sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Lutero Ainda Fala: 491 Anos de Reforma - Felipe Sabino de Araújo Neto

Em comemoração aos 491 anos da Reforma Protestante, comemorado todo 31 de outubro, devido ao famoso 31 de outubro de 1517, quando Lutero afixou as suas 95 teses na Igreja do Castelo de Wittenberg, selecionei alguns trechos de diversas obras desse grande e importante teólogo da história do Cristianismo:
"… a doutrina da fé e da justificação, ou como nos tornamos justos perante Deus… expulsa todos os falsos deuses e a idolatria, e, após terem sido expulsos, desmorona o fundamento do papado, sobre o qual ele foi edificado."
"… na filosofia um pequeno erro no princípio é um grande e abominável erro no fim, assim também na teologia um pequeno erro subverte a doutrina inteira."
"Aquele que quer compreender o que é dito [na Escritura] deve indagar por que ou por quais motivos é dito."
"[Eu sou] um destes que, como Santo Agostinho afirma de si mesmo, cresceram escrevendo e ensinando outros e não um desses que, começando com nada, tornaram-se num instante, os
mais exaltados e cultos dos mestres."
"Outros, que viveram antes de mim, atacaram a vida má e escandalosa do papa, mas eu ataquei a sua doutrina…"
"John Huss atacou e castigou apenas os abusos e a vida escandalosa do papa, mas eu… tenho atacado a doutrina do papa e o tenho derrotado."
"Doutrina e vida devem ser bem e verdadeiramente distinguidas e separadas uma da outra. A vida é má mesmo em nosso meio como também no meio dos papistas. Por isso não contendemos
com os papistas por causa da vida, mas por causa da doutrina…
Quando, contudo, a palavra permanece pura, então a vida pode
ser corrigida…"
"Não estou preocupado com a vida, mas com as doutrinas. A vida má não causa grande dano a não ser a si mesma, mas o ensinamento errado é o maior mal neste mundo, porque leva multidões de almas ao inferno. Não estou preocupado se és bom ou mau, mas eu atacarei teu ensinamento venenoso e mentiroso que contradiz a palavra de Deus."
"Os próprios sofistas e escolásticos são compelidos a confessar, e assim também ensinam, que uma obra moral praticada exteriormente, se não foi praticada com um puro coração, uma
boa vontade e com um propósito correto, é nada mais do que hipocrisia."
"És tu sozinho, dizem eles, mais sábio que tantos homens santos, mais sábio que toda a igreja?… A igreja ensinou desta maneira o tempo todo. Assim também fizeram todos os doutores da igreja primitiva, homens santos, mais antigos e melhor instruídos do que tu. Quem és tu, que ousas discordar de todos eles ao trazer-nos uma doutrina contrária?"
Lutero tem uma resposta para essas perguntas, não importa quem a ele se opõe:
"… quer seja Cipriano, Ambrósio, Agostinho, ou São Pedro, Paulo ou João, e até mesmo um anjo vindo do céu que ensine de outra maneira; e, no entanto, isso sei seguramente que não ensino as coisas de homens, mas de Deus. Isto quer dizer que atribuo todas as coisas somente a Deus, e nada aos homens.
Minha doutrina é aquela que expõe e anuncia a graça e a glória somente de Deus e, quanto ao assunto da salvação, ela condena a justiça e a sabedoria de todos os homens. Nisso não posso
errar, porque dou tanto a Deus quanto aos homens aquilo que própria e verdadeiramente pertence a cada um deles."
"Pois, aprendi isto também por minha própria experiência – que, depois de todas as minhas vigílias, meus esforços, minhas orações e outros exercícios laboriosos, com os quais, quando
monge, me afligi a mim mesmo quase até à morte, a dúvida ainda permanecia e minha mente que me fez pensar desta maneira:
‘Quem sabe se essas coisas estejam agradando a Deus?’"
"Eu prego nada de novo, mas afirmo que todas as coisas que os cristãos possuem se arruinaram entre aqueles que deveriam tê-los conservado, a saber, os bispos e os doutores. No entanto, não
tenho dúvidas que a verdade permaneceu assim mesmo em alguns corações até agora… Camponeses pobres e crianças entendem a Cristo melhor que o papa, os bispos e os doutores."
"Peço que os homens não façam referência a meu nome e se chamam a si mesmos não de luteranos, mas de cristãos. Que é Lutero? Minha doutrina, estou certo, não é minha, nem tenho
sido crucificado por ninguém… Como então deveria eu, pobre e podre saco de vermes que sou, chegar a tal ponto em que seja dado aos filhos de Cristo um nome derivado de meu nome
imprestável?"
"Deus quer salvar-nos não pela interna, mas pela externa justiça e sabedoria, não por aquilo que vem e brota de nós, mas por aquilo que vem de outro lugar para dentro de nós, não pelo que
se origina em nossa terra, mas pelo que desce do céu. Cabe a nós, portanto, sermos instruídos numa justiça inteiramente externa e alheia. Por isso é necessário que a nossa própria justiça
interna seja desarraigada."
"Se alguém é sábio, justo e bom perante os homens em virtude de dons, que naturais, quer espirituais, ele não é, por causa disso, considerado como tal perante a Deus, sobretudo se ele se
considera como tal."
Fonte: Deixa Deus ser Deus, Philip S. Watson

