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sexta-feira, 2 de outubro de 2009
36SEXXX
36SEXXX
O que é?
Esse projeto nasceu do desejo de fazer mais do que simplesmente desafiar. Nasceu do desejo de fazer algo palpável para aqueles que aceitarem a proposta de viver uma vida de pureza sexual, e de durante 36 dias refletir a respeito disso.
Nosso objetivo é viabilizar tudo que acreditamos e tudo que viemos aprendendo no ministério para a vida de cada um que se dispor a refletir e orar, e mais que isso… viver uma vida pura.
Durante 36 dias, vamos separar nossa atenção para tratar de assuntos relacionados a sexualidade, cremos que a pureza sexual é algo que é desenvolvido no dia a dia, assim como a nossa salvação, mas pra quem tem a vida toda pela frente 36 dias não são muita coisa.
Neste período vamos orar, ler, pensar, escrever, desenhar, cantar, pular, dançar, enfim! Fazer e acontecer de muitas formas para dar a oportunidade de realmente sermos transformados por Deus através da reflexão, oração e confissão sobre um assunto que é tão pouco falado hoje em dia dentro de nossas igrejas: séquisô, e todas as suas vertentes que de alguma forma foram deturpadas ao longo do tempo.
Pra quem é?
O objetivo é convidar adolescentes e jovens a participarem, mas se você não se encaixa nesse perfil, não se sinta tiozão! Deus pode mostrar muitas coisas de muitas maneiras, não tem como limitar.
Agora, se você já é casado talvez algumas partes disso tudo não façam muito sentido, pois você já tem carta branca de Deus pra brincar, mas ainda assim: mas isso não significa que você não corre o risco de estar vivendo o sexo fora daquilo que Deus planejou.
Como funciona?
“Ser salvo não custa nada, ser discípulo custa tudo”.
É simples. Considere a proposta como um jejum “sexual”. O que sugerimos não é nada além do que a Bíblia já não proponha. Mas pra tratar de forma prática, o que estamos falando é que durante esses 36 dias, você se abstenha de masturbação, pornografia, e qualquer tipo de comportamento que te leve a pecar na área sexual (a segunda ou a primeira olhada, aquela blusa decotada, o xaveco desnecessário, a saia curtíssima, o comentário sobre a menina, o programa de TV que só passa depois da meia noite), se você é solteiro não fique, se você namora não apalpe… gaste o tempo refletindo, conversando e crescendo em amor com aqueles que estão perto de você. Podemos sugerir, mas esses 36 dias vão acontecer da forma que você encará-los.
Propomos uma tentativa de viver a vida de forma pura, ou pelo menos da forma como Deus gostaria que vivêssemos a nossa sexualidade enquanto jovens, e enquanto cidadãos do mundo HOJE. E é claro… não só por 36 dias.
Você não é santo demais pra tentar…FONTE: http://sexxxchurch.com/home/
Tsunami: Carta Aberta a Ricardo Gondim - por Pr. Eros Pasquini
A “carta aberta” abaixo foi escrita pelo Pr. Eros Pasquini em virtude de um artigo do Pr. Ricardo Gondim (”Quem Deus ouviu primeiro”), disponível no site do mesmo, no qual ele defende a heresia do “Open Theism” [Teísmo Aberto], fazendo declarações absurdas e blasfemas a respeito de Deus.
Para ajudar o leitor, postaremos os textos na seguinte ordem:
1 – Texto do Pr. Gondim – “Quem Deus ouviu primeiro”;
2 – “Carta aberta” do Pr. Eros Pasquini;
3 – Réplica do Pr. Gondim;
4 – Tréplica do Pr. Eros Pasquini;
Nos textos do Pr. Eros, deixaremos as citações do Gondim, às quais ele faz referência, em azul, para facilitar a leitura.
1 – Texto do Pr. Ricardo Gondim:
O texto abaixo foi retirado do site do Pr. Ricardo Gondim, mas não se encontra mais disponível.
Quem Deus ouviu primeiro?
