Teologia, Bíblia, Fotos, Causos, Futebol, Música, ...
quinta-feira, 22 de maio de 2008
O seu pastor é ético?Renato Vargens
O seu pastor é ético? - Renato Vargens
O portal Elnet formulou uma pesquisa cujo título era: “O seu pastor é ético?” 5008 pessoas participaram da pesquisa que trouxe o seguinte resultado:
Não tenho como avaliar – 4.4 %
Sim, em todas as atividades da igreja – 22.3 %
Sim, em apenas algumas atividades da igreja – 34.1 %
Não, ele é completamente antiético – 1.7 %
Não, porque ele transparece falta de ética em algumas atividades – 37.6 %
O resultado desta pesquisa deixou-me angustiado, até porque, parte-se pelo pressuposto que pastores que conduzem o rebanho de Cristo deveriam ser honestos, no entanto o que percebemos é que alguns destes líderes são considerados pelo povo de Deus como pessoas sem nenhuma ética.
Há pouco tempo, ouvi a história de um crente que ao ser reprovado no exame de uma auto-escola, recebeu a proposta por parte do examinador de pagar por fora R$ 50, 00, a fim de que o exame fosse refeito. Tal “irmão” sem titubeios prontamente aceitou, dizendo ser aquilo a uma grande benção de Deus, afinal de contas o que importa é não perder.Diante deste triste relato sou obrigado a lhe perguntar: Será que os fins justificam os meios? Será que devemos dar um “jeitinho” em tudo para atingirmos os nossos objetivos? Será que sempre tenho que ganhar alguma coisa? Ora, claro que não. Entretanto, essa sociedade encontra-se tão adoecida, que práticas como esta, se entranharam em nossos hábitos e costumes, fazendo-nos achar que não existe nenhum mal em subornar alguém. Junta-se a isso o fato de que as relações interpessoais são egoístas, manipuladores e utilitárias. Na verdade, parece que vivemos debaixo de uma síndrome, onde o que é importa é prevalecer sobre o outro, independente de que pra isso precisemos atropelar conceitos, princípios e vidas.
Ora, neste tupiniquim país, percebe-se a olhos vistos que o número daqueles que se consideram evangélicos é a cada dia mais elevado. Entretanto, sou obrigado a confessar que boa parte destes que freqüentam ou dirigem os nossos cultos não tiveram uma genuína experiência de conversão. Na verdade, tais pessoas, movidas por um misticismo exacerbado, além de uma fé fundamentada no hedonismo, procuram em Deus as bênçãos que tanto necessitam, pregando um Cristo serviçal onde o que interessa é satisfazer suas necessidades pessoais.
Infelizmente em alguns lugares deste imenso país ser crente virou moda. Isto porque, artistas, modelos e jogadores de futebol, além de socialites e emergentes, descobriram na fé cristã um tipo de amuleto pelo qual podem ser protegidos da inveja e do mal. Infelizmente, disciplina, oração e santidade não fazem parte da práxis de vida de muitos, aliás, para estes, Deus não passa de um galardoador, ou interventor, o qual mediante as orações determinantes submete-se a vontade de seus filhos atendendo todos os seus “decretos” instantaneamente.
Como afirma J.I Packer, a igreja necessita urgentemente recuperar a visão correta da vocação pastoral. Além disso é também indispensável que entendamos que Cristo fez dos pastores guias espirituais, homens qualificados por Ele, capazes de conduzir o rebanho sedento de pastores-pastores, que, com amor e compaixão, consagraram seu tempo para ouvir o clamor de almas cansadas, aflitas, ovelhas que estão em busca de orientação espiritual e transformação.
Soli Deo Gloria!
Renato Vargens
VEJA MAIS SOBRE A MATÉRIA NO LINK http://renatovargens.blogspot.com/2008/05/o-seu-pastor-tico-o-portal-elnet.html
OS HOMENS SÃO PREDESTINADOS POR DEUS?
Os Homens São Predestinados por Deus?
por
Tomás de Aquino
por
Tomás de Aquino
Artigo 1OS HOMENS SÃO PREDESTINADOS POR DEUS? QUANTO AO PRIMEIRO ARTIGO ASSIM SE PROCEDE:1. Com efeito, Damasceno escreve: “É preciso saber que Deus tudo prevê, mas não predetermina tudo. Prevê o que há em nós, mas não o predetermina”. Ora, os méritos ou os deméritos humanos estão em nós, na medida em que somos senhores de nossos atos pelo livre-arbítrio. Logo, o que é objeto de mérito ou de demérito não é predestinado por Deus. E assim desaparece a predestinação dos homens.
2. ALÉM DISSO, como acima foi dito, todas as criaturas são ordenadas a seu próprio fim pela providência divina. Ora, das outras criaturas não se diz que sejam predestinadas por Deus. Logo, nem os homens.
3. ADEMAIS, os anjos são tão capazes de bem aventurança quanto os homens. Ora, não parece que corresponda aos anjos ser predestinados; com efeito, entre eles nunca houve miséria, ao passo que a predestinação é um projeto de misericórdia, segundo Agostinho. Logo, os homens não são predestinados.
4. ADEMAIS, OS benefícios concedidos por Deus aos homens são revelados aos santos pelo Espírito Santo, segundo o Apóstolo na Carta aos Coríntios: “Quanto a nós, não recebemos o espírito deste mundo, mas o Espírito que é de Deus, a fim de conhecermos o que nos foi dado por Deus”. Logo, se os homens fossem predestinados por Deus, uma vez que a predestinação é um benefício de Deus, os predestinados conheceriam sua predestinação. O que evidentemente é falso.
EM SENTIDO CONTRÁRIO, lê-se na Carta aos Romanos: “Os que predestinou, também os chamou”.
RESPONDO.
Convém que Deus predestine os homens. Todas as coisas estão sujeitas à providência divina, como acima se demonstrou. E é próprio à providência ordenar as coisas para o fim, como foi dito. Ora, o fim ao qual ordena suas criaturas é duplo. Um ultrapassa a medida e a capacidade da natureza criada: e este fim é a vida eterna, que consiste na visão divina; e está acima da natureza de qualquer criatura, como acima se estabeleceu. Outro fim é proporcional à natureza criada: e este a criatura pode atingir pelo poder de sua natureza. Ora, o que não se pode alcançar com o poder de sua natureza, é necessário que seja transmitido por um outro: como a flecha é lançada para o alvo pelo arqueiro. Por isso, para falar com exatidão, a criatura racional, que é capaz da vida eterna, é para ela conduzida como que transportada por Deus. E a razão dessa ação divina preexiste em Deus, assim como existe nele a razão da ordem de todas as coisas ao fim, que chamamos de providência. Ora, a razão de algo a fazer existente na mente de seu autor é uma espécie de preexistência nele desta coisa a fazer. Eis por que a razão de conduzir a criatura racional ao fim, à vida eterna, é chamada predestinação; pois destinar é enviar. E assim evidente que a predestinação, quanto a seu objeto, é parte da providência.
QUANTO AO 1°, portanto, deve-se dizer que Damasceno chama predeterminação a uma necessidade imposta, como acontece nas coisas naturais, que são predeterminadas a agir de uma única maneira. O que fica evidente pelo que diz em seguida: “Não quer a maldade e nem força a virtude”. Logo, não exclui a predestinação.
QUANTO AO 2°, deve-se dizer que as criaturas irracionais não são capazes daquele fim, que ultrapassa a capacidade da natureza humana. Por esse motivo, não se pode dizer que são propriamente predestinadas, ainda que às vezes predestinação se aplique abusivamente a qualquer outro fim.
QUANTO AO 3°, deve-se dizer que ser predestinado convém aos anjos como também aos homens, ainda que nunca tenham sido miseráveis. O movimento não é especificado pelo termo de onde parte, mas pelo termo para o qual tende. Não importa à razão de branquear que o que se torna branco tenha sido negro, amarelo ou vermelho. Assim também, nada importa à razão de predestinação que alguém seja predestinado à vida eterna a partir ou não de um estado de miséria. — Aliás, pode-se dizer que toda concessão de um bem superior à dívida daquele a quem se concede, pertence à misericórdia, como foi dito acima.
QUANTO AO 4°, deve-se dizer que ainda que a própria predestinação seja revelada a alguns por um privilégio especial, entretanto, não convém seja revelada a todos; pois neste caso os não-predestinados cairiam no desespero e a segurança de ser predestinado geraria negligência.
Não me odeie porque sou Arminiano
Não Me Odeie Porque Sou Arminiano
Roger E. Olson
Christianity Today, 6 de setembro de 1999
Meus amigos reformados algums vezes me tratam como inimigo, mas na verdade precisamos uns dos outros.
Durante os grandes avivamentos do século dezoito, John Wesley e George Whitefield pararam de cooperar um com o outro devido às suas diferentes crenças acerca da predestinação. E embora eles finalmente se reconciliaram, sua divergência persiste em debates ocasionais de evangélicos americanos sobre a soberania de Deus e as doutrinas da eleição e do livre-arbítrio.
Apesar desta história, a aliança evangélica pós-segunda guerra mundial mantém juntos crentes calvinistas e arminianos dentro de um grande movimento. Pelo menos há tanto igrejas membros da Associação Nacional de Evangélicos arminianas em sua orientação teológica quanto reformadas.
Mas agora, sinais de grande tensão dentro da aliança estão aparecendo, incluindo uma nova estridência e agressividade da parte de teólogos em alguns círculos reformados mais conservadores. Como um inveterado arminiano assim como evangélico, e como alguém que se preocupa profundamente com a unidade da comunidade evangélica, acho que isto é muito lastimoso.
Alguns destes teólogos acham que o evangelicalismo enfrenta uma crise que se concentra na questão da predestinação. “Cristãos que negam a eleição incondicional e a graça irresistível podem ser genuinamente evangélicos?” eles perguntam. Michael Horton, professor no Seminário Teológico de Westminster, na Califórnia, afirma na revista Modern Reformation que “arminiano evangélico” não é uma opção mas um oxímoro. “Um evangélico,” ele diz, “não pode ser arminiano mais do que um evangélico pode ser um católico romano.” Até mesmo o grande reavivalista arminiano John Wesley é suspeito de uma fé evangélica defeituosa por Horton e alguns de seus colegas em duas organizações, a Christians United for Reformation (CURE) e a Alliance of Confessing Evangelicals (ACE). Estes e outros movimentos evangélicos contemporâneos buscam restabelecer e entronizar o monergismo – a crença na atividade única e soberana de Deus na salvação – como crucial ao evangelicalismo autêntico.