A Reforma Luterana

Introdução

O movimento de reforma religiosa deve ser compreendido dentro de um quadro maior de transformações, que caracterizam a transição feudo capitalista. Durante a Baixa Idade Média, a Europa passou por um conjunto de transformações sociais econômicas e políticas, que permitiram a uma nova sociedade, questionar o comportamento do clero e a doutrina da Igreja.Fatores da Reforma:1) A crise interna à Igreja era caracterizada pelo comportamento imoral de parte do clero, situação que se desenvolvera por séculos, desde a Idade Média. A simonia era uma prática comum, secular, caracterizada pela venda de objetos considerados sagrados ou a venda de cargos religiosos. Os grandes senhores feudais compravam cargos eclesiásticos como forma de aumentar seu poder ou garantir uma fonte de renda para seus filhos, originando um processo conhecido como "investidura leiga", principalmente no Sacro Império. A preocupação com as questões materiais -- poder e riqueza- levou principalmente o alto clero a um maior distanciamento das preocupações religiosas ou mesmo de caráter moral. O nicolaísmo retrata um outro aspecto do desregramento moral do clero, a partir do qual o casamento de membros do clero levava-os a uma preocupação maior com os bens materiais, que seriam deixados em herança para os filhos e a partir daí determinavam o comportamento "mundano" dessa parcela do clero.2) A ascensão da burguesia, possuidora de uma nova mentalidade, vinculada a idéia de lucro e que encontrava na Igreja Católica um obstáculo. A Igreja desde a Idade Média procurava regular as atividades econômicas a partir de seus dogmas e nesse sentido condenava o lucro e a usura (empréstimo de dinheiro à juros) inibindo a atividade mercantil, burguesa. Vale lembrar que a burguesia européia nasce cristã e dessa forma passará a procurar uma forma de conciliar suas atividades econômicas e o ideal de lucro com sua fé.3) A ascensão do poder real; no século XVI formava-se ou consolidava-se o absolutismo em diversos países europeus e o controle da Igreja ou da religião passou a interessar aos reis como forma de ampliar ou legitimar seu poder, explicando a intolerância religiosa que marcará a Europa nos séculos seguintes. O melhor exemplo desse vínculo entre a nova forma de poder e a religião surgirá na Inglaterra com a criação de uma Igreja Nacional, subordinada a autoridade do Rei.4) A mentalidade renascentista refletiu o desenvolvimento de uma nova mentalidade, caracterizada pelo individualismo e pelo racionalismo e ao mesmo tempo permitiu o desenvolvimento do senso crítico, impensável até então, determinando um conjunto de críticas ao comportamento do clero.








Antecedentes:A Reforma do século XVI foi precedida por várias manifestações contrárias ao monopólio da Igreja sobre a religiosidade e contra o comportamento imoral do clero: as heresias medievais, a Querela das Investiduras, o Cisma do Oriente e os movimentos reformadores.Os principais precursores da Reforma foram John Wycliffe e Jan Huss.Wycliffe nasceu, viveu e estudou na Inglaterra no século XIV onde desenvolveu uma "teoria da comunidade invisível dos eleitos" e defendeu também a devolução dos bens eclesiásticos ao poder temporal, encarnado pelo soberano. Em 1381 defendeu em público a insurreição camponesa.Jan Huss nasceu em 1373 na Boêmia onde estudou, ordenou-se e adquiriu grande popularidade com seus sermões, marcados pela influência de Wycliffe, carregados de críticas aos abusos eclesiásticos. Suas críticas foram radicalizadas na obra De ecclesia (Sobre a Igreja). Condenado pelo Concílio de Constança, foi queimado em 1415.




Nasceu em 1483 na cidade de Eisleben. Iniciou os estudos de direito em 1505 e os abandonou no mesmo ano, trocando-o pela vida religiosa, sem o apoio do pai. Tornou-se monge e depois padre. Apesar de dedicado à Igreja, sempre esteve atormentado por duas grandes dúvidas: o poder da salvação atribuído a lugares santos e posteriormente a venda de indulgências.No inverno de 1510 -- 11 foi a Roma em missão de sua ordem e visitou lugares sacros; em um deles, para que uma alma se libertasse do purgatório, teve que recitar um pai nosso em latim a cada degrau da escada sagrada. Professor na Universidade de Wittenberg, fundada por Frederico da Saxônia, aprofundou seus estudos bíblicos e passou a acreditar que a Salvação não dependia do que as pessoas fizessem , mas daquilo em que acreditassem. Já não considerava Deus como um contador com quem devia barganhar, ou um juiz severo a ser aplacado com boas ações. Cristo viera para salvar os pecadores, a salvação não seria alcançada com esforços insignificantes mas com a fé no próprio Deus. Assim muitos dos princípios da Igreja pareceram irrelevantes e blasfemos à Lutero. Especialmente suspeitos eram: a noção de que Deus recompensa um cristão na proporção das orações, peregrinações ou contribuições; o culto dos santos e de suas relíquias e a venda de Indulgências.A venda de indulgências pode ser considerada como a gota dâ??água para o movimento reformador. No interior do Sacro Império, o pregador Johann Tetzel era o responsável pela venda do perdão; para ele não era preciso o arrependimento do comprador das indulgências para que elas fossem eficazes. Oficialmente Tetzel estava levantando fundos para a reconstrução da Basílica de São Pedro, em Roma, mas ao mesmo tempo estava a serviço do arcebispo de Mainz, endividado junto ao banco de Fugger.Esse foi o momento em que Lutero percebe que as críticas internas à Igreja não surtiriam efeito, aliás, críticas que eram feitas antes de 1517, quando publicou as "95 teses", tornando suas críticas publicas e tornando-se uma ameaça à Igreja de RomaPara Lutero a salvação era uma questão de FÉ e portanto dependia de cada fiel; a Igreja não era necessária, mas útil à salvação, sendo que as Escrituras Sagradas eram a única fonte de fé. Lutero preservou apenas dois sacramentos: o batismo e a comunhão, acreditando que na eucaristia havia a presença real de cristo, porém sem transubstanciação. O culto foi simplificado, com a instrução e comunhão, substituindo o latim pelo alemão.Lutero e seu tempoInício do século XVI. O Sacro Império abrange principalmente os Estados Germânicos, divididos em grandes Principados. Em seu interior predomina o trabalho servil na terra ao mesmo tempo em que algumas cidades vivem de um comércio próspero.Apesar do termo "Império", a situação esta longe da existência de um poder absolutista, ao contrário do que ocorre em Portugal e na Espanha.Em 1519, assumiu o trono Carlos V, que era rei dos Países Baixos desde 1515 e rei da Espanha desde 1516. Pretendendo unificar seus vastos domínios e a instaurar uma monarquia universal católica, o Imperador foi obrigado a enfrentar os príncipes germânicos, contrários a centralização do poder.As disputas políticas envolvendo a tendência centralizadora do imperador e os interesses dos príncipes foi uma constante desde a formação do Sacro Império, em . Esta situação de disputa política foi aproveitada por Lutero, que atraiu os Príncipes para suas idéias reformistas, na medida em que o imperador era católico, e por sua vez pretendia utilizar o apoio da Igreja Católica para reforçar sua autoridade. Parcela significativa da burguesia também apoiou as teorias de Lutero, que reforçava o individualismo.Fotos de História em Revista, A Emergência da Europa, Time-Life.