Ricardo Gondim
No domingo, 26 de dezembro, cantamos Noite Feliz, Noite de Paz. A igreja lotada com cerca de duas mil pessoas, se comovia com o coral de homens e mulheres sorridentes, vestidos de batas prateadas. Celebramos uma autêntica noite de paz. Um holofote de luz azulada se refletia nas roupas colorindo todo o ambiente de uma penumbra bucólica. Apesar do verão em nosso hemisfério, um frio tímido e gostoso nos envolvia, dando a falsa impressão de um natal europeu. Em pé, cantamos que Deus é supremo e afirmamos, de olhos úmidos, que não há outro além do Senhor.
Naquele mesmo momento, na Ásia, os primeiros raios da madrugada da segunda-feira, dia 27, iluminavam o rosto inchado de crianças boiando em charcos de lama. O domingo terminara sem nenhum coral perfilado e sem cultos em nenhuma igreja. Só ressoavam gritos de mulheres, milhares delas, que mesmo acostumadas à miséria, nunca aprenderam a aceitar a morte. Na Índia, Sri Lanka, Tailândia, Indonésia, não houve noite de paz e ninguém “dormiu em derredor”.
Deus ouvia quem? Nosso culto intimista ou o caos asiático? Ele conseguia se manter atento à nossa gratidão pela mesa farta que devoramos dois dias antes, ou se curvava ao clamor dos órfãos do tsunami? Deus percebeu nossos olhos comovidos pelo presépio improvisado por nossos filhos ou atentava ao choro da viúva solitária? Será que o Senhor considerou ridículo o sermão do pastor que naquele momento prometia, um ano novo de prosperidade e que o Todo Poderoso cumpriria os desejos de um auditório egocêntrico? Será que Deus pode ser tão perfeito que consiga separar tão perfeitamente momentos simultâneos?
Não consigo dormir faz três dias. Permaneço em estado de choque pelo que vi. Não esqueço aquela cena das pessoas num ponto de ônibus, agarradas umas às outras, gritando desesperadas por um socorro que não veio. Chorei quando a televisão mostrou o desespero de um pai desmaiado por haver presenciado o resgate do corpo de seu filho de um monturo de lixo. Não me considero um exemplo de sensibilidade, e nem minha empatia pela sorte dos desvalidos serve de modelo para a humanidade. Se eu que sou mau, não consigo continuar impassível diante de cenas tão chocantes, Deus conseguiria?
Admito que esses meus questionamentos não ajudam a dar respostas sobre uma teodicéia convincente. Sei o que os filósofos e teólogos perguntam: “Se Deus é onipotente e bom, como pôde acontecer tamanha tragédia? Se Ele é onipotente e nada fez, resta-nos pensar que não é bom. Se é bom e não tomou nenhuma iniciativa, temos que deduzir que não é onipotente”.
Alguns respondem que na sua providência eterna, Ele sabe o que faz e que seus “atos divinos” não podem ser argüidos por nós, meros vasos de desonra; Deus dá vida e mata quem quiser. Confesso que já tentei, mas cheguei à conclusão que não há nenhuma força persuasiva no universo que me convença desses argumentos. Não aceito que Deus, para alcançar seu propósito, produza um sofrimento brutal em tanta gente miserável, que não pediu para nascer na beira de uma praia paupérrima. Outros argumentam que Deus não pode ser responsabilizado por um holocausto, pelos simples fato de que não foi Ele quem colocou as pessoas pobres naquela situação de extrema miséria. Esses afirmam que embora Deus já soubesse todos os desdobramentos do terremoto, não fez nada, porque queria manifestar sua glória a um mundo rebelde. Será que a glória de Deus custa tão caro? Meu coração continua insatisfeito.
Acredito que diante duma tragédia dessa magnitude precisamos repensar alguns conceitos teológicos. Por exemplo: o que significa a palavra Soberania; o que se entende por Onipotência? Conceitos como esses significam o quê dentro dos paradigmas das ciências sociais pós-modernas? Será que não estamos insistindo em ler as Escrituras com as mesmas lentes dos medievais? Não projetamos para a Divindade as mesmas idéias que eles nutriam sobre seus reis déspotas?