Em anos recentes, uma enchente de livros e artigos editados e escritos por líderes acadêmicos evangélicos reformados (como R. C. Sproul do Ligonier Ministries) têm levantado questões sobre a validade das credenciais evangélicas de todos e cada um dos protestantes arminianos que negam a eleição incondicional e afirmam a graça resistível. A ACE escreveu a “Declaração de Cambridge,” que criticou, entre outras supostas aberrações entre os evangélicos, a crença de que os seres humanos podem cooperar com a graça regeneradora de Deus.
Espero por outro período de tranquilidade entre nós que cremos na capacidade da alma de cooperar com a graça regeneradora (arminianos) e aqueles que crêem que a graça regeneradora deve preceder até mesmo o arrependimento e a fé (calvinistas).
Quando iniciei o seminário eu era filho de um pregador pentecostal convencido a me tornar um “esmurrador de púlpito” teologicamente instruído. Eu me graduei numa “aspirante” a universidade acadêmica teológica completamente evangélica pós-pentecostal. Enquanto no seminário, eu descobri que alguém poderia ser cheio do Espírito e também intelectualmente sério, aberto a pontos de vistas diversos dentro da mais ampla herança evangélica, e até mesmo teologicamente reformado! Essa revelação veio a mim através das vidas e ensino de professores como Ralph Powell, Al Glenn, Sam Mikolaski e James Montgomery Boice. Revistas como a Eternity e a Christianity Today ajudaram a transformar minha anteriormente mais estreita idéia de cristianismo evangélico “pleno” autêntico. Mas passando por isso tudo, e apesar de sérias lutas com seus problemas, eu conservei o Arminianismo de minha herança holiness-pentecostal.
Dois conselhos que aprendi do meu mentor evangélico no seminário, um batista moderadamente reformado, se fixaram especialmente em minha mente. Durante a recepção, imediatamente após a cerimônia de graduação, Ralph Powell me puxou para o lado, e da maneira mais tocante, característica de um avô, disse: “Roger, jamais perca sua excelência evangélica.” Sabendo que eu planejava continuar minha educação teológica numa universidade secular, ele não poderia pensar num conselho de despedida melhor para o seu jovem protegido. Nem eu poderia. Sempre tenho lembrado de sua exortação afetuosamente e dado meu melhor para satisfazer seu desafio.
O outro conselho veio mais cedo. Powell estava preocupado com minhas crenças arminianas um tanto firmes. Um dia ele me levou à parte e disse, “Roger, você deve saber que o Arminianismo geralmente tem levado à teologia liberal.” Como muitos teólogos reformados, ele acreditava que uma ênfase arminiana no livre-arbítrio concede poder demais à humanidade e por essa razão contém um impulso humanista. Embora apreciei sua admoestação implícita, eu sabia de minha própria experiência que isto não era inteiramente verdadeiro. Desde então, tenho me esforçado para provar que a teologia arminiana e uma excelência evangélica podem ser combinadas confortavelmente.
Teologia Tulip – fabricada na Holanda
A teologia arminiana não começou na Armênia. Na verdade, ela não tem nada a ver especificamente com aquela parte da Ásia. O Arminianismo é uma designação derivada do nome de um teólogo holandês que morreu em 1609 no auge de uma controvérsia envolvendo a doutrina da predestinação. Jacob Arminius rejeitou algumas das doutrinas do Calvinismo enquanto aceitava outras. Ele estudou sob o sucessor de Calvino em Genebra, Theodore Beza, mas veio a repudiar algumas das crenças de Beza, tais como a eleição incondicional e a graça irresistível, em favor da eleição condicional, o livre-arbítrio e a graça preveniente, resistível.
A contraparte fielmente reformada em teologia na Universidade de Leiden era Franciscus Gomarus – outro aluno de Beza – que insistia que as doutrinas que Arminius rejeitou eram partes integrantes da ortodoxia teológica reformada.
Os seguidores de Arminius na Holanda ficaram conhecidos após sua morte como remonstrantes, e alguns deles formularam um documento conhecido como a Remonstrância, no qual eles detalharam sua rejeição da teologia calvinista de Gomarus. O resumo da fé reformada de Gomarus tinha cinco pontos (a famosa fórmula “TULIP”): depravação total, eleição incondicional, expiação limitada, graça irresistível e a perseverança.
Arminius mesmo nunca negou o primeiro e o último dos cinco pontos, e seus seguidores os debateram entre si por séculos. Resumidamente afirmados, os “cinco pontos” rejeitados pelos remonstrantes significam (em ordem) que os humanos são todos (com a exceção de Jesus Cristo) nascidos completamente mortos espiritualmente e incapazes de fazer qualquer coisa agradável a Deus por causa da herança da natureza caída de Adão; Deus predestinou certas pessoas para receber perdão e vida eterna, e a seleção de Deus de forma alguma foi condicionada pelas vidas ou decisões dos eleitos; Cristo morreu na cruz para proporcionar sacrifício expiador para os pecados somente dos eleitos; Deus comunica a graça regeneradora aos eleitos de tal forma que eles não podem ou querem resistir; e os eleitos de Deus irão perseverar em estado de graça até a salvação final.
Os principais ministros reformados e líderes políticos das Províncias Unidas dos Países Baixos – das quais a Holanda era o estado mais proeminente – se encontraram no Sínodo de Dort de novembro de 1618 a janeiro de 1619 e condenaram os remonstrantes como heréticos. Dort afirmou os assim chamados cinco pontos do Calvinismo como ortodoxos e forçaram os seguidores de Arminius ou a retratar suas crenças no livre-arbítrio, eleição condicional, graça irresistível e expiação ilimitada ou a serem banidos da Igreja Reformada e dos Países Baixos. Alguns líderes arminianos, tais como o estadista holandês Hugo Grotius, foram presos. Um foi decapitado. Nesses dias não era tão fácil separar teologia e política como fazemos hoje em dia.
Como resultado do Sínodo de Dort, os arminianos se espalharam para outros países e encontraram refúgio em outros ramos do Cristianismo protestante. Os menonitas e outros anabatistas já criam quase a mesma coisa sobre a eleição divina e a salvação como muitos dos arminianos: A eleição se refere ao pré-conhecimento de Deus daqueles que livremente responderiam ao evangelho conforme fossem capacitados pela graça preveniente. A teologia arminiana encontrou aceitação dentro da Igreja da Inglaterra, embora muitos nessa igreja resolutamente se opuseram a ela em favor da teologia reformada.
Gradualmente os arminianos se dividiram em dois grupos, que Alan P. F. Sell – um intérprete moderno da história da controvérsia reformada-arminiana – classifica como “Arminianismo da cabeça” e “Arminianismo do coração.” Os primeiros se inclinaram ao Deísmo e à teologia liberal. Muitos finalmente se tornaram unitários. Os últimos foram fortemente influenciados pelo pietismo alemão e enfatizavam a conversão pessoal e a santificação.
John Wesley foi o principal “arminiano do coração” no século dezoito, e seu movimento metodista foi profundamente caracterizado pela teologia arminiana do “livre-arbítrio”. Àqueles evangélicos de seu dia, que o acusavam de ter tendências humanísticas e católicas por causa de sua rejeição da eleição incondicional e da crença no livre-arbítrio, Wesley afirmou a absoluta necessidade da graça preveniente (capacitante mas resistível) de Deus para superar a ferida mortal do pecado e ter livre-arbítrio suficiente para aceitar ou rejeitar a graça salvadora responsavelmente.
Os primeiros batistas foram divididos por esta controvérsia reformada-arminiana. Os pregadores e as congregações batistas que adotaram as doutrinas calvinistas da eleição incondicional, expiação limitada e a graça irresistível vieram a ser conhecidos como “batistas particulares,” enquanto os que seguiram os ensinos arminianos foram chamados de “batistas gerais.”
Reavivalistas e seus conversos durante os Grandes Avivamentos dos anos 40 do século dezoito e início do século dezenove na América freqüentemente se dividiram em tais linhas teológicas. Jonathan Edwards da Nova Inglaterra foi um gênio na defesa de uma forte visão reformada da soberania de Deus e da depravação do homem. Charles Finney, um século mais tarde, promoveu uma versão extremada do Arminianismo. Todo o Movimento de Restauração que deu origem às Igrejas de Cristo e Igrejas Cristãs Independentes era arminiano, como foi o movimento Holiness e seus descendentes, o movimento pentecostal. Ambos, Dwight L. Moody e Charles Spurgeon, por outro lado, eram calvinistas.
Todos na família
Eu fui criado espiritualmente no âmago do Cristianismo evangélico arminiano. Algumas das minhas mais vívidas lembranças da infância são de transpirar nas noites de verão debaixo do tabernáculo lateralmente aberto dos Acampamentos Nazarenos de Iowa em West Des Moines. “Santidade ao Senhor!” declarava a faixa sobre o palanque; centenas – talvez milhares – de adoradores Holiness e pentecostais, todos à minha volta, gritavam e cantavam e louvavam o Senhor até tarde da noite. Nossa própria pequena denominação pentecostal, como o maior movimento Holiness-pentecostal, era inteiramente arminiana em sua orientação teológica. A vontade universal de Deus pela salvação de todos e a liberdade de todos para crer e receber a mensagem do evangelho era fundamental à nossa visão de Cristianismo evangélico. Não havia nenhuma possibilidade da teologia liberal invadir nossa teologia. Nenhum grupo de cristãos na história jamais creu mais apaixonadamente na Bíblia como a Palavra escrita sobrenaturalmente inspirada e infalível de Deus. A santidade e a majestade de Deus eram também centrais à nossa pregação e ensino, apesar de que a soberania de Deus era interpretada como geral antes que meticulosa. Para nós, Satanás era um demônio real – um cachorro louco numa corrente longa – e de forma alguma o “Satanás de Deus”. E todavia, críamos e ensinávamos que Deus finalmente venceria a guerra espiritual cósmica e que Satanás poderia somente descarregar tanta destruição conforme Deus o permitia assim fazer.