Pecadores sem maldição - Ricardo Gondim

Desde a adolescência, organizei minha vida com valores religiosos. Freqüentei e lecionei em escolas dominicais. Militei em grupos de jovens cristãos. Estudei em um instituto bíblico. Conheci bem os bastidores do mundo religioso, tanto no Brasil como nos Estados Unidos. Sincero e zeloso, sempre procurei cumprir as exigências de todas as instituições que participei. Se a igreja não permitia as mulheres cortarem o cabelo, briguei com a minha por aparar as franjas; se era pecado ir ao cinema, eu, que não aceitava essa proibição absurda, para evitar mau testemunho, viajava para longe se queria ver algum filme.
Relevei disparates, incoerências e hipocrisias eclesiásticas, porque considerava a causa de Cristo mais importante que as pessoas. Para não “escandalizar”, fazia vista grossa para comportamentos incompatíveis com a mensagem cristã. Abraçado às instituições, acabei conivente de mercenários, alguns intencionalmente cobiçosos. Justifiquei tolices argumentando que as pessoas eram minimamente sinceras. Nem sei como me iludi a ponto de dizer: “fulano faz bobagem, muita bobagem, mas é sincero”.
Cheguei a um tempo de vida, que algumas reivindicações da religião perderam o apelo. Com tantas decepções, deixei de acreditar na pretensa santidade dos religiosos. Considero piegas as pregações de que Deus exige uma santidade perfeita. Lembro imediatamente dos malabarismos que testemunhei que tentavam falsear tantas inadequações, dos jogos de esconde-esconde para não expor demagogias.
Jesus não conviveu com gente muito certinha. Ao contrário, ele os evitava e criticava. Chamou os austeros sacerdotes de sepulcros caiados, de cegos que guiam outros cegos, de hipócritas e, o mais grave, de condenarem os prosélitos a um duplo inferno. Cristo gostava da companhia dos pecadores, que lhe pareciam mais humanos.
Jesus alistou pessoas bem difíceis para serem apóstolos; Pedro era tempestivo; Tomé, hesitante; João, vingativo; Filipe, lento em compreender; Judas, ladrão. Acostumado com os freqüentadores de sinagoga e com os doutores da Lei, por que ele não buscou seguidores nesses círculos? Talvez, não entendesse santidade e perfeição como muitos.
Jesus aceitou que uma mulher de reputação duvidosa lhe derramasse perfume; elogiou a fé de um centurião romano, adorador de ídolos; não permitiu que apedrejassem uma adúltera para perdoá-la; mostrou-se surpreso com a determinação de uma Cananéia; prometeu o paraíso para um ladrão nos estertores da morte. Sabedor das exigências da lei, por que Jesus não mediu esforços ou palavras para enaltecer gente assim? Talvez, não entendesse santidade e perfeição como muitos.
Para Jesus, santidade não significava uma simples obediência de normas. Para ele, os atos não valem o mesmo que as intenções. Adultério não se restringe a sexo, mas tem a ver com valores que podem ou não gerar uma traição. O ódio que explode com ânsias de matar é mais grave do que o próprio homicídio. Para ele, portanto, pecado e santidade fazem parte das dimensões mais profundas do ser humano. Lá, naquele nascedouro, de onde brotam os primeiros filetes do que se transformará em um rio, forma-se o caráter. E santidade depende da estrutura do ser, com índole que gera as decisões.
Para Jesus, santidade se confunde com integridade; que deve ser compreendida como inteireza. As sombras, as faltas, as inadequações, os defeitos, bem como as luzes, as bondades, as grandezas, as virtudes, de cada um precisam ser encaradas sem medos, sem panacéias, sem eufemismos. Deus não requer vidas perfeitinhas, pois ele sabe que a estrutura humana é pó; não exige correção absoluta, pois para isso, teria que nos converter em anjos.
As prostitutas, que souberem lidar com faltas e defeitos com inteireza, precederão os sacerdotes bem compostos, mas que vivem de varrer as faltas para debaixo dos tapetes eclesiásticos. O samaritano, que traduziu humanidade em um gesto de solidariedade, é herói de uma parábola que descreve como herdar o céu. O tempestivo Pedro, que transpirava sinceridade, recebeu as chaves do Reino de Deus. A mulher, que fora possessa de sete demônios, anuncia a alvissareira notícia da ressurreição.
Os mandamentos e a lei só serviram para mostrar que para produzir humanidade não servem os legalismos. Integridade e santidade nascem do exercício constante de confrontar suas luzes e sombras trazendo-as diante de Deus e mesmo assim saber-se amado por Ele.
Soli Deo Gloria.

FONTE: http://www.ricardogondim.com.br/Artigos/artigos.info.asp?tp=61&sg=0&form_search=&pg=1&id=1999