Estou convencido que a teologia clássica não responde mais às indagações que nascem diante de eventos fortuitos que matam indiscriminadamente; sequer consegue lidar com a aleatoriedade quântica ou com os movimentos despropositais da natureza. Sinto que a mensagem evangélica utilitária e geradora de sentimentos ensimesmados, perdeu seu sentido, mesmo tendo dominado o cristianismo ocidental por séculos.
Admito que não há respostas fáceis. Eu não saberia como consolar os parentes das mais de sessenta mil pessoas mortas – um terço eram crianças. Porém, estou certo que precisamos rever os alicerces em que montávamos nosso edifício teológico.
Hoje sei que Deus não nos criou com o intuito de micro gerenciar todos os nossos atos. Ele não queria que formássemos sistemas religiosos em que O responsabilizaríamos por triunfos e tragédias humanas. Precisamos tomar cuidado quando afirmamos: Deus é amor! O que essa frase significa em relação à Sua ausência misteriosa? Quais as últimas implicações do Seu desejo de se relacionar com a humanidade? A não-onipotência de Jesus Cristo é semelhante à não-onipotência de Jeová?
Só uma réstia da revelação brilha em minha alma: o Deus da Bíblia soberanamente criou o universo, mas ao formar mulheres e homens, abriu mão de sua Soberania para estabelecer relacionamentos verdadeiros. Ele não se despojou de sua natureza onipotente, que por definição não podia fazer, mas se esvaziou de suas prerrogativas divinas – evidenciadas em Jesus Cristo.
Não, Ele não pôde evitar a catástrofe asiática. Assim, sinto que a morte de milhares de pessoas, machucou infinitamente mais o coração de Deus do que o meu – o sofrimento é proporcional ao amor. O pouco que conheço sobre Deus e sobre seu caráter me indica que há muitas lágrimas no céu.
Mas Deus podia e pode se fazer presente no meio da tragédia. Ele podia ter evitado muitas mortes, se déssemos ouvidos aos seus princípios e verdades e a humanidade usasse o dinheiro gasto em armas e bombas para viver num mundo mais justo. Bastava que um sistema de alarme, construído pelos homens, tivesse soado e muitas vidas teriam sido poupadas. Agora, o rosto de Deus se evidenciará nos pés e nas mãos de cada voluntário que acudir aos que choram.
Continuo perplexo diante de tudo o que nos sobreveio e sem todas repostas, mas espero que minhas intuições estejam me conduzindo no rumo certo.
Soli Deo Gloria
2 -”Carta Aberta” do Pr. Eros Pasquini:
Gondim me assusta! Em lugar de ser um “ministro da reconciliação”, num momento crítico da humanidade, ele se constitui num “ministro da tragédia”, alguém que, em lugar de aproveitar a oportunidade para firmar nossa convicção no Deus da Bíblia, parece se fascinar em semear dúvida… como se Deus estivesse perdendo Sua soberania, Sua onipotência, onipresença, etc.!
Você gostaria de passar a eternidade com o Deus que Gondim descreve? Eu não!!
“[Deus] não pode evitar a catástrofe asiática”…
“…o Deus da Bíblia soberanamente criou o universo, mas ao formar mulheres e homens, abriu mão de sua Soberania para estabelecer relacionamentos verdadeiros”…
Desde quando um Deus Soberano é um Deus a Quem nós possamos “entender”, “explicar Seus atos”, exceto naquilo que Ele mesmo se dignou, por graça e misericórdia, nos revelar através da Bíblia e de Jesus?
“Não aceito que Deus, para alcançar seu propósito, produza um sofrimento brutal em tanta gente miserável, que não pediu para nascer na beira de uma praia paupérrima”. A Bíblia de Gondim deve estar desprovida de Romanos 9.13-24! …terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia e terei compaixão de quem eu quiser ter compaixão… a Escritura diz ao faraó: “Eu o levantei exatamente com este propósito: mostrar em você o meu poder, e para que o meu nome seja proclamado em toda terra”… Quem é você, ó homem, para questionar a Deus?
“Não aceito que Deus… Quem é você, ó Gondim, para questionar a Deus? Desde quando Deus nos deve satisfação do que faz? Não é o recado claro que Deus dá a Jó (38-41)? À luz das declarações de Gondim, como ficam versículos como Jó 42.2: Sei que podes fazer todas as coisas; nenhum dos teus planos pode ser frustrado?