As reuniões de família eram eventos fascinantes. Minha família mais ampla incluía, de ambos os lados, cristãos de várias pontos de vistas, e muitos deles eram ardentes e francos acerca de suas crenças. Do lado do meu pai, a maioria dos parentes eram ou Holiness ou pentecostais, e as reuniões de família geralmente se dividiam em discussões acaloradas sobre a santificação plena e o falar em línguas. A família de minha madrasta incluía pentecostais e cristãos reformados. Embora eles nunca discutiram abertamente sobre questões teológicas, me lembro bem que ambos os lados da família olhavam com uma certa desconfiança para a teologia do outro. Meus parentes da Igreja Reformada Cristã do norte de Iowa não estavam tão seguros sobre o emocionalismo e a ênfase no livre-arbítrio entre aqueles de nós que sustentávamos e praticávamos o Pentecostalismo. Meus pais, tias e tios pentecostais – muitos deles pastores e missionários – claramente se admiravam de como calvinistas ferrenhos podiam ser cristãos evangélicos. E todavia todos amavam e aceitavam um ao outro apesar de suas diferenças teológicas.
No colégio da Bíblia, fui doutrinado contra a teologia reformada. A maioria de meus professores pentecostais e muitos dos oradores convidados nas capelas e assembléias ferventemente se opunham não apenas à eleição incondicional e à graça irresistível (a expiação limitada não valia nem a pena debater!) mas também à segurança eterna. Quando o evangelista pentecostal Jimmy Swaggart publicamente declarou que o Calvinismo é uma “heresia,” ele estava apenas tornando público o que muitos Holiness-pentecostais pensavam e ensinavam mais discretamente por anos.
Mas algo continuava incomodando minha mente, me fazendo duvidar da imagem extremamente negativa da teologia reformada que me passavam no colégio da Bíblia. Alguns de nossos livros escolares eram escritos por estudiosos calvinistas evangélicos. Um de nossos livros escolares era uma coleção de sermões de Charles Spurgeon. Enquanto no colégio da Bíblia, comecei a ler a revista Eternity e me apaixonei pelo grande professor presbiteriano evangélico Donald Grey Barnhouse – um pacífico calvinista cujos escritos também exigiam que lêssemos. A Eternity abriu para mim o evangelicalismo tolerante que incluía tanto arminianos quanto calvinistas. E então havia meus parentes reformados cristãos, cujas vidas e testemunhos eram tão apaixonadamente evangélicos quanto qualquer pregador zeloso completo.
Um ponto crítico em minha peregrinação espiritual e teológica aconteceu em um funeral. O pastor reformado cristão da tia Margaret, em Kanawha, Iowa, pregava um dos sermões mais evangélicos que eu já tinha ouvido. Ele desafiou todos os presentes a dar suas vidas a Jesus Cristo assim como Margaret tinha feito. A discrepância entre fé e prática finalmente irrompeu-se numa rebelião completa contra a polêmica anti-calvinista que eu tinha ouvido de líderes e professores pentecostais. Enquanto eu não podia concordar com todos os cinco pontos da TULIP calvinista – especialmente a eleição incondicional, a expiação limitada e a graça irresistível – eu sabia que a “barraca” do Cristianismo evangélico autêntico era maior e mais ampla do que eu tinha sido levado a acreditar. Essa convicção se fortaleceu enquanto bebia intensamente das fontes de teologia reformada evangélica por todos os meus estudos no seminário e na universidade.
Enquanto conservava minhas crenças arminianas, minha mente evangélica se expandiu e se aprofundou enquanto lia teólogos reformados como G. C. Berkouwer, Bernard Ramm, Donald Bloesch, J. I. Packer e Francis Schaeffer. Eles me mostraram novas dimensões das doutrinas de Deus e da salvação que estava faltando ou tinha sido obscurecida no Arminianismo de minha juventude e início de minha educação teológica: a diversidade misteriosa, santa de Deus; a soberania grandiosa de Deus sobre a natureza e a história; a completa impotência da humanidade para realizar qualquer bondade ou até mesmo decidir aceitar os benefícios do sofrimento e morte de Cristo à parte da graça.
Tenho aprendido desde então que estes temas não estão faltando na teologia arminiana clássica, mas eu tive que aprendê-los de evangélicos reformados. Eu sai de meus estudos teológicos convencido de que minha teologia arminiana, embora fundamentalmente correta, carecia de profundidade e que ela poderia ser enriquecida pela herança do Cristianismo reformado. Também sai convencido de que a teologia reformada – particularmente em suas formas mais consistentes – carecia da observação maravilhosa do amor universal de Deus por suas criaturas humanas tão evidentes na melhor de minha própria tradição arminiana. Eu estava convencido de que a comunidade evangélica precisa tanto de George Whitefield quanto de John Wesley, e que seus herdeiros precisam um do outro para atingir a beleza do equilíbrio.
Por algum tempo no começo de minha carreira como teólogo evangélico, eu tentei viver como um pacífico arminiano trabalhando tranqüila e discretamente no mundo amplamente reformado da teologia evangélica prevalecente. Encontrei muitos companheiros arminianos ao longo do caminho que muitas vezes preferiam chamar-se a si mesmos de “moderadamente reformados” ou “calminianos,” e gradualmente foi ficando claro que para muitos – talvez a maioria – teólogos evangélicos fora dos círculos estritamente wesleyanos ou pentecostais, arminiano é uma palavra secreta para semipelagiano (a heresia da crença na iniciativa humana na salvação) se não “humanismo disfarçado.”
Um dia um amigo dirigiu-se a mim em particular e me perguntou com grande preocupação se meu Arminianismo poderia ser evidência de um humanismo disfarçado em meu pensamento. Era para mim a primeira salva de artilharia em uma nova batalha pela mente evangélica no qual eu me encontraria preso no meio. Tenho visto uma declaração de princípios de ortodoxia evangélica por auto-proclamados “evangélicos confessos” – um de meus professores do seminário entre eles – que coloca limites que me excluiria junto com outros arminianos da comunidade evangélica. (Estes incidentes me fazem lembrar, quando jovem, da minha própria tradição Holiness-Pentecostalismo que tendia a fazer o mesmo com a teologia calvinista.) Uma nova ocorrência de conflito e exclusão sobre esta questão não pode servir qualquer propósito útil senão para dividir, excluir e enfraquecer a frágil unidade evangélica tão cuidadosamente construída e preservada durante as últimas cinco décadas.
Estou firmemente convencido de que os evangélicos arminianos e reformados precisam uns dos outros ainda que não tenho esperança de um meio termo híbrido ou consistente emergindo deles. Se isso fosse possível, teria acontecido há muito tempo atrás. Mentes brilhantes e biblicamente comprometidas têm trabalhado nestas questões de interpretações por centenas de anos sem chegar a tal combinação consistente. Não vejo problema se alguns evangélicos querem afirmar algo chamado “Calminianismo” – o que eu somente posso reconhecer como uma mistura evangélica paradoxal e portanto sem firmeza. E eu percebo que muitos cristãos evangélicos não se identificam especificamente nem com o Arminianismo nem com o Calvinismo.
Mas alguém ou crê que a graça é resistível ou crê que ela não é. Não pode ser ambos da mesma maneira ao mesmo tempo. Alguém ou crê que a eleição – um conceito completamente bíblico – é incondicional ou não. Não pode ser ambos da mesma maneira ao mesmo tempo. Alguém ou crê que a providência divina sobre a natureza e a história é meticulosa e absoluta ou não. Em algumas destas questões teológicas cruciais, sobre as quais a Bíblia fala freqüentemente, alguém deve escolher um caminho ou o outro, e infelizmente, ou a Escritura não é inteiramente clara ou nossas mentes estão tão obscurecidas pela finitude e pela queda para chegar a uma resposta definitiva que possa ser imposta como a única possível interpretação para todos os que crêem na Bíblia.
Não temos escolha
Alguns de nós não podem deixar de ser arminianos porque quando lemos a Bíblia vemos como seu tema predominante o amor universal de Deus e seu desejo pela salvação de todos e pela inclusão de todas as pessoas em seu reino. Não o “humanismo disfarçado,” mas passagens como 1Tm 2.4; 2Pe 3.9, e Ez 33.11 (para não mencionar Jo 3.16, 17!) nos convence de que Deus não exclui ninguém de seu amor e comunhão eterna por alguma preordenação secreta e controle misterioso. Não a filosofia moderna, mas passagens como Lc 6.47 e 9.24, Act 7.51 e Ap 22.7 nos convence de que aos humanos são dados o tremendo dom da liberdade para aceitar ou resistir a graça salvadora de Deus e o dom do Espírito Santo. Nada disso, entretanto, significa limitação da soberania de Deus ou um ganho meritório da salvação pelo esforço humano.
Nós arminianos clássicos – nem todo arminiano é um arminiano clássico – cremos que Deus poderia controlar tudo mas escolhe estar no comando ao invés de controlar tudo a todo instante. A auto-limitação de Deus não impugna a majestade e a soberania de Deus.
Também acreditamos com Jacob Arminius e John Wesley que a graça preveniente é a única base para a livre aceitação da graça salvadora de Deus. Sem ser anteriormente despertado, chamado e capacitado, todos os humanos são pecadores demais para escolher livremente aceitar a oferta de Deus da graça salvadora. Em nossa opinião, que a salvação é aceita livremente não invalida sua natureza como uma completa dádiva. Por compreender e fielmente comunicar o tema revelacional do amor e da graça universal de Deus, os arminianos devem ser elogiados e estimados.
Alguns evangélicos não podem deixar de ser reformados e calvinistas porque, quando lêem a Bíblia, eles vêem seu tema predominante como a majestade transcendente, o poder e o controle soberano de Deus. O exemplo clássico de Romanos 9-11 é prova suficiente para eles que a providência é absoluta e meticulosa e que a eleição é incondicional e a graça é sempre irresistível. Eles acham os mesmos temas e doutrinas ecoando por toda a Escritura, incluindo Isaías 6, Am 3.6 e 4.13, João 17 e Efésios 1.
Além disso, se a salvação é verdadeiramente um dom gratuito como Paulo ensina em Ef 2.8-10, de forma que ninguém que é salvo pode possivelmente se gabar, então, os calvinistas afirmam, ela deve ser dada à parte de qualquer atividade ou cooperação do lado do pecador para recebê-la. De outra forma, a pessoa redimida poderia gabar-se. O padrão do testemunho bíblico para Deus e seu plano providencial como percebido pelos cristãos reformados os força a reconhecer e confessar a preordenação incondicional de todas as coisas sem limitação ou exceção. Por compreender e fielmente comunicar o tema revelacional da grandeza de Deus e da dependência humana, os calvinistas devem ser elogiados e estimados.
Ainda que estes dois grupos da comunidade evangélica não podem concordar – e parece improvável que qualquer um deles alguma vez persuadirá todos os outros a “converter” para o seu ponto de vista – eles podem e devem aceitar um ao outro como irmãos e irmãs em Cristo e reconhecer seus laços evangélicos comuns. Esta tem sido uma das forças da aliança evangélica do mundo pós-segunda guerra mundial. Para o bem maior do reino de Deus, cristãos biblicamente comprometidos, centralizados em Cristo, têm trabalhado juntos num espírito de respeito e aceitação mútuos para a propagação do evangelho e para o alívio do sofrimento humano apesar das diferenças de interpretação das doutrinas da eleição e providência. Seus inimigos comuns da acomodação ao secularismo e da flagrante heresia dentro das denominações reconhecidas têm fortalecido seu foco em sua crença comum na autoridade da Escritura, divindade de Cristo, salvação pela graça apenas, por meio da fé apenas, e outras grandes verdades da Bíblia e da fé cristã histórica. O espírito semelhante a Cristo do amor e da aceitação pacífica das diferenças de opinião sobre questões secundárias têm grandemente acentuado a influência desta aliança evangélica na sociedade.
Cada vez mais acusações imoderadas de quase heresia dentro da aliança evangélica sobre questões que concordamos em discordar pacificamente pode simplesmente minar e enfraquecer seu testemunho. Ao invés de dizer, “Vejam como eles amam uns aos outros!”, os não-evangélicos dirão, “Vejam como eles brigam e disputam entre si!” Quem pode culpá-los?
A verdade importa, mas nem toda verdade importa igualmente. Algumas coisas nunca saberemos com certeza até que as lentes escurecidas sejam removidas e todos veremos “face a face.” Nesse meio tempo, precisamos aprender como respeitar e apreciar um ao outro em humildade enquanto defendendo nossas próprias interpretações preferidas dos questões bíblicas debatíveis sobre a soberania divina, a eleição, o livre-arbítrio e a resistibilidade da graça.
Para esse fim eu desafio meus companheiros arminianos evangélicos a fazer como tenho feito: Bebam intensamente das fontes do pensamento evangélico reformado e elogiem os cristãos calvinistas por sua compreensão da glória de Deus e da completa graciosidade da salvação. Admirem e busquem imitar seu amor pelo pensamento cristão integrante e sua paixão por transformar a cultura. Evitem estereótipos e caricaturas do Calvinismo, pois eles não fazem juz à sua riqueza e profundidade. Todos os evangélicos devem à herança de Calvino, John Knox, Edwards, Whitefield, Spurgeon e Schaeffer.
A meus colegas evangélicos calvinistas, eu convido a dar a nós arminianos o benefício da dúvida: Ainda que vocês não possam ver como podemos entender Deus como “no comando” mas não “no controle” (soberano mas não todo-determinativo), entendam e aceitem que adoramos a Deus como majestoso, todo-poderoso e misterioso em beleza e poder. Percebam, ainda que não possam inteiramente entender, que nós arminianos afirmamos a salvação como uma dádiva completa da graça imerecida, ainda que ela deve ser aceita livremente. Leiam Arminius, Wesley, Miley, Dale Moody, Grider, Dunning e Oden. Todos afirmam sobre bases bíblicas que a eleição é condicional e a graça resistível, e todavia que a justificação é pela graça apenas por meio da fé apenas, livre, completa e imerecida.
Desde esse dia, no funeral da tia Margaret, tenho me associado com vários evangélicos reformados e aprendido a apreciar tanto eles como sua teologia ainda que permaneço convencido de minha própria perspectiva tanto biblicamente quanto logicamente. Tudo que eu peço é que eles retribuam a gentileza e aceitam aqueles de nós que somos seus irmãos e irmãs evangélicos na fé apesar de sua própria convicção da superioridade de sua teologia.
Certamente podemos aprender a trabalhar e testemunhar e adorar juntos novamente como fizemos no passado. Até John Wesley e seu companheiro calvinista George Whitefield refizeram sua amizade antes que morreram. Wesley pregou no funeral de Whitefield. Foi tudo para a glória de Deus e seu reino eterno que ele fez.
Tradução: Paulo Cesar Antunes
_______________
Roger E. Olson, editor conselheiro da Christianity Today, é autor de A História da Teologia Cristã (Editora Vida, 2000).
Roger E. Olson
Christianity Today, 6 de setembro de 1999
Meus amigos reformados algums vezes me tratam como inimigo, mas na verdade precisamos uns dos outros.
Durante os grandes avivamentos do século dezoito, John Wesley e George Whitefield pararam de cooperar um com o outro devido às suas diferentes crenças acerca da predestinação. E embora eles finalmente se reconciliaram, sua divergência persiste em debates ocasionais de evangélicos americanos sobre a soberania de Deus e as doutrinas da eleição e do livre-arbítrio.
Apesar desta história, a aliança evangélica pós-segunda guerra mundial mantém juntos crentes calvinistas e arminianos dentro de um grande movimento. Pelo menos há tanto igrejas membros da Associação Nacional de Evangélicos arminianas em sua orientação teológica quanto reformadas.
Mas agora, sinais de grande tensão dentro da aliança estão aparecendo, incluindo uma nova estridência e agressividade da parte de teólogos em alguns círculos reformados mais conservadores. Como um inveterado arminiano assim como evangélico, e como alguém que se preocupa profundamente com a unidade da comunidade evangélica, acho que isto é muito lastimoso.
Alguns destes teólogos acham que o evangelicalismo enfrenta uma crise que se concentra na questão da predestinação. “Cristãos que negam a eleição incondicional e a graça irresistível podem ser genuinamente evangélicos?” eles perguntam. Michael Horton, professor no Seminário Teológico de Westminster, na Califórnia, afirma na revista Modern Reformation que “arminiano evangélico” não é uma opção mas um oxímoro. “Um evangélico,” ele diz, “não pode ser arminiano mais do que um evangélico pode ser um católico romano.” Até mesmo o grande reavivalista arminiano John Wesley é suspeito de uma fé evangélica defeituosa por Horton e alguns de seus colegas em duas organizações, a Christians United for Reformation (CURE) e a Alliance of Confessing Evangelicals (ACE). Estes e outros movimentos evangélicos contemporâneos buscam restabelecer e entronizar o monergismo – a crença na atividade única e soberana de Deus na salvação – como crucial ao evangelicalismo autêntico.
Em anos recentes, uma enchente de livros e artigos editados e escritos por líderes acadêmicos evangélicos reformados (como R. C. Sproul do Ligonier Ministries) têm levantado questões sobre a validade das credenciais evangélicas de todos e cada um dos protestantes arminianos que negam a eleição incondicional e afirmam a graça resistível. A ACE escreveu a “Declaração de Cambridge,” que criticou, entre outras supostas aberrações entre os evangélicos, a crença de que os seres humanos podem cooperar com a graça regeneradora de Deus.
Espero por outro período de tranquilidade entre nós que cremos na capacidade da alma de cooperar com a graça regeneradora (arminianos) e aqueles que crêem que a graça regeneradora deve preceder até mesmo o arrependimento e a fé (calvinistas).
Quando iniciei o seminário eu era filho de um pregador pentecostal convencido a me tornar um “esmurrador de púlpito” teologicamente instruído. Eu me graduei numa “aspirante” a universidade acadêmica teológica completamente evangélica pós-pentecostal. Enquanto no seminário, eu descobri que alguém poderia ser cheio do Espírito e também intelectualmente sério, aberto a pontos de vistas diversos dentro da mais ampla herança evangélica, e até mesmo teologicamente reformado! Essa revelação veio a mim através das vidas e ensino de professores como Ralph Powell, Al Glenn, Sam Mikolaski e James Montgomery Boice. Revistas como a Eternity e a Christianity Today ajudaram a transformar minha anteriormente mais estreita idéia de cristianismo evangélico “pleno” autêntico. Mas passando por isso tudo, e apesar de sérias lutas com seus problemas, eu conservei o Arminianismo de minha herança holiness-pentecostal.
Dois conselhos que aprendi do meu mentor evangélico no seminário, um batista moderadamente reformado, se fixaram especialmente em minha mente. Durante a recepção, imediatamente após a cerimônia de graduação, Ralph Powell me puxou para o lado, e da maneira mais tocante, característica de um avô, disse: “Roger, jamais perca sua excelência evangélica.” Sabendo que eu planejava continuar minha educação teológica numa universidade secular, ele não poderia pensar num conselho de despedida melhor para o seu jovem protegido. Nem eu poderia. Sempre tenho lembrado de sua exortação afetuosamente e dado meu melhor para satisfazer seu desafio.
O outro conselho veio mais cedo. Powell estava preocupado com minhas crenças arminianas um tanto firmes. Um dia ele me levou à parte e disse, “Roger, você deve saber que o Arminianismo geralmente tem levado à teologia liberal.” Como muitos teólogos reformados, ele acreditava que uma ênfase arminiana no livre-arbítrio concede poder demais à humanidade e por essa razão contém um impulso humanista. Embora apreciei sua admoestação implícita, eu sabia de minha própria experiência que isto não era inteiramente verdadeiro. Desde então, tenho me esforçado para provar que a teologia arminiana e uma excelência evangélica podem ser combinadas confortavelmente.
Teologia Tulip – fabricada na Holanda
A teologia arminiana não começou na Armênia. Na verdade, ela não tem nada a ver especificamente com aquela parte da Ásia. O Arminianismo é uma designação derivada do nome de um teólogo holandês que morreu em 1609 no auge de uma controvérsia envolvendo a doutrina da predestinação. Jacob Arminius rejeitou algumas das doutrinas do Calvinismo enquanto aceitava outras. Ele estudou sob o sucessor de Calvino em Genebra, Theodore Beza, mas veio a repudiar algumas das crenças de Beza, tais como a eleição incondicional e a graça irresistível, em favor da eleição condicional, o livre-arbítrio e a graça preveniente, resistível.
A contraparte fielmente reformada em teologia na Universidade de Leiden era Franciscus Gomarus – outro aluno de Beza – que insistia que as doutrinas que Arminius rejeitou eram partes integrantes da ortodoxia teológica reformada.
Os seguidores de Arminius na Holanda ficaram conhecidos após sua morte como remonstrantes, e alguns deles formularam um documento conhecido como a Remonstrância, no qual eles detalharam sua rejeição da teologia calvinista de Gomarus. O resumo da fé reformada de Gomarus tinha cinco pontos (a famosa fórmula “TULIP”): depravação total, eleição incondicional, expiação limitada, graça irresistível e a perseverança.
Arminius mesmo nunca negou o primeiro e o último dos cinco pontos, e seus seguidores os debateram entre si por séculos. Resumidamente afirmados, os “cinco pontos” rejeitados pelos remonstrantes significam (em ordem) que os humanos são todos (com a exceção de Jesus Cristo) nascidos completamente mortos espiritualmente e incapazes de fazer qualquer coisa agradável a Deus por causa da herança da natureza caída de Adão; Deus predestinou certas pessoas para receber perdão e vida eterna, e a seleção de Deus de forma alguma foi condicionada pelas vidas ou decisões dos eleitos; Cristo morreu na cruz para proporcionar sacrifício expiador para os pecados somente dos eleitos; Deus comunica a graça regeneradora aos eleitos de tal forma que eles não podem ou querem resistir; e os eleitos de Deus irão perseverar em estado de graça até a salvação final.
Os principais ministros reformados e líderes políticos das Províncias Unidas dos Países Baixos – das quais a Holanda era o estado mais proeminente – se encontraram no Sínodo de Dort de novembro de 1618 a janeiro de 1619 e condenaram os remonstrantes como heréticos. Dort afirmou os assim chamados cinco pontos do Calvinismo como ortodoxos e forçaram os seguidores de Arminius ou a retratar suas crenças no livre-arbítrio, eleição condicional, graça irresistível e expiação ilimitada ou a serem banidos da Igreja Reformada e dos Países Baixos. Alguns líderes arminianos, tais como o estadista holandês Hugo Grotius, foram presos. Um foi decapitado. Nesses dias não era tão fácil separar teologia e política como fazemos hoje em dia.
Como resultado do Sínodo de Dort, os arminianos se espalharam para outros países e encontraram refúgio em outros ramos do Cristianismo protestante. Os menonitas e outros anabatistas já criam quase a mesma coisa sobre a eleição divina e a salvação como muitos dos arminianos: A eleição se refere ao pré-conhecimento de Deus daqueles que livremente responderiam ao evangelho conforme fossem capacitados pela graça preveniente. A teologia arminiana encontrou aceitação dentro da Igreja da Inglaterra, embora muitos nessa igreja resolutamente se opuseram a ela em favor da teologia reformada.
Gradualmente os arminianos se dividiram em dois grupos, que Alan P. F. Sell – um intérprete moderno da história da controvérsia reformada-arminiana – classifica como “Arminianismo da cabeça” e “Arminianismo do coração.” Os primeiros se inclinaram ao Deísmo e à teologia liberal. Muitos finalmente se tornaram unitários. Os últimos foram fortemente influenciados pelo pietismo alemão e enfatizavam a conversão pessoal e a santificação.
John Wesley foi o principal “arminiano do coração” no século dezoito, e seu movimento metodista foi profundamente caracterizado pela teologia arminiana do “livre-arbítrio”. Àqueles evangélicos de seu dia, que o acusavam de ter tendências humanísticas e católicas por causa de sua rejeição da eleição incondicional e da crença no livre-arbítrio, Wesley afirmou a absoluta necessidade da graça preveniente (capacitante mas resistível) de Deus para superar a ferida mortal do pecado e ter livre-arbítrio suficiente para aceitar ou rejeitar a graça salvadora responsavelmente.
Os primeiros batistas foram divididos por esta controvérsia reformada-arminiana. Os pregadores e as congregações batistas que adotaram as doutrinas calvinistas da eleição incondicional, expiação limitada e a graça irresistível vieram a ser conhecidos como “batistas particulares,” enquanto os que seguiram os ensinos arminianos foram chamados de “batistas gerais.”
Reavivalistas e seus conversos durante os Grandes Avivamentos dos anos 40 do século dezoito e início do século dezenove na América freqüentemente se dividiram em tais linhas teológicas. Jonathan Edwards da Nova Inglaterra foi um gênio na defesa de uma forte visão reformada da soberania de Deus e da depravação do homem. Charles Finney, um século mais tarde, promoveu uma versão extremada do Arminianismo. Todo o Movimento de Restauração que deu origem às Igrejas de Cristo e Igrejas Cristãs Independentes era arminiano, como foi o movimento Holiness e seus descendentes, o movimento pentecostal. Ambos, Dwight L. Moody e Charles Spurgeon, por outro lado, eram calvinistas.
Todos na família
Eu fui criado espiritualmente no âmago do Cristianismo evangélico arminiano. Algumas das minhas mais vívidas lembranças da infância são de transpirar nas noites de verão debaixo do tabernáculo lateralmente aberto dos Acampamentos Nazarenos de Iowa em West Des Moines. “Santidade ao Senhor!” declarava a faixa sobre o palanque; centenas – talvez milhares – de adoradores Holiness e pentecostais, todos à minha volta, gritavam e cantavam e louvavam o Senhor até tarde da noite. Nossa própria pequena denominação pentecostal, como o maior movimento Holiness-pentecostal, era inteiramente arminiana em sua orientação teológica. A vontade universal de Deus pela salvação de todos e a liberdade de todos para crer e receber a mensagem do evangelho era fundamental à nossa visão de Cristianismo evangélico. Não havia nenhuma possibilidade da teologia liberal invadir nossa teologia. Nenhum grupo de cristãos na história jamais creu mais apaixonadamente na Bíblia como a Palavra escrita sobrenaturalmente inspirada e infalível de Deus. A santidade e a majestade de Deus eram também centrais à nossa pregação e ensino, apesar de que a soberania de Deus era interpretada como geral antes que meticulosa. Para nós, Satanás era um demônio real – um cachorro louco numa corrente longa – e de forma alguma o “Satanás de Deus”. E todavia, críamos e ensinávamos que Deus finalmente venceria a guerra espiritual cósmica e que Satanás poderia somente descarregar tanta destruição conforme Deus o permitia assim fazer.
As reuniões de família eram eventos fascinantes. Minha família mais ampla incluía, de ambos os lados, cristãos de várias pontos de vistas, e muitos deles eram ardentes e francos acerca de suas crenças. Do lado do meu pai, a maioria dos parentes eram ou Holiness ou pentecostais, e as reuniões de família geralmente se dividiam em discussões acaloradas sobre a santificação plena e o falar em línguas. A família de minha madrasta incluía pentecostais e cristãos reformados. Embora eles nunca discutiram abertamente sobre questões teológicas, me lembro bem que ambos os lados da família olhavam com uma certa desconfiança para a teologia do outro. Meus parentes da Igreja Reformada Cristã do norte de Iowa não estavam tão seguros sobre o emocionalismo e a ênfase no livre-arbítrio entre aqueles de nós que sustentávamos e praticávamos o Pentecostalismo. Meus pais, tias e tios pentecostais – muitos deles pastores e missionários – claramente se admiravam de como calvinistas ferrenhos podiam ser cristãos evangélicos. E todavia todos amavam e aceitavam um ao outro apesar de suas diferenças teológicas.
No colégio da Bíblia, fui doutrinado contra a teologia reformada. A maioria de meus professores pentecostais e muitos dos oradores convidados nas capelas e assembléias ferventemente se opunham não apenas à eleição incondicional e à graça irresistível (a expiação limitada não valia nem a pena debater!) mas também à segurança eterna. Quando o evangelista pentecostal Jimmy Swaggart publicamente declarou que o Calvinismo é uma “heresia,” ele estava apenas tornando público o que muitos Holiness-pentecostais pensavam e ensinavam mais discretamente por anos.
Mas algo continuava incomodando minha mente, me fazendo duvidar da imagem extremamente negativa da teologia reformada que me passavam no colégio da Bíblia. Alguns de nossos livros escolares eram escritos por estudiosos calvinistas evangélicos. Um de nossos livros escolares era uma coleção de sermões de Charles Spurgeon. Enquanto no colégio da Bíblia, comecei a ler a revista Eternity e me apaixonei pelo grande professor presbiteriano evangélico Donald Grey Barnhouse – um pacífico calvinista cujos escritos também exigiam que lêssemos. A Eternity abriu para mim o evangelicalismo tolerante que incluía tanto arminianos quanto calvinistas. E então havia meus parentes reformados cristãos, cujas vidas e testemunhos eram tão apaixonadamente evangélicos quanto qualquer pregador zeloso completo.
Um ponto crítico em minha peregrinação espiritual e teológica aconteceu em um funeral. O pastor reformado cristão da tia Margaret, em Kanawha, Iowa, pregava um dos sermões mais evangélicos que eu já tinha ouvido. Ele desafiou todos os presentes a dar suas vidas a Jesus Cristo assim como Margaret tinha feito. A discrepância entre fé e prática finalmente irrompeu-se numa rebelião completa contra a polêmica anti-calvinista que eu tinha ouvido de líderes e professores pentecostais. Enquanto eu não podia concordar com todos os cinco pontos da TULIP calvinista – especialmente a eleição incondicional, a expiação limitada e a graça irresistível – eu sabia que a “barraca” do Cristianismo evangélico autêntico era maior e mais ampla do que eu tinha sido levado a acreditar. Essa convicção se fortaleceu enquanto bebia intensamente das fontes de teologia reformada evangélica por todos os meus estudos no seminário e na universidade.
Enquanto conservava minhas crenças arminianas, minha mente evangélica se expandiu e se aprofundou enquanto lia teólogos reformados como G. C. Berkouwer, Bernard Ramm, Donald Bloesch, J. I. Packer e Francis Schaeffer. Eles me mostraram novas dimensões das doutrinas de Deus e da salvação que estava faltando ou tinha sido obscurecida no Arminianismo de minha juventude e início de minha educação teológica: a diversidade misteriosa, santa de Deus; a soberania grandiosa de Deus sobre a natureza e a história; a completa impotência da humanidade para realizar qualquer bondade ou até mesmo decidir aceitar os benefícios do sofrimento e morte de Cristo à parte da graça.
Tenho aprendido desde então que estes temas não estão faltando na teologia arminiana clássica, mas eu tive que aprendê-los de evangélicos reformados. Eu sai de meus estudos teológicos convencido de que minha teologia arminiana, embora fundamentalmente correta, carecia de profundidade e que ela poderia ser enriquecida pela herança do Cristianismo reformado. Também sai convencido de que a teologia reformada – particularmente em suas formas mais consistentes – carecia da observação maravilhosa do amor universal de Deus por suas criaturas humanas tão evidentes na melhor de minha própria tradição arminiana. Eu estava convencido de que a comunidade evangélica precisa tanto de George Whitefield quanto de John Wesley, e que seus herdeiros precisam um do outro para atingir a beleza do equilíbrio.
Por algum tempo no começo de minha carreira como teólogo evangélico, eu tentei viver como um pacífico arminiano trabalhando tranqüila e discretamente no mundo amplamente reformado da teologia evangélica prevalecente. Encontrei muitos companheiros arminianos ao longo do caminho que muitas vezes preferiam chamar-se a si mesmos de “moderadamente reformados” ou “calminianos,” e gradualmente foi ficando claro que para muitos – talvez a maioria – teólogos evangélicos fora dos círculos estritamente wesleyanos ou pentecostais, arminiano é uma palavra secreta para semipelagiano (a heresia da crença na iniciativa humana na salvação) se não “humanismo disfarçado.”
Um dia um amigo dirigiu-se a mim em particular e me perguntou com grande preocupação se meu Arminianismo poderia ser evidência de um humanismo disfarçado em meu pensamento. Era para mim a primeira salva de artilharia em uma nova batalha pela mente evangélica no qual eu me encontraria preso no meio. Tenho visto uma declaração de princípios de ortodoxia evangélica por auto-proclamados “evangélicos confessos” – um de meus professores do seminário entre eles – que coloca limites que me excluiria junto com outros arminianos da comunidade evangélica. (Estes incidentes me fazem lembrar, quando jovem, da minha própria tradição Holiness-Pentecostalismo que tendia a fazer o mesmo com a teologia calvinista.) Uma nova ocorrência de conflito e exclusão sobre esta questão não pode servir qualquer propósito útil senão para dividir, excluir e enfraquecer a frágil unidade evangélica tão cuidadosamente construída e preservada durante as últimas cinco décadas.
Estou firmemente convencido de que os evangélicos arminianos e reformados precisam uns dos outros ainda que não tenho esperança de um meio termo híbrido ou consistente emergindo deles. Se isso fosse possível, teria acontecido há muito tempo atrás. Mentes brilhantes e biblicamente comprometidas têm trabalhado nestas questões de interpretações por centenas de anos sem chegar a tal combinação consistente. Não vejo problema se alguns evangélicos querem afirmar algo chamado “Calminianismo” – o que eu somente posso reconhecer como uma mistura evangélica paradoxal e portanto sem firmeza. E eu percebo que muitos cristãos evangélicos não se identificam especificamente nem com o Arminianismo nem com o Calvinismo.
Mas alguém ou crê que a graça é resistível ou crê que ela não é. Não pode ser ambos da mesma maneira ao mesmo tempo. Alguém ou crê que a eleição – um conceito completamente bíblico – é incondicional ou não. Não pode ser ambos da mesma maneira ao mesmo tempo. Alguém ou crê que a providência divina sobre a natureza e a história é meticulosa e absoluta ou não. Em algumas destas questões teológicas cruciais, sobre as quais a Bíblia fala freqüentemente, alguém deve escolher um caminho ou o outro, e infelizmente, ou a Escritura não é inteiramente clara ou nossas mentes estão tão obscurecidas pela finitude e pela queda para chegar a uma resposta definitiva que possa ser imposta como a única possível interpretação para todos os que crêem na Bíblia.
Não temos escolha
Alguns de nós não podem deixar de ser arminianos porque quando lemos a Bíblia vemos como seu tema predominante o amor universal de Deus e seu desejo pela salvação de todos e pela inclusão de todas as pessoas em seu reino. Não o “humanismo disfarçado,” mas passagens como 1Tm 2.4; 2Pe 3.9, e Ez 33.11 (para não mencionar Jo 3.16, 17!) nos convence de que Deus não exclui ninguém de seu amor e comunhão eterna por alguma preordenação secreta e controle misterioso. Não a filosofia moderna, mas passagens como Lc 6.47 e 9.24, Act 7.51 e Ap 22.7 nos convence de que aos humanos são dados o tremendo dom da liberdade para aceitar ou resistir a graça salvadora de Deus e o dom do Espírito Santo. Nada disso, entretanto, significa limitação da soberania de Deus ou um ganho meritório da salvação pelo esforço humano.
Nós arminianos clássicos – nem todo arminiano é um arminiano clássico – cremos que Deus poderia controlar tudo mas escolhe estar no comando ao invés de controlar tudo a todo instante. A auto-limitação de Deus não impugna a majestade e a soberania de Deus.
Também acreditamos com Jacob Arminius e John Wesley que a graça preveniente é a única base para a livre aceitação da graça salvadora de Deus. Sem ser anteriormente despertado, chamado e capacitado, todos os humanos são pecadores demais para escolher livremente aceitar a oferta de Deus da graça salvadora. Em nossa opinião, que a salvação é aceita livremente não invalida sua natureza como uma completa dádiva. Por compreender e fielmente comunicar o tema revelacional do amor e da graça universal de Deus, os arminianos devem ser elogiados e estimados.
Alguns evangélicos não podem deixar de ser reformados e calvinistas porque, quando lêem a Bíblia, eles vêem seu tema predominante como a majestade transcendente, o poder e o controle soberano de Deus. O exemplo clássico de Romanos 9-11 é prova suficiente para eles que a providência é absoluta e meticulosa e que a eleição é incondicional e a graça é sempre irresistível. Eles acham os mesmos temas e doutrinas ecoando por toda a Escritura, incluindo Isaías 6, Am 3.6 e 4.13, João 17 e Efésios 1.
Além disso, se a salvação é verdadeiramente um dom gratuito como Paulo ensina em Ef 2.8-10, de forma que ninguém que é salvo pode possivelmente se gabar, então, os calvinistas afirmam, ela deve ser dada à parte de qualquer atividade ou cooperação do lado do pecador para recebê-la. De outra forma, a pessoa redimida poderia gabar-se. O padrão do testemunho bíblico para Deus e seu plano providencial como percebido pelos cristãos reformados os força a reconhecer e confessar a preordenação incondicional de todas as coisas sem limitação ou exceção. Por compreender e fielmente comunicar o tema revelacional da grandeza de Deus e da dependência humana, os calvinistas devem ser elogiados e estimados.
Ainda que estes dois grupos da comunidade evangélica não podem concordar – e parece improvável que qualquer um deles alguma vez persuadirá todos os outros a “converter” para o seu ponto de vista – eles podem e devem aceitar um ao outro como irmãos e irmãs em Cristo e reconhecer seus laços evangélicos comuns. Esta tem sido uma das forças da aliança evangélica do mundo pós-segunda guerra mundial. Para o bem maior do reino de Deus, cristãos biblicamente comprometidos, centralizados em Cristo, têm trabalhado juntos num espírito de respeito e aceitação mútuos para a propagação do evangelho e para o alívio do sofrimento humano apesar das diferenças de interpretação das doutrinas da eleição e providência. Seus inimigos comuns da acomodação ao secularismo e da flagrante heresia dentro das denominações reconhecidas têm fortalecido seu foco em sua crença comum na autoridade da Escritura, divindade de Cristo, salvação pela graça apenas, por meio da fé apenas, e outras grandes verdades da Bíblia e da fé cristã histórica. O espírito semelhante a Cristo do amor e da aceitação pacífica das diferenças de opinião sobre questões secundárias têm grandemente acentuado a influência desta aliança evangélica na sociedade.
Cada vez mais acusações imoderadas de quase heresia dentro da aliança evangélica sobre questões que concordamos em discordar pacificamente pode simplesmente minar e enfraquecer seu testemunho. Ao invés de dizer, “Vejam como eles amam uns aos outros!”, os não-evangélicos dirão, “Vejam como eles brigam e disputam entre si!” Quem pode culpá-los?
A verdade importa, mas nem toda verdade importa igualmente. Algumas coisas nunca saberemos com certeza até que as lentes escurecidas sejam removidas e todos veremos “face a face.” Nesse meio tempo, precisamos aprender como respeitar e apreciar um ao outro em humildade enquanto defendendo nossas próprias interpretações preferidas dos questões bíblicas debatíveis sobre a soberania divina, a eleição, o livre-arbítrio e a resistibilidade da graça.
Para esse fim eu desafio meus companheiros arminianos evangélicos a fazer como tenho feito: Bebam intensamente das fontes do pensamento evangélico reformado e elogiem os cristãos calvinistas por sua compreensão da glória de Deus e da completa graciosidade da salvação. Admirem e busquem imitar seu amor pelo pensamento cristão integrante e sua paixão por transformar a cultura. Evitem estereótipos e caricaturas do Calvinismo, pois eles não fazem juz à sua riqueza e profundidade. Todos os evangélicos devem à herança de Calvino, John Knox, Edwards, Whitefield, Spurgeon e Schaeffer.