UM CONVITE À DOCE REVOLUÇÃO - Caio Fábio

Meus irmãos,
Se vocês crêem no que estão lendo e ouvindo aqui neste site, e se crêem que é hora de nos manifestarmos sem alarde, porém com fé, acerca do que temos crido, conforme o Evangelho da Graça; e, se também crêem que pode ser este o tempo no qual o Espírito Santo possa estar querendo suscitar um fogo de arrependimento em nós, nos conduzindo de volta ao Evangelho de Jesus, então, de minha parte, fica aqui a sugestão de uma doce subversão de amor, e de uma gentil manifestação de provocação em fé.
Solicito a você que leia o texto que segue, e caso creia nos conteúdos por ele anunciados como sendo a alma e o espírito do Evangelho de Cristo, que o torne a sua Tese Reformada Contemporânea, e imprima-o de todos os modos que lhe sejam possíveis, podendo até ser que para alguns ele vire um banner, uma grande placa, ou um simples “pergaminho” com seu conteúdo, e que seja afixado nas portas de Igrejas, Seminários e Catedrais, bem como na porta de sua casa, ou onde quer que você tenha a chance de coloca-lo. Leia por favor. Se crer, faça o que lhe for possível. Até o último Domingo de fevereiro gostaria de ficar sabendo que ele foi afixado no máximo possível de igrejas e lugares de freqüência cristã. E mais: tal ato é seu. Portanto, não busque consentimento de ninguém. Também não vandalize nada. Seja discreto. Apenas pendure o sua bandeira na forma de uma tese de fé e vida na Graça de nosso Deus. O tamanho você decide. A quantidade também. Envie-me fotos de alguns desses lugares, pois quero colar tais fotos aqui no site.
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Artigo 1 - Fica decretado que agora não há mais nenhuma condenação para quem está em Jesus, pois, o Espírito da Vida em Cristo, livra o homem de toda culpa para sempre.
Artigo 2 - Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive os Sábados e Domingos, carregam consigo o amanhecer do Dia Chamado Hoje, por isso qualquer homem terá sempre mais valor que as obrigações de qualquer religião.
Artigo 3 - Fica decretado que a partir deste momento haverá videiras, e que seus vinhos podem ser bebidos; olivais, e que com seus azeites todos podem ser ungidos; mangueiras e mangas de todos os tipos, e que com elas todo homem pode se lambuzar.
Parágrafo do Momento: Todas as flores serão de esperança; pois que todas as cores, inclusive o preto, serão cores de esperança ante o olhar de quem souber apreciar. Nenhuma cor simbolizará mais o bem ou o mal, mas apenas seu próprio tom, pois, o que daí passar estará sempre no olhar de quem vê.
Artigo 4 - Fica decretado que o homem não julgará mais o homem, e que cada um respeitará seu próximo como o Rio Negro respeita suas diferenças com o Solimões, visto que com ele se encontra para correrem juntos o mesmo curso até o encontro com o Mar.
Parágrafo que nada pára: O homem dará liberdade ao homem assim como a águia dá liberdade para seu filhote voar.
Artigo 5 - Fica decretado que os homens estão livres e que nunca mais nenhum homem será diferente de outro homem por causa de qualquer Causa. Todas as mordaças serão transformadas em ataduras para que sejam curadas as feridas provocadas pela tirania do silêncio. A alegria do homem será o prazer de ser quem é para Aquele que o fez, e para todo aquele que encontre em seu caminhar.
Artigo 6 - Fica ordenado, por mais tempo que o tempo possa medir, que todos os povos da Terra serão um só povo, e que todos trarão as oferendas da Gratidão para a Praça da Nova Jerusalém.
Artigo 7 – Pelas virtudes da Cruz fica estabelecido que mesmo o mais injusto dos homens que se arrependa de seus maus caminhos, terá acesso à Arvore da Vida, por suas folhas será curado, e dela se alimentará por toda a eternidade.
Artigo 8 – Está decretado que pela força da Ressurreição nunca mais nenhum homem apresentará a Deus a culpa de outro homem, rogando com ódio as bênçãos da maldição. Pois todo escrito de dívidas que havia contra o homem foi rasgado, e assustados para sempre ficaram os acusadores da maldade.
Parágrafo único: Cada um aprenderá a cuidar em paz de seu próprio coração.
Artigo 9 – Fica permanentemente esclarecido, com a Luz do Sol da Justiça, que somente Deus sabe o que se passa na alma de um homem. Portanto, cada consciência saiba de si mesma diante de Deus, pois para sempre todas as coisas são lícitas, e a sabedoria será sempre saber o que convém.
Artigo 10 – Fica avisado ao mundo que os únicos trajes que vestem bem o homem diante de Deus não são feitos com pano, mas com Sangue; e que os que se vestem com as Roupas do Sangue estão cobertos mesmo quando andam nus.
Parágrafo certo: A única nudez que será castigada será a da presunção daquele que se pensa por si mesmo vestido.
Artigo 11 - Fica para sempre discernido como verdade que nada é belo sem amor, e que o olhar de quem não ama jamais enxergará qualquer beleza em nenhum lugar, nem mesmo no Paraíso ou no fundo do Mar.
Artigo 12 – Está permanentemente decretado o convívio entre todos os seres, por isso, nada é feio, nem mesmo fazer amizades com gorilas ou chamar de minha amiga a sucuri dos igapós. Até a “comigo ninguém pode” está liberta para ser somente a bela planta que é.
Parágrafo da vida: Uma única coisa está para sempre proibida: tentar ser quem não se é.
Artigo 13 - Fica ordenado que nunca mais se oferecerá nenhuma Graça em troca de nada, e que o dinheiro perderá qualquer importância nos cultos do homem. Os gasofilácios se transformarão em baús de boas recordações; e todo dinheiro em circulação será passado com tanta leveza e bondade que a mão esquerda não ficará sabendo o que a direita fez com ele.
Artigo 14 – Fica estabelecido que todo aquele que mentir em nome de Deus vomitará suas próprias mentiras, e delas se alimentará como o camelo, até que decida apenas glorificar a Deus com a verdade do coração.
Artigo 15 – Nunca mais ninguém usará a frase “Deus pensa”, pois, de uma vez e para sempre, está estabelecido que o homem não sabe o que Deus pensa.
Artigo 16- Estabelecido está que a Palavra de Deus não pode ser nem comprada e nem vendida, pois cada um aprenderá que a Palavra é livre como o Vento e poderosa como o Mar.
Artigo 17 – Permite-se para sempre que onde quer que dois ou três invoquem o Nome em harmonia, nesse lugar nasça uma Catedral, mesmo que esteja coberta pelas folhas de um bananal.
Artigo 18 - Fica proibido o uso do Nome de Jesus por qualquer homem que o faça para exercer poder sobre seu próximo; e que melhor que a insinceridade é o silencio. Daqui para frente nenhum homem dirá “o Senhor me falou para dizer isto a ti”, pois, Deus mesmo falará à consciência de cada um. Todos os homens e mulheres que crêem serão iguais, e ninguém jamais demandará do próximo submissão, mas apenas reconhecerá o seu direito de livremente ser e amar.
Artigo 19 – Fica permitido o delírio dos profetas e todas as utopias estão agora instituídas como a mais pura realidade.
Artigo 20 - Amém!