É claro que eu, também, como você e como Gondim, venho assistindo a tudo, perplexo, com lágrimas nos olhos, coração inquieto, inevitavelmente recorrendo à pergunta humana e natural “por quê?”, por vezes, principalmente pelos milhares que morreram sem Cristo, e pensando em tantos de nossos irmãos que perderam tudo que possuíam e também seus queridos (os irmãos que morreram, apesar do modo, estão com Cristo!) e estão lutando, em seus corações com conceitos como Soberania, Bondade, Amor de Deus, etc. Essa luta todos temos (os da Ásia, é claro, em grau além do que possamos imaginar). Mas Deus nos deu Sua Palavra – livros como Jó, situações como a de Oséias (ordenado por Deus a casar-se com uma mulher adúltera), como a de Ezequiel [livro de inconfundível relatar da Soberania de Deus em ação, onde Deus tem a liberdade de condenar, estando igualmente livre para ser misericordioso], onde o profeta é informado pelo SENHOR que perderá a mulher e é proibido de chorar a perda (24.15-18) para poder comunicar uma mensagem clara de Deus ao povo impenitente… a Bíblia de Gondim não tem esses textos? Pior que tem…
“A não-onipotência de Jesus Cristo é semelhante à não-onipotência de Jeová?” Quando Gondim solta uma pergunta assim, ele está revelando ignorância de um “pilar” da Cristologia – a unidade hipostática (união em uma única Pessoa, das naturezas humana e divina), querendo atribuir a Deus Pai uma humanidade que não possui, ou ele está querendo minar intencionalmente a confiança das pessoas no Deus que é:
o Espírito
o Vida
o Perfeito
o Único
o Eterno
o Santo
o Transcendente
o Auto-suficiente
o Infinito
o Imutável
o Onipotente
o Onipresente
o Onisciente
o Soberano
o Fiel
o Amor
o Luz
o Verdade
o Bom
o Sábio
o Justo
o Misericordioso
o Gracioso
o Irado (contra o pecado e os ímpios)
o Perdoador
o Paciente
o Reto
o …?
“Acredito que diante duma tragédia dessa magnitude precisamos repensar alguns conceitos teológicos…. [como Soberania, Onipotência]… dentro dos paradigmas das ciências sociais pós-modernas”. Essa é MUITO inquietante! Gondim certamente já leu a respeito de uma tragédia ligeiramente maior, chamada Dilúvio, provocada por Deus para julgar a malignidade humana, ou ele acha que isso é mito? Quantos morreram naquela “tragédia”? Com certeza, mais que 155,000!
“Diante duma tragédia dessa magnitude”, ele diz, sugerindo, nas entrelinhas, que sofremos mais hoje em dia. Vejo isso como um egocentrismo simplório, como se o mundo jamais tivesse experimentado outras catástrofes: o que dizer do terremoto de Shansi, China, que em 1556 matou 830,000 pessoas? Da inundação de 1887 na mesma China, que ceifou a vida de 1 milhão de pessoas? Do ciclone que em 1997 matou 300,000 no Paquistão e Bangladesh?
Até quando vamos nos calar diante de líderes cuja cosmovisão passa primeiro pelo filtro da mente humana, interpretando a História com base no raciocínio, na observação, na experiência e na sabedoria humanos, fazendo das ciências sociais o parâmetro, forçando a Bíblia – a auto-revelação inerrante e suficiente do Deus Soberano, Criador e Sustentador dos céus e da terra e nosso Salvador/Senhor – a ter que se encaixar com o que o homem, no auge de sua arrogância, pensa? 1 Coríntios 1.18-2.5 trata disso!
” …espero que minhas intuições estejam me conduzindo no rumo certo”, diz Gondim. A Bíblia responde: O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença incurável. Quem é capaz de compreendê-lo? (Jr 17.9). Ouve quem quer!
Será que vamos assistir a esse “sutil (embora nem tanto)” ressurgimento pós-moderno da neo-ortodoxia (misturada com deísmo), calados? Infelizmente, há bastante gente em nossas igrejas que está lendo e ouvindo homