caráter de Deus. Deus é grande mas também é bom. Em vista de todo o mal e sofrimento inocente no mundo, ele deve ter limitado a si mesmo.

Tradução: Paulo Cesar Antunes


Dr. Roger Olson é professor de teologia no George W. Truett Theological Seminary

FONTE: http://www.arminianismo.com/index.php?option=com_content&task=view&id=724&Itemid=1

terça-feira, 11 de setembro de 2007

CONSELHO: "Voto de Minerva"

O quorum do Conselho inclui o pastor, logo ele PODE e DEVE votar, como os demais membros.Em caso de empate ele (o pastor) tem direito de dar o VOTO DE DESEMPATE (Também chamado de "voto de qualidade" ou ainda "voto de minerva"), votando, assim, excepcionalmente, duas vezes no mesmo assunto.
CI/IPB:
Quanto aos presidentes de Concílios compete - "Dar o seu voto nos casos de empate." (Vide Art. 8, "l" do Regimento do SC; Art. 9, "l" do Modelo de Regimento Interno para os Sínodos; Art. 8, "l" do Modelo de Estatuto para o Presbitério)
O Conselho TAMBÉM é um CONCÍLIO.Art. 59 da CI/IPB - "Os concílios da Igreja Presbiteriana do Brasil são assembléias constituídas de ministros e presbíteros regentes."Art. 60 da CI/IPB - ""Estes Concílios são: Conselho da Igreja, Presbitério, Sínodo e Supremo Concílio".
Por analogia, temos a fundamentação para o voto de Minerva do Presidente do Conselho.
Segundo Maria Helena Diniz (Professora Titular de Direito Civil na PUCSP. Leciona Direito Civil Comparado, Filosofia do Direito e Teoria Geral do Direito nos cursos de Pós-Graduação em Direito na PUCSP, onde também é Coordenadora da subárea de Direito Civil Comparado nos cursos de Pós-Graduação em Direito): Voto de Minerva "é aquele que compete ao Presidente de órgão colegiado, ou seja, de tribunal, de assembléias, de sociedade ou de entidade, para fins de desempate" (Dicionário Jurídico).Curiosidade:
Orestes, filho de Clitemnestra e Agamenon, viu a morte de seu pai pelas mãos de Egisto, amante de sua mãe. Ao tornar-se adulto, sob as ordens de Apolo e consideráveis apelos de Electra, Orestes matou Clitemnestra e seu amante. Perseguido pelas Eríneas, não pode se refugiar, sendo submetido a julgamento em Atenas. Como a decisão era tomada por 12 cidadãos, a votação terminou empatada. Diante de empate, Minerva (ou Atena), deusa da sabedoria, proferiu seu voto, desempatando o feito e poupando a vida de Orestes. Eis a razão da expressão voto de minerva (Também conhecido como voto de desempate ou voto de qualidade).

FONTE: http://consultorconstitucional-ipb.blogspot.com/
VISITE e PARTICIPE

terça-feira, 4 de setembro de 2007

O Papa Foi Apenas O Papa

O Brasil é, sem dúvida, um país original. Considerado “o maior país católico do mundo”, 70% dos seus “fiéis” só pisam na Igreja em batizados, casamentos e enterros (inclusive o próprio), muitos freqüentam, simultaneamente, um centrozinho espírita ou um terreirinho de macumba, acreditando mais na reencarnação do que na ressurreição, e criaram uma “pérola” conceitual, em que se é não sendo: “católicos não-praticantes”. Uma parcela integra a categoria original dos “católicos, mas a meu modo”, ou seja, que segue o que quer, e não o que a Igreja ensina. Essa originalidade vai pegando em outros seguimentos religiosos, como “judeus, ao meu modo”, ou, inclusive, “anglicanos, ao meu modo”...
Aí nos chega o Papa, com os títulos de “Chefe da Cidade do Estado do Vaticano”, “Santo Padre”, “Sumo Pontífice”, “Vigário de Cristo”, e outras expressões modestas, cercado do aparato de “simplicidade” que lhe é peculiar, com um empurrãozinho da grande imprensa, e do governo de um pretenso estado laico, mas, embora todos sejam iguais perante a Lei, “alguns são mais iguais do que outros”.
Pois bem, esse “país católico” ficou chocado porque o Papa agiu como Papa, denunciou o que a sua Igreja denuncia, cobrou o que sua Igreja cobra, ensinou o que sua Igreja ensina. Mas que cara de pau! Que reacionário! Onde já se viu Igreja Católica condenar camisinha, defender celibato de padres, ser contra o divórcio e o re-casamento, as drogas, o “ficar”, a castidade, e outras esquisitices? Editorialistas ficaram furiosos porque ele foi contra não só o velho comunismo, mas o pujante e atual capitalismo. Religião é importante – como afirmou o teólogo Luiz Inácio Lula da Silva – para a espiritualidade pessoal, para a sociabilidade e para (minorar as conseqüências) da questão social. A sua assessoria secularista trabalhou bem sua afirmação espontânea.
Como evangélicos defendemos a separação entre Igreja e Estado, como instituições, e a igualdade de todas as entidades religiosas registradas perante a Lei, em direitos e deveres, sem privilégios ou discriminações. Temos que estar de olho no pretenso acordo que está sendo elaborado pelo Itamaraty entre o Brasil e o Vaticano. Mas isso não significa que cada religião, além de exigir disciplina para os seus fiéis, não possa expressar mensagens de conteúdo ético que visem o bem-comum de todos os cidadãos, nem que os seus fiéis pensem e ajam politicamente motivados e inspirados pelos valores, princípios e conceitos da sua fé.