Caio e tantos quantos creiam que uma revolução não precisa ser sem poesia.
FONTE: http://www.caiofabio.com/novo/caiofabio/news.asp?CodigoNews=00015

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

SÃO PAULO O MAIS QUERIDO

Mascote do São Paulo Futebol Clube, feito para a exposição “Gigantes do Penta”, em cartaz na loja da Reebok do estádio do Morumbi (ver postagem do dia 12/05/2008).
http://baptistao.zip.net/

Calvin & Haroldo


O Caderno - Pe Fábio de Melo (pense nisso...)



Sou eu quem vou seguir você
do primeiro rabisco até o bê-a-bá
em todos os desenhos coloridos vou estar
a casa, a montanha, duas nuvens no céu
e um sol a sorrir no papel
Sou eu que vou ser seu colega,
seus problemas ajudar a resolver
lhe acompanhar nas provas bimestrais, você vai ver
Serei de você confidente fiel,
se seu pranto molhar meu papel
Sou eu que vou ser seu amigo,
Vou lhe dar abrigo, se você quiser
Quando surgirem seus primeiros raios de mulher
A vida se abrirá num feroz carrossel
E você vai rasgar meu papel
O que está escrito em mim comigo
Ficará guardado, se lhe dá prazer
A vida segue sempre em frente, o que se há de fazer
Só peço a você um favor, se puder
Não me esqueça num canto qualquer
[MENSAGEM]
Eu não sei se você se recorda do seu primeiro caderno, eu me recordo do meu.
Com ele eu aprendi muita coisa, foi nele que eu descobri que a experiência dos erros
Ela é tão importante quanto às experiências dos acertos
Porque vistos de um jeito certo, os erros,
Eles nos preparam para nossas vitórias e conquistas futuras
Porque não há aprendizado na vida que não passe pelas experiências dos erros
O caderno é uma metáfora da vida,
Quando os erros cometidos eram demais, eu me recordo,
Que a nossa professora nos sugeria que agente virasse a página.
Era um jeito interessante de descobrir a graça que há nos recomeços.
Ao virar a página, os erros cometidos deixavam de nos incomodar e a partir deles,
Agente seguia um pouco mais crescido.
O caderno nos ensina que erros não precisam ser fontes de castigos.
Erros podem ser fontes de virtudes!
Na vida é a mesma coisa, o erro tem que estar à serviço do aprendizado;
Ele não tem que ser fonte de culpas e vergonhas.
Nenhum ser humano pode ser verdadeiramente grande
sem que seja capaz de reconhecer os erros que cometeu na vida.
Uma coisa é agente se arrepender do que fez! Outra coisa é agente se sentir culpado.
Culpas nos paralisam. Arrependimentos não!
Eles nos lançam pra frente, nos ajudam a corrigir os erros cometidos.
Deus é semelhante ao caderno.
Ele nos permite os erros pra que agente aprenda a fazer do jeito certo.
Você tem errado muito?
Não importa, aceite de Deus essa nova página de vida que tem nome de hoje!
Recorde-se das lições do seu primeiro caderno.
Quando os erros são demais, vire a página!
[FINAL]
O que está escrito em mim comigo
Ficará guardado, se lhe dá prazer
A vida segue sempre em frente, o que se há de fazer
Só peço a você um favor, se puder
Não me esqueça num canto qualquer


quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Pastor, que homem é esse?

Uma reflexão...
Pastor, que homem é esse?
Jair Souza LealPublicado em 05.09.2008no Sítio: www.institutojetro.com
O pastor é um soldado em combate. Ele vive cercado de inimigos por todos os lados, inimigos gigantes.Cercado por dentro. Ele tem de lutar contra os próprios medos, os próprios pecados, as próprias fraquezas, desejos e angústias. Tem de lutar contra a solidão, lugar para qual muitas vezes é levado pela posição que ocupa. Tem de lutar contra a própria insensatez, impaciência e incompetência. Tem de lutar contra as necessidades materiais, conjugais e familiares.Cercado à esquerda. Ele tem de lutar contra as vãs filosofias e sutilezas malignas que adentram o rebanho para dispersar as ovelhas, confundir, corromper e distorcer a verdade, à qual tem por missão defender. Ele tem de lutar contra os falsos ensinos, que mantêm as pessoas que precisa alcançar prisioneiras do engano.Cercado à direita. Ele tem de lutar contra a ingratidão do povo, a incompreensão e a crítica (característica comum daqueles por quem está dando o sangue).Cercado por trás. Ele tem de se defender dos companheiros que, apesar de estarem na mesma frente de batalha, atacam-lhe pelas costas como se inimigos fossem.Cercado na frente. Ele tem de lutar contra os prazeres que o mundo oferece para seduzir as pessoas, pois a sua missão é cuidar, defender e resgatá-las. Ele tem de enfrentar ainda a indiferença, a apatia e a falta de entusiasmo dessas pessoas para com as coisas de Deus e tentar motivá-las.Cercado por baixo. Ele tem de lutar contra o diabo e as suas hostes malignas, que fazem oposição a Deus e à Sua obra; a qual foi constituído fiel depositário.Como se não bastasse a luta, esse homem é cobrado por Deus, pela sociedade, pela sua denominação, pelo seu rebanho, pelos colegas de ministério, pela família e até por si próprio.Este homem não pode esperar recompensas enquanto batalha. Ele sabe que só será recompensado após o fim da guerra, quando encontrar pessoalmente com o seu General. Quem pode suportar tamanha luta, tamanhos inimigos, tamanha pressão? Quem é suficiente para essa batalha?Eclesiastes 9:10 diz: "Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças". Mas esse homem sabe que a missão que lhe foi confiada por Deus está muito além das suas forças.Ele tem consciência que, como Davi, sozinho, jamais poderá vencer o gigante que amedronta todo o exército; só poderá vencer se for na força do Senhor.Então, o pastor é um soldado valente, porém, fraco. Ele está cônscio das próprias limitações; mais do que qualquer outra pessoa. Mas, como Paulo, o apóstolo, sabe que o poder de Deus se manifesta e se aperfeiçoa na sua fraqueza.Por isso, toda a sua força é extraída exclusivamente da graça que há em Cristo. Apegado a essa graça ele sofre todas as aflições, como bom soldado, na certeza de que um dia triunfará, marchando vitorioso ao lado do seu General.