A meus colegas evangélicos calvinistas, eu convido a dar a nós arminianos o benefício da dúvida: Ainda que vocês não possam ver como podemos entender Deus como “no comando” mas não “no controle” (soberano mas não todo-determinativo), entendam e aceitem que adoramos a Deus como majestoso, todo-poderoso e misterioso em beleza e poder. Percebam, ainda que não possam inteiramente entender, que nós arminianos afirmamos a salvação como uma dádiva completa da graça imerecida, ainda que ela deve ser aceita livremente. Leiam Arminius, Wesley, Miley, Dale Moody, Grider, Dunning e Oden. Todos afirmam sobre bases bíblicas que a eleição é condicional e a graça resistível, e todavia que a justificação é pela graça apenas por meio da fé apenas, livre, completa e imerecida.
Desde esse dia, no funeral da tia Margaret, tenho me associado com vários evangélicos reformados e aprendido a apreciar tanto eles como sua teologia ainda que permaneço convencido de minha própria perspectiva tanto biblicamente quanto logicamente. Tudo que eu peço é que eles retribuam a gentileza e aceitam aqueles de nós que somos seus irmãos e irmãs evangélicos na fé apesar de sua própria convicção da superioridade de sua teologia.
Certamente podemos aprender a trabalhar e testemunhar e adorar juntos novamente como fizemos no passado. Até John Wesley e seu companheiro calvinista George Whitefield refizeram sua amizade antes que morreram. Wesley pregou no funeral de Whitefield. Foi tudo para a glória de Deus e seu reino eterno que ele fez.
Tradução: Paulo Cesar Antunes
_______________
Roger E. Olson, editor conselheiro da Christianity Today, é autor de A História da Teologia Cristã (Editora Vida, 2000).
sexta-feira, 16 de maio de 2008
Cansaço de domingo.Ricardo Gondim.
Terminado o culto do domingo, aceitei o convite para um belo almoço com amigos de longa data. Conversamos sobre tudo. Lá pelas tantas, falamos sobre os conteúdos de meus sermões. Fui incentivado a manter o curso; mas eles foram cândidos (não é para isso que servem os amigos?): “Ricardo muita gente acha que você endoidou”. “Os seus textos e sermões são discutidos em rodas de bate-papo e o pessoal não economiza pedradas”.
Quase me entalei. Porém, lembrei-me da fúria que neo-fundamentalistas-puritanos mostraram quando abriram fogo contra mim; nada mais me assusta. Sei que os ultra-calvinistas, os donos da melhor teologia, os autênticos interpretes das Escrituras, me tratam como a bola que precisa ser encaçapada; sei que os teólogos da melhor cepa, os professores de seminário, me ridicularizam em classe; sei que os xerifes da reta doutrina já fizeram até programa de rádio para me desmerecerem. Já não me aterrorizo com suas investiduras.
Alguns me tratam como um mal resolvido, amargurado com Deus e com o mundo. Outros me julgam um feixe de contradições, amarrado com barbantes comunistas. São tantas fofocas, que recebi um e-mail questionando se eu aderira ao “ateísmo aberto” – precisei responder que, obviamente, ainda não me considero um ateu.
Há algum tempo, eu pregava na Comunidade de um amigo nos Estados Unidos e recebi um convite para falar noutra igreja. Horas antes do compromisso, o pastor encarregado por aquele culto me telefonou para cobrar “explicações”, porque fora informado de “gravíssimas acusações” contra mim. Ele estava com medo de me receber em sua comunidade; contou, inclusive, que um grupo prometera repetir o piquete na porta da igreja como fizeram no Ceará.
O rescaldo de todo esse infame patrulhamento me dá vontade de rir; mas também me empurra para longe do “mundinho gospel” com sua lógica tosca, com sua intolerância soberba e com seu messianismo ufanista. Ainda hoje, um pastor amigo disse que usou uma citação minha em um sermão e notou que o auditório arregalou os olhos. Quando terminou, perguntaram-lhe se não sabia que eu não devo ser mencionado - sou tão mal visto que estrago a argumentação.
Reajo a tudo isso, dizendo que não devo satisfações senão à minha consciência, às Escrituras e à minha comunidade, onde ministro todos os fins-de-semana. Cheguei à idade que já não espero o olhar de aprovação dos zelosos reverendos denominacionais – aliás, nunca esperei, por isso, quando recebi o batismo no Espírito Santo, fui expulso da igreja Presbiteriana.
Hoje batizamos mais de cinqüenta pessoas, a maioria jovem. Empolguei-me com o brilho de seus olhos. Algo me dizia que essa turma quer servir a Deus sem os ranços de uma religião que cheira a mofo. Notei que os pais também celebravam, ao meu lado, a profissão de fé que seus filhos faziam.
Tem hora que desejo afastar-me de tudo – penso em seguir o exemplo de líderes que não suportaram o jugo dos doutores da lei e tomaram outras estradas. Já pensei em decretar o meu próprio exílio, minha saída radical desse ambiente pequeno que só fatiga, mas contemplo a próxima geração e cobro de mim mesmo: “Continue, por Jesus e por eles!”.
É isso...
Soli Deo Gloria.
Quase me entalei. Porém, lembrei-me da fúria que neo-fundamentalistas-puritanos mostraram quando abriram fogo contra mim; nada mais me assusta. Sei que os ultra-calvinistas, os donos da melhor teologia, os autênticos interpretes das Escrituras, me tratam como a bola que precisa ser encaçapada; sei que os teólogos da melhor cepa, os professores de seminário, me ridicularizam em classe; sei que os xerifes da reta doutrina já fizeram até programa de rádio para me desmerecerem. Já não me aterrorizo com suas investiduras.
Alguns me tratam como um mal resolvido, amargurado com Deus e com o mundo. Outros me julgam um feixe de contradições, amarrado com barbantes comunistas. São tantas fofocas, que recebi um e-mail questionando se eu aderira ao “ateísmo aberto” – precisei responder que, obviamente, ainda não me considero um ateu.
Há algum tempo, eu pregava na Comunidade de um amigo nos Estados Unidos e recebi um convite para falar noutra igreja. Horas antes do compromisso, o pastor encarregado por aquele culto me telefonou para cobrar “explicações”, porque fora informado de “gravíssimas acusações” contra mim. Ele estava com medo de me receber em sua comunidade; contou, inclusive, que um grupo prometera repetir o piquete na porta da igreja como fizeram no Ceará.
O rescaldo de todo esse infame patrulhamento me dá vontade de rir; mas também me empurra para longe do “mundinho gospel” com sua lógica tosca, com sua intolerância soberba e com seu messianismo ufanista. Ainda hoje, um pastor amigo disse que usou uma citação minha em um sermão e notou que o auditório arregalou os olhos. Quando terminou, perguntaram-lhe se não sabia que eu não devo ser mencionado - sou tão mal visto que estrago a argumentação.
Reajo a tudo isso, dizendo que não devo satisfações senão à minha consciência, às Escrituras e à minha comunidade, onde ministro todos os fins-de-semana. Cheguei à idade que já não espero o olhar de aprovação dos zelosos reverendos denominacionais – aliás, nunca esperei, por isso, quando recebi o batismo no Espírito Santo, fui expulso da igreja Presbiteriana.
Hoje batizamos mais de cinqüenta pessoas, a maioria jovem. Empolguei-me com o brilho de seus olhos. Algo me dizia que essa turma quer servir a Deus sem os ranços de uma religião que cheira a mofo. Notei que os pais também celebravam, ao meu lado, a profissão de fé que seus filhos faziam.
Tem hora que desejo afastar-me de tudo – penso em seguir o exemplo de líderes que não suportaram o jugo dos doutores da lei e tomaram outras estradas. Já pensei em decretar o meu próprio exílio, minha saída radical desse ambiente pequeno que só fatiga, mas contemplo a próxima geração e cobro de mim mesmo: “Continue, por Jesus e por eles!”.
É isso...
Soli Deo Gloria.
domingo, 11 de maio de 2008
Ser ou não ser gospel ? Conselhos para sobreviver ao mundo gospel. Ricardo Gondim.
O mundo gospel se torna cada dia mais patético; distante do protestantismo; em rota de colisão com o cristianismo apostólico; transformado numa gozação perigosa; adoecendo e enlouquecendo milhares que são moídos numa engrenagem que condena a um duplo inferno.
Não consigo responder a todas as mensagens que entopem minha caixa postal. Milhares pedem socorro. Eu precisaria ter uma equipe de especialistas, todos me ajudando a atender os que me perguntam: " a maldição do pastor vai pegar mesmo?"; "é preciso aceitar as patadas que recebo do púlpito?"; "em nome da evangelização, devo aturar esses sermões ralos?".
Realmente não dá mais. A grande mídia propaga o que há de pior entre os evangélicos com petição de dinheiro, venda de "Bíblias fantásticas", milagres no atacado e simplismos hermenêuticos. As bobagens alcançaram níveis intoleráveis.
O que fazer? Tenho algumas idéias.
Aconselho que os crentes parem de consumir produtos evangélicos por um tempo. Não compre Cd de música ou de pregação - inclusive os meus. Deixe os livros evangélicos encalharem nas prateleiras - idem, para os meus. Depois que baixar a poeira do prejuízo, ficará notória a diferença entre os que fazem missão e os que só negociam.
Não vá a congressos - inclusive o que eu promovo. Passe ao largo dos "louvorzões". Não sintonize o rádio. Boicote todos os programas na televisão. Não comente, nem critique, a pregação de pastores, bispos, evangelistas e apóstolos. Afaste-se! Silencie! Desintoxique mente, alma e espírito da linguagem, pressupostos e lógicas da "teologia da prosperidade". Volte a ler a Bíblia sem nenhum comentário de rodapé. Alimente seu interior em pequenos grupos. Reúna-se com gente de bom senso.
Estanque seus dízimos e ofertas imediatamente. Repense com absoluta isenção onde vai dar dinheiro. Mas prepare-se; no instante em que diminuírem as entradas, os lobos vestidos de pastor subirão o tom das intimidações. Não tenha medo.
Faça essa simples auditoria antes de investir o seu suor em qualquer igreja ou ministério:
P Quanto tempo é gasto no culto para pedir dinheiro?