Muita gente quer ser católica, porque essa é a tradição da família ou o status da maioria da população, sem que isso implique compromisso com o que aquela Igreja ensina ou exige, em matéria de doutrina ou de ética. Parece que Benedito XVI não está tão interessado nessa massa (embora não queira perdê-la), mas em uma minoria mais enxuta e mais coerente. Ele não pode ser acusado de “autoritário”, porque a sua Igreja é natural e estruturalmente monárquica, centralizada e hierárquica, em sua construção histórica, em sua origem posterior às Igrejas orientais, desde a lenda de Pedro como primeiro Papa, a “igreja verdadeira”, e coisas tais. Reclamar falta de “democracia” na Igreja Católica é, no mínimo, risível de parte do que resta da Teologia da Libertação, dos liberais, e dos setores da imprensa que quer fazer média e não mídia, e da massa de moderninhos, que querem o filé, mas não os ossos que estão incluídos no pacote. Ser ou não ser, continua uma atualíssima questão!
O Papa, com sua sinceridade, transparência e “amabilidade” alemã ajudou a colocar os pingos nos is. Isso facilita, a todos nós, a sermos concordes ou discordes com ele. É uma voz corajosa, e isso já é positivo. Tem atacado o secularismo materialista e anticristão, e isso o faz, nesse aspecto, um nosso aliado.
Com a alienação e a omissão dos protestantes, ou a incoerência dos católicos, esse País não vai muito para frente.
Papa é para essas coisas. Papa é isso mesmo. Quem não gostar que procure outro produto no amplo e competitivo mercado religioso!
Como Reformados, devemos ser o que sempre somos, e seremos.
Paripueira (AL), 15 de maio de 2007.
® 2007 Dom Robinson Cavalcanti, ose
Bispo Diocesano
Secretaria DiocesanaEscritório Maceió - AL(81) 9111.7172"O próprio Senhor irá à sua frente e estará com você; ele nunca o deixará, nunca o abandonará. Não tenha medo! Não desanime!" (Dt.31:8).
IGREJA ANGLICANA DO BRASILARQUIDIOCESE THOMAS CRANMER COMUNHÃO ANGLICANA INDEPENDENTE"Amor Católico aos Pais da Igreja e Lealdade Bíblica à Reforma."

Familia


Graças sejam dadas a Deus

Protestantismo: Tradicionais Crescem Mais do Que Pentecostais?

Protestantismo: Tradicionais Crescem Mais do Que Pentecostais?

Tivemos a divulgação, durante a semana que passou, de duas pesquisas sobre a realidade religiosa no Brasil: uma amostra do Datafolha tomando o período 1996-2007 (começando em uma década e indo até outra década) e o exaustivo trabalho da Fundação Getúlio Vargas, baseada em dados atualizados do IBGE, referentes ao período 2000-2003 (procurando mensurar os primeiros anos de uma nova década). A diferença de metodologias e de períodos estudados é responsável por diferenças entre os resultados.

O Datafolha (1996-2007) é o único a mensurar os espíritas, mantidos com os mesmos percentuais (3%), e os “outras religiões”, com o crescimento de 4% para 5% (+1%). Os “sem-religião” teriam crescido de 5% para 6% (+1%). Para os pesquisadores daquele jornal paulista, no mesmo período teria havido um declínio do catolicismo romano de 74% para 64% (-10%), e um crescimento dos evangélicos pentecostais de 11% para 17% (+6%), e dos evangélicos não pentecostais de 5% para 6% (+1%). Os totais, em percentuais, para a pesquisa da Folha, seriam, então, hoje: 64% de católicos romanos; 17% de evangélicos pentecostais; 6% de sem-religião; 5% de evangélicos não-pentecostais; 5% de outras religiões e 3% de espíritas. A pesquisa ignora a diferença entre pentecostais (Assembléia de Deus, p.ex) e neo/pseudo-pentecostais (Igreja Universal do Reino de Deus, p.ex), o que impossibilita mensurar e comparar os dois grupos, que sabemos são profundamente diferentes.

A pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, denominada: “Economia das Religiões: Mudanças Recentes” é um alentado trabalho de 53 páginas, elaborado por uma equipe técnica respeitável, e se propõe a averiguar uma nova década, século e milênio (2000-2003) em contraste com um período histórico maior (1872-2007). Nesse caso, o declínio de membros do catolicismo romano foi se acentuando com o tempo, tendo acelerado na última década do século passado, os anos 1990. Observemos algumas datas e percentagens: 1872: 99,72%; 1940: 95,01%; 1950: 93,48%; 1960: 93,07%; 1970: 91,77%; 1980: 88%; 1991: 83,34%; 2000: 73,89%. Ou seja, de 1872 a 2000 o catolicismo romano teria declinado 25,83%, mais da quarta parte dos seus seguidores, 9,45% somente no período 1991-2000.