O inacabado que há em mim - Pe. Fábio de Melo

O inacabado que há em mim
Eu me experimento inacabado. Da obra, o rascunho. Do gesto, o que não termina. Sou como o rio em processo de vir a ser. A confluência de outras águas e o encontro com filhos de outras nascentes o tornam outro. O rio é a mistura de pequenos encontros. Eu sou feito de águas, muitas águas. Também recebo afluentes e com eles me transformo,O que sai de mim cada vez que amo? O que em mim acontece quando me deparo com a dor que não é minha, mas que pela força do olhar que me fita vem morar em mim? Eu me transformo em outros? Eu vivo para saber. O que do outro recebo leva tempo para ser decifrado. O que sei é que a vida me afeta com seu poder de vivência. Empurra-me para reações inusitadas, tão cheias de sentidos ocultos. Cultivo em mim o acúmulo de muitos mundos. Por vezes o cansaço me faz querer parar. Sensação de que já vivi mais do que meu coração suporta. Os encontros são muitos; as pessoas também. As chegadas e partidas se misturam e confundem o coração. É nesta hora em que me pego alimentando sonhos de cotidianos estreitos, previsíveis.Mas quando me enxergo na perspectiva de selar o passaporte e cancelar as saídas, eis que me aproximo de uma tristeza infértil. Melhor mesmo é continuar na esperança confluências futuras. Viver para sorver os novos rios que virão. Eu sou inacabado. Preciso continuar.Se a mim for concedido o direito de pausas repositoras, então já anuncio que eu continuo na vida. A trama de minha criatividade depende deste contraste, deste inacabado que há em mim. Um dia sou multidão; no outro sou solidão. Não quero ser multidão todo dia. Num dia experimento o frescor da amizade; no outro a febre que me faz querer ser só. Eu sou assim. Sem culpas.
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sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Por Que Não Voto em Candidatos Evangélicos