P A hora do ofertório vem acompanhada de uma linguagem com "maldição, gafanhoto ou licença legal para ataques do diabo"?
P Prometem-se "prosperidade, colheita abundante, bênção, riqueza", para os que forem fiéis?
P Existe alguma suspeita na administração dos recursos arrecadados? – Lembre-se que há dois níveis de integridade: o ético e o contábil. Não basta manter os livros em ordem; o dinheiro também só pode ser gasto no que foi arrecadado.
Se a resposta para alguma dessas perguntas for sim, ninguém deve se sentir culpado quando não der oferta.
Só haverá arrependimento no dia em que os auditórios se esvaziarem junto com uma crise financeira - o monumental ufanismo evangélico precisa deflacionar.
Concordo, ninguém agüenta o jeito como as coisas estão.
Soli Deo Gloria.
Ricardo Gondim
FONTE: http://www.ricardogondim.com.br/
Não consigo responder a todas as mensagens que entopem minha caixa postal. Milhares pedem socorro. Eu precisaria ter uma equipe de especialistas, todos me ajudando a atender os que me perguntam: " a maldição do pastor vai pegar mesmo?"; "é preciso aceitar as patadas que recebo do púlpito?"; "em nome da evangelização, devo aturar esses sermões ralos?".
Realmente não dá mais. A grande mídia propaga o que há de pior entre os evangélicos com petição de dinheiro, venda de "Bíblias fantásticas", milagres no atacado e simplismos hermenêuticos. As bobagens alcançaram níveis intoleráveis.
O que fazer? Tenho algumas idéias.
Aconselho que os crentes parem de consumir produtos evangélicos por um tempo. Não compre Cd de música ou de pregação - inclusive os meus. Deixe os livros evangélicos encalharem nas prateleiras - idem, para os meus. Depois que baixar a poeira do prejuízo, ficará notória a diferença entre os que fazem missão e os que só negociam.
Não vá a congressos - inclusive o que eu promovo. Passe ao largo dos "louvorzões". Não sintonize o rádio. Boicote todos os programas na televisão. Não comente, nem critique, a pregação de pastores, bispos, evangelistas e apóstolos. Afaste-se! Silencie! Desintoxique mente, alma e espírito da linguagem, pressupostos e lógicas da "teologia da prosperidade". Volte a ler a Bíblia sem nenhum comentário de rodapé. Alimente seu interior em pequenos grupos. Reúna-se com gente de bom senso.
Estanque seus dízimos e ofertas imediatamente. Repense com absoluta isenção onde vai dar dinheiro. Mas prepare-se; no instante em que diminuírem as entradas, os lobos vestidos de pastor subirão o tom das intimidações. Não tenha medo.
Faça essa simples auditoria antes de investir o seu suor em qualquer igreja ou ministério:
P Quanto tempo é gasto no culto para pedir dinheiro?
P A hora do ofertório vem acompanhada de uma linguagem com "maldição, gafanhoto ou licença legal para ataques do diabo"?
P Prometem-se "prosperidade, colheita abundante, bênção, riqueza", para os que forem fiéis?
P Existe alguma suspeita na administração dos recursos arrecadados? – Lembre-se que há dois níveis de integridade: o ético e o contábil. Não basta manter os livros em ordem; o dinheiro também só pode ser gasto no que foi arrecadado.
Se a resposta para alguma dessas perguntas for sim, ninguém deve se sentir culpado quando não der oferta.
Só haverá arrependimento no dia em que os auditórios se esvaziarem junto com uma crise financeira - o monumental ufanismo evangélico precisa deflacionar.
Concordo, ninguém agüenta o jeito como as coisas estão.
Soli Deo Gloria.
Ricardo Gondim
FONTE: http://www.ricardogondim.com.br/
TRATAMENTO DE CHOQUE
Isso é o que se pode chamar de tratamento de choque! Segundo a Agência Folha, 10/05/2008, um pastor foi preso ontem sob suspeita de manter em cárcere privado 200 pacientes de um centro de reabilitação para dependentes químicos em um sítio de Guaíba na região metropolitana de Porto Alegre.
Em ação na quarta-feira para apurar denúncia de que internos estariam sendo torturados no local, a Polícia Civil encontrou oito porretes, uma espada de samurai e um instrumento artesanal de madeira com pregos e fio elétrico, além de medicamentos antidepressivos sem prescrição médica.
A clínica Associação Terapêutica Cristã, conhecida como "Cidade do Refúgio", é dirigida pelo pastor Tarcílio Quirino, preso ontem, e fica na zona rural de Guaíba. Funcionava havia pelo menos 12 anos. Em cinco unidades, atendia 335 pacientes. Em junho de 2006, recebeu da Câmara Municipal de Porto Alegre o "Troféu Não às Drogas".
Segundo o advogado da entidade Armando Domingos, o pastor é ex-usuário de drogas, ex-traficante e já ficou preso no Carandiru, em São Paulo. "Ele teve uma juventude muito violenta, e depois se voltou à vida religiosa", disse.
Para ficar no local, pacientes pagavam de R$ 400 a R$ 1.000 por mês. Alguns pacientes que deixaram a clínica nesta semana apresentavam lesões corporais e fizeram exames de corpo de delito.
Até ontem, pelo menos 110 pessoas haviam passado pela Secretaria da Assistência Social para serem encaminhadas para casa. "Fizemos contatos com as famílias e providenciamos passagens de ônibus para os pacientes que não são da cidade", disse Santos.
A entidade tem convênio com a Prefeitura de Guaíba, que repassa cerca de R$ 2.000 por mês para custear água e luz.
Segundo o secretário Santos, o acordo está encerrado desde janeiro. Entre os pacientes, apenas 78 moram em Guaíba. Segundo Santos, cerca de 15 menores de 18 anos que estavam internados no local tiveram de ser encaminhados ao Conselho Tutelar.
Segundo a promotora Cinara Dutra, a clínica não tem médicos e enfermeiros contratados nem alvará da Vigilância Sanitária para funcionar. Ela afirmou que um termo de ajustamento de conduta foi assinado na última terça-feira entre Promotoria, prefeitura e direção da clínica, que se comprometeu a contratar uma equipe com médicos e enfermeiros.
A promotora disse que o pastor resolveu, no dia seguinte, "mandar todo mundo embora", o que justificou sua prisão. Alguns pacientes andaram 12 km a pé até o centro da cidade.
Isto é o que acontece quando alguém, que não está preparado, quer exercer uma função que não conhece. Como se costuma dizer: "Cada macaco no seu galho".
O pastor é um cura d'almas, e não um médico psiquiatra. A sua função é libertar as pessoas das trevas do pecado usando o instrumento que Deus lhe deu: a espada do Espírito, que é a palavra de Deus. Diz o Salvador Jesus: "Se permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" (João 8.31,32).
Se um pastor não souber lidar com a palavra de Deus, que mude de função - ou de nome: que, em vez de pastor, se chame de charlatão. Assim ao menos não ficará envergonhando a igreja de Deus.
Abraços e votos de bênçãos de Deus.
Pastor Lindolfo Pieper
http://www1.folha.uol.com.br/folha
Em ação na quarta-feira para apurar denúncia de que internos estariam sendo torturados no local, a Polícia Civil encontrou oito porretes, uma espada de samurai e um instrumento artesanal de madeira com pregos e fio elétrico, além de medicamentos antidepressivos sem prescrição médica.
A clínica Associação Terapêutica Cristã, conhecida como "Cidade do Refúgio", é dirigida pelo pastor Tarcílio Quirino, preso ontem, e fica na zona rural de Guaíba. Funcionava havia pelo menos 12 anos. Em cinco unidades, atendia 335 pacientes. Em junho de 2006, recebeu da Câmara Municipal de Porto Alegre o "Troféu Não às Drogas".
Segundo o advogado da entidade Armando Domingos, o pastor é ex-usuário de drogas, ex-traficante e já ficou preso no Carandiru, em São Paulo. "Ele teve uma juventude muito violenta, e depois se voltou à vida religiosa", disse.
Para ficar no local, pacientes pagavam de R$ 400 a R$ 1.000 por mês. Alguns pacientes que deixaram a clínica nesta semana apresentavam lesões corporais e fizeram exames de corpo de delito.
Até ontem, pelo menos 110 pessoas haviam passado pela Secretaria da Assistência Social para serem encaminhadas para casa. "Fizemos contatos com as famílias e providenciamos passagens de ônibus para os pacientes que não são da cidade", disse Santos.
A entidade tem convênio com a Prefeitura de Guaíba, que repassa cerca de R$ 2.000 por mês para custear água e luz.
Segundo o secretário Santos, o acordo está encerrado desde janeiro. Entre os pacientes, apenas 78 moram em Guaíba. Segundo Santos, cerca de 15 menores de 18 anos que estavam internados no local tiveram de ser encaminhados ao Conselho Tutelar.
Segundo a promotora Cinara Dutra, a clínica não tem médicos e enfermeiros contratados nem alvará da Vigilância Sanitária para funcionar. Ela afirmou que um termo de ajustamento de conduta foi assinado na última terça-feira entre Promotoria, prefeitura e direção da clínica, que se comprometeu a contratar uma equipe com médicos e enfermeiros.
A promotora disse que o pastor resolveu, no dia seguinte, "mandar todo mundo embora", o que justificou sua prisão. Alguns pacientes andaram 12 km a pé até o centro da cidade.
Isto é o que acontece quando alguém, que não está preparado, quer exercer uma função que não conhece. Como se costuma dizer: "Cada macaco no seu galho".
O pastor é um cura d'almas, e não um médico psiquiatra. A sua função é libertar as pessoas das trevas do pecado usando o instrumento que Deus lhe deu: a espada do Espírito, que é a palavra de Deus. Diz o Salvador Jesus: "Se permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" (João 8.31,32).
Se um pastor não souber lidar com a palavra de Deus, que mude de função - ou de nome: que, em vez de pastor, se chame de charlatão. Assim ao menos não ficará envergonhando a igreja de Deus.
Abraços e votos de bênçãos de Deus.
Pastor Lindolfo Pieper
http://www1.folha.uol.com.br/folha
Assinar:
Postagens (Atom)