Qual é, então, a grande novidade da pesquisa? O catolicismo romano inicia, por vários fatores, uma grande mudança nessa nova década, estagnando a perda dos seus fiéis: 2000: 73,79% vs. 2003: 73,89%. Não somente teria parado de cair, mas indicaria uma pequena reversão. Essas taxas, mais o crescimento demográfico médio totalizariam 139,24 milhões de católicos no Brasil hoje.

A categoria dos “sem-religião” (que no Brasil não significa, necessariamente, ateus, mas não-vinculados a instituições), que teria tido o seu primeiro e único aumento significativo na década de 1990, conheceria um declínio rápido e acentuado: 2000: 7,4% vs. 2003: 5,1%.

A segunda novidade: os evangélicos, na sua totalidade, continuariam crescendo, porém a índices mais modestos, e, nesse período, teriam avançado mais entre os “sem-religião” do que entre os católicos romanos. Vejamos: 2000: 16,2% vs. 2003: 17,9. Enquanto na década anterior o protestantismo cresceria mais de 1% ao ano, agora levaram três anos para alcançar índices semelhantes. Com projeção semelhante: taxa de crescimento + crescimento demográfico, os protestantes, em seu conjunto, seriam hoje 43,64 milhões de brasileiros.

Uma terceira novidade no estudo da FGV, é que no período atual, os evangélicos tradicionais (não-pentecostais), pela primeira vez em muitos anos, e mesmo que a percentagens modestas, teria crescido mais do que os pentecostais (aqui entendido, também, pentecostais e neo/pseudo-pentecostais juntos). Se, pelos cálculos de crescimento, os evangélicos teriam passado de 26,15 milhões em 2000 para 33,74 milhões de 2003 (com a percentagem mais crescimento demográfico seriam 43,57 milhões). Aí é que entra o fato novo do crescimento dos tradicionais:

2000: 26,15 milhões de Protestantes.
Pentecostais: 18,67 milhões.
Tradicionais (não-pentecostais): 7,48 milhões.

2003: 33,74 milhões de Protestantes.
Pentecostais: 23,57 milhões.
Tradicionais (não-pentecostais): 10,17 milhões.

Em resumo: a) espíritas e outras religiões estagnados; b) catolicismo parando de cair; c) sem-religião declinando; c) protestantes crescendo mais devagar, e mais à custa dos sem-religião do que dos católicos; d) protestantes tradicionais já crescendo, percentualmente, um pouco mais do que os pentecostais (lato senso).

Por um lado o grande guarda-chuva da Igreja de Roma apresenta cardápio com pratos para todos os gostos: teologia da libertação, renovação carismática, opus dei, focolare, romarias ao Juazeiro, devoções populares de padroeiros etc., e tem usado mais a mídia, aumentado o número de diáconos etc. Ou seja, está se movendo.

Por outro os escândalos morais, as frustrações de expectativas ou descoberta de se estar sendo manipulado, o cansaço com o emocionalismo, ou o legalismo, a busca de solidez bíblico-teológica, de raízes históricas e de estética, atingem, mais cedo ou mais tarde, seguidores do pentecostalismo e/ou do neo/pseudo-pentecostalismo, especialmente na classe média mais escolarizada. Essa decepção não é suficiente para que um contingente expressivo vire “sem-religião” ou opte por tomar as pílulas do frei Galvão... (Embora pesquisas na América Central registrem o retorno de filhos e netos do protestantismo pentecostal para o catolicismo romano).

Setores mais lúcidos do Pentecostalismo já falam na necessidade de um intercâmbio, e uma síntese, benéficos entre o seu entusiasmo e a história e a teologia dos tradicionais. No que recebem a concordância de muitos desses. O problema é quando muitos tradicionais já jogaram fora qualquer “tradição”, e não têm qualquer elemento diferenciado para contribuir.

Creio que está mais do que na hora das Igrejas históricas – sólidas em suas tradições, flexíveis em suas abordagens – com humildade, mas sem falsa modéstia, repensarem e aprofundarem a sua identidade, contribuindo para a sanidade do todo religioso brasileiro, participando da construção do futuro. Afinal de contas, nós temos estrada...

Recife (PE), 10 de maio de 2007.

® Dom Robinson Cavalcanti, ose
Bispo DiocesanoSecretaria DiocesanaEscritório Maceió - AL(81) 9111.7172"O próprio Senhor irá à sua frente e estará com você; ele nunca o deixará, nunca o abandonará. Não tenha medo! Não desanime!" (Dt.31:8).
IGREJA ANGLICANA DO BRASILARQUIDIOCESE THOMAS CRANMER COMUNHÃO ANGLICANA INDEPENDENTE"Amor Católico aos Pais da Igreja e Lealdade Bíblica à Reforma."