Uma análise sobre o envolvimento dos cristãos bíblicos com a política. "Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra" [2 Timóteo 2:4]
Autor: Humberto Fontes (setembro de 2008)
Podem achar que é radicalismo da minha parte, que sou retrógrado, alienado político ou o que for; mas não voto em candidato algum já há algum tempo, anulando meu voto, pois não vejo ninguém digno de ser eleito neste país, tendo em vista tanta corrupção que presenciamos. "Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do SENHOR!" [Jeremias 17:5].
Acima de tudo, como sou um cristão bíblico, não vejo qualquer base para participar do sistema corrupto deste mundo, que jaz no maligno, pois: "Sabemos que somos de Deus, e que todo o mundo está no maligno." [1 João 5:19]. Diante disto, mesmo sendo crente, NÃO VOTO EM EVANGÉLICO!
Devemos nos lembrar que, como igreja: "... a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo." [Filipenses 3:20].
Temos de votar por obrigação legal; mas, creio que o crente não deve tomar parte na política, sob nenhuma forma, nem elegendo os oportunistas e muito menos sendo candidato: "Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele." [1 João 2:15].
Sabemos que Deus é quem coloca as autoridades no poder (Daniel 2:21; Romanos 13:1-2) e, sendo assim, Sua vontade é perfeita e nosso voto não vai mudar ou melhorar as coisas, pois a Bíblia nos mostra que este mundo não vai melhorar. Pelo contrário, só vai piorar, pois: "... os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados." [2 Timóteo 3:13]. Infelizmente, a igreja também irá de mal a pior, porque: "O Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios." [1 Timóteo 4:1].
Um dos motivos que me levam a escrever sobre este tema tão polêmico é devido ao fato de eu já ter passado por um problema envolvendo política, em uma igreja, na qual minha esposa e eu congregávamos. Na ocasião, foram arrecadados, pelos irmãos, vários brinquedos para serem doados a uma comunidade carente.
Para a nossa surpresa e espanto, no dia da entrega dos presentes às crianças, o “pastor” e sua família compareceram vestidos com a camisa de uma candidata ao cargo de Vereador (que, pasmem, era a própria esposa do “pastor”!), transmitindo à comunidade, a “mensagem subliminar” de que quem estava doando os brinquedos era a tal candidata e não a igreja. Aquilo foi um verdadeiro TERROR!
Mesmo se eu votasse em alguém, JAMAIS VOTARIA EM EVANGÉLICOS para ocuparem cargos políticos (muito menos em pastores!), pois é sabido que o poder corrompe e crente não deve participar desse jugo desigual: "Nenhum servo pode servir dois senhores; porque, ou há de odiar um e amar o outro, ou se há de chegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom." [Lucas 16:13].
Os exemplos que já tivemos de políticos evangélicos foram escandalosos demais (deputados sanguessugas, ambulâncias superfaturadas, dinheiro escondido na cueca de certos políticos-bispos, até malas cheias de dinheiros provenientes dos dízimos dos fiéis, etc.) e não quero ser cúmplice desses escândalos e nem vê-los repetidos. Como diz um famoso âncora de notícias: “Isto é uma vergonha!”
Esses políticos causaram escândalos ao evangelho e ao nome Santo do Senhor, comprovando que aqueles que neles confiaram, foram ludibriados. A Bíblia diz: "Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem!" [Mateus 18:7].
Mas, se mesmo assim, algum evangélico pretende concorrer nas eleições, como uma atividade secular, que faça isso sem confundir as coisas; isto é, sem misturar seus interesses políticos (por melhores que sejam) com o Corpo de Cristo, a igreja.
Quando o candidato é um pastor, a complicação é ainda maior. É absolutamente impressionante a quantidade de pastores concorrendo aos cargos eletivos nas eleições deste ano. Não quero favorecer os oportunistas, "Porque os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples." [Romanos 16:18].
Como se não bastasse o fato de o meio político ser corrupto e ser um jugo desigual (não sendo, portanto, lugar para um crente), as responsabilidades pastorais não são pequenas, de forma que é ridículo um pastor pensar que conseguirá conciliar seu ministério com o desempenho de funções políticas. A Bíblia assim nos exorta: "Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel?” [2 Coríntios 6:14-15]. [1]
Visto que o desempenho de cargos políticos é, na maioria das vezes, visando um bom salário (e o enriquecimento freqüentemente ilícito), vantagens pessoais, tráfico de influência e prestígio social (além de 'poder'), é bom lembrarmos que "Convém que o bispo [pastor] seja irrepreensível, como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância." [Tito 1:7; ênfase adicionada].
A Bíblia nos mostra vários deveres dos pastores, dentre eles: "Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina... sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério." [2 Timóteo 4:2, 5]. Diante disso, acho difícil sobrar tempo para comícios, campanha, trabalhos políticos, etc.
Em minha cidade, há um certo pastor e candidato a vereador que, quando se apresenta no horário eleitoral gratuito, usa a seguinte vinheta: "Tenho uma visão celestial" (sic). Dá para acreditar em um sujeito desses?.
Outros candidatos, durante a propaganda eleitoral, declaram ser evangélicos e usam a igreja, a religião, a boa fé dos irmãos e, ainda por cima, o nome Santo de Jesus Cristo, para pedir votos. Quanta blasfêmia!
Outros candidatos freqüentam várias igrejas durante o período das eleições, em horários de culto (de preferência se a igreja estiver cheia!), para conseguirem ocupar os púlpitos e fazerem suas campanhas. E o pior é que existem pastores que cedem seus púlpitos para esse “fim” (É realmente o fim!).
Somos chamados por Deus para anunciar o evangelho e não para participar do sistema político corrupto deste mundo. A Bíblia diz: "Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus." [Tiago 4:4].
Muitos candidatos evangélicos se dizem preocupados com as questões sociais, como a miséria, a fome, a necessidade de moradia, educação e outras palavras da moda, tão comuns em épocas de eleição. Mas, no que muitos crêem, na verdade, é no “evangelho social”. Pensam que é encargo da igreja acabar com a pobreza do povo, alimentar os pobres, etc.
Como nos diz T. A. McMahon, na TBC 9/2008: “A história do Evangelho Social é, em quase cada caso, uma séria tentativa dos cristãos para fazerem o que eles supõem que honrará a Deus e beneficiará a humanidade. Em cada caso, porém, a realização prática de 'beneficiar a humanidade' tem comprometido a fé bíblica e desonrado a Deus. Por quê? Porque Deus não deu à igreja a comissão de resolver os problemas do mundo. Os que tentam fazê-lo, resvalam na falsa premissa, conforme Provérbios 14:12: 'Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.' Além disso, os problemas do mundo são apenas um sintoma da raiz chamada PECADO. [3]
Quando Judas Iscariotes viu Maria ungir os pés de Jesus, com um arrátel de ungüento de nardo puro, pensando no valor daquele perfume exótico, hipocritamente sugeriu que teria sido melhor vender o produto para dar o dinheiro aos pobres. Mas o Senhor Jesus respondeu: "Os pobres sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre me tendes" [João 12:8], mostrando que a pobreza sempre existirá.
Não estou dizendo que devamos nos omitir na ajuda aos pobres e em fazer caridade. Embora as boas obras e a caridade não salvem, elas são demonstrações de amor ao próximo e evidências exteriores (2 Pedro 1:5-9) de que a pessoa é convertida ao Senhor Jesus Cristo. Mas, não devemos confundir as coisas!
A missão da igreja é EVANGELIZAR (Mateus 28:19; Marcos 16:15) e não pensar que vai erradicar a pobreza do mundo e resolver os problemas sociais (como vem propondo Rick Warren, com seu ecumênico plano P.E.A.C.E.), fazendo dessas questões sua meta principal; pois esta é tarefa do governo e não da igreja. Como igreja, temos a solução para os problemas da alma, que é o alimento espiritual (o evangelho, que sacia a fome espiritual) e não para os problemas do corpo (fome material)! Além disso, o maior problema da humanidade é o PECADO, que é a causa das injustiças sociais, desigualdades e a fome! [2]
Nunca vi tantos candidatos evangélicos como nas eleições deste ano. É lamentável! A maioria deles provém de denominações pentecostais ou carismáticas. Eles, equivocadamente, crêem que os cristãos têm a missão de conquistar o Brasil (e o mundo!) para Cristo.
Crêem que "... a ‘verdadeira igreja’ seria reconstruída, nos últimos tempos, sob a liderança de um novo grupo de 'profetas e apóstolos’, que se caracterizariam pela utilização dos sinais e maravilhas restaurados e que essa igreja (apóstata, diga-se de passagem!), reconstruída dos últimos tempos, prepararia então a Terra para o Rei Jesus Cristo, que governaria (somente então) o mundo." [4].
Além disso, eles acham que atingirão esse objetivo mais facilmente se ocuparem os cargos governamentais; pois, segundo eles, somente quando o mundo for conquistado pela igreja é que Jesus Cristo retornará.
Essa crença, totalmente sem base nas Escrituras, provém do catolicismo romano, sendo conhecida como "Teologia Reconstrucionista" ou "Teologia do Domínio" que, dentre outras coisas, diz que: "Jesus Cristo não poderá retornar à Terra, até que a igreja tenha retomado o domínio, obtendo o controle das instituições governamentais e sociais". (Al Dager, Vengeance is Ours; The Church in Dominion") [Nota: O Dominionismo está contribuindo para a implantação da agenda global do Anticristo.] [5]
Eles acham que haverá um grande reavivamento nos últimos tempos e, somente então, o Senhor retornará. No entanto, a Bíblia diz exatamente o oposto: "... Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?" [Lucas 18:8].
Em vez de um grande reavivamento, haverá nos últimos tempos a grande apostasia, logo após a qual, surgirá o maior político de todos os tempos (o anticristo – Veja Apocalipse 13:1-10), para governar este mundo. Paulo disse: "Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição." [2 Tessalonicenses 2:3]. A igreja já terá sido arrebatada nesta ocasião. Mas, quem sabe, os políticos evangélicos poderão, finalmente, governar junto com o anticristo no governo mundial? Que Deus tenha misericórdia deles!
Na Bíblia, lemos também que, quando os fariseus quiseram surpreender Jesus Cristo, em alguma palavra, eles O indagaram sobre questões políticas, especificamente sobre a pesada tributação que era devida ao governo romano; ao que Ele respondeu: "Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus." [Mateus 22:21].
Jesus Cristo deixou muito clara Sua posição quanto à importância da total separação entre a política e as questões espirituais (Estado X igreja), mostrando que todos devem se submeter ao governo, mesmo com toda a opressão e carga tributária impostas na época (tanto por parte dos romanos, quanto por parte dos escribas e fariseus).
Quando Pilatos confrontou politicamente Jesus Cristo, este lhe respondeu: "O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui." [João 18:36].
Quem gosta de união entre igreja e Estado é a Igreja Católica Romana, uma variedade de cristianismo que não se sacia nunca com o poder secular, sendo, inclusive, um país (o Vaticano) e, se preciso, lança mão das armas para calar seus opositores, como nos mostra a história. (Veja a história das Cruzadas, a Inquisição, o Holocausto, a Sociedade dos Jesuítas, etc.).
Paulo, também, nos diz que, além de obedecermos às autoridades, temos de honrar nossas obrigações, impostos e tributos: "Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra." [Romanos 13:7]. É triste dizer, mas muitos cristãos também estão em falha aqui, por causa do envididamento em suas vidas pessoais.
Como é Deus quem coloca as autoridades no poder (Daniel 2:21), precisamos nos sujeitar às mesmas: "Toda a alma esteja sujeita às potestades superiores; porque não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por Deus. Por isso quem resiste à potestade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação." [Romanos 13:1-2]. Devemos também respeitar os governantes e obedecer às leis do país (Romanos 13:3; Tito 3:1; 1 Pedro 2:17), desde que elas não sejam contrárias à Palavra de Deus, que é nossa lei máxima.
Devemos nos lembrar que mesmo que tenhamos governantes corruptos, desonestos, ditadores, descrentes, etc., Deus é soberano e todas as coisas que acontecem no mundo cumprem Seus planos, mesmo quando os ímpios estão no poder. A Bíblia nos mostra isso claramente e a história também o confirma! Mesmo quando os maiores tiranos perseguiram o povo de Deus (seja na época do Antigo Testametno, com Israel, ou no Novo Testamento, com os crentes/igreja), sempre prevaleceram os desígnios do Senhor (veja o caso do próprio Satanás, do Faraó do Egito no tempo do Êxodo, de Saul, Hamã, Herodes, Hitler, o Vaticano com suas Cruzadas e a Inquisição, etc.).
Mesmo com toda a perseguição que houver contra a igreja, podemos ficar tranqüilos, pois: "... as portas do inferno não prevalecerão contra ela." [Mateus 16:18]. Em muitos casos, foi nos momentos de maior perseguição contra a igreja que o evangelho mais se difundiu.
Com a perseguição aos primeiros cristãos, o evangelho foi propagado por vários lugares: "Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra." [Atos 8:4]. A conseqüência foi: "E a mão do Senhor era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor." [Atos 11:21].
Sendo boas ou más as autoridades, a Bíblia nos exorta a orarmos por elas, para que tenhamos tempos de paz: "Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens; pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade." [1 Timóteo 2:1-2; ênfase adicionada].
Mas, se mesmo assim, as perseguições vierem contra nós, devido a governos tiranos, devemos nos consolar com o que disse o apóstolo Paulo: "E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições." [2 Timóteo 3:12].
Faço minhas as palavras do autor cristão Dave Hunt: "A igreja primitiva não fazia alianças com os apóstatas, hereges e não cristãos, nem mesmo em causas aparentemente louváveis. Não há tempo a perder e precisamos escolher nossas prioridades. Vamos gastar nosso tempo e recursos em parceria com o mundo, na política e na ação social, ou vamos pregar o evangelho, batalhando diligentemente pela fé? Do Gênesis até o Apocalipse, somos instruídos a permanecer fiéis, seguindo o Senhor, com um coração puro, jamais nos desviando do caminho estreito. O mandamento de Cristo para cada cristão é: 'Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.' Suas ordens são para cada cristão marchar." [6]
Não adianta alguém mostrar exemplos do Antigo Testamento, como José, Davi, Salomão, Daniel, etc., que estiveram em evidência ao ocuparem cargos públicos em suas épocas; esses exemplos dizem respeito a Israel, que era uma nação teocrática, e não à igreja (Filipenses 3:20) e, portanto, não servem de desculpas para os evangélicos ocuparem cargos políticos em nosso tempo.
É bom nos lembrarmos que em Salmos 144:15, a Bíblia diz: "Bem-aventurado é o povo cujo Deus é o Senhor" e não "Bem-aventurado é o povo cujos governantes são evangélicos!"
Por fim, não nos esqueçamos que: "A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo." [Tiago 1:27].
Leia também: "A Prudência Cristã Diante da Política e do Poder" (disponível na área restrita aos assinantes)
Notas Finais:
1. Para ter uma noção desses que servem a dois senhores (a igreja e o Estado), leia alguns artigos do seguinte blog, que mostra o resultado do envolvimento de alguns pastores com o governo atual e o resultado desse casamento em jugo desigual:http://www.horadaverdade.com/blogdopastor/index.php?serendipity%5Baction%5D=search&serendipity%5BsearchTerm%5D=silas+malafaia
2. Mac Dominick, série de artigos "Pragmatismo na Igreja" em que o autor analisa os planos de Rick Warren; disponível em: http://www.espada.eti.br/pragmatismo.htm
3. T. A. McMahon, TBC de setembro de 2008: "The Shameful Social Gospel" (O Vergonhoso Evangelho Social), tradução de Mary Schultze, disponível em: http://www.cpr.org.br/Mary.htm
4. Mac Dominick, no artigo “Pragmatismo na Igreja: Uma Religião Orientada Para Resultados e Que Abre a Porta Para o Anticristo - Uma Apostasia com Propósitos”, Capítulo 5: O Movimento Carismático, disponível em: http://www.espada.eti.br/n1506cap-5.asp
5. Sarah Leslie, artigo: "O Dominionismo e a Ascensão do Imperialismo Cristão", tradução de Mary Schultze, disponível em: http://www.cpr.org.br/dominionismo.htm.
6. Dave Hunt, TBC de julho de 2008: "In the Name of Jesus", tradução de Mary Schultze, disponível em: http://www.cpr.org.br/em_o_nome_de_jesus.htm
Autor: Humberto Fontes - humbertoetania@globo.comData da publicação: 3/10/2008A Espada do Espírito: http://www.espada.eti.br/politica.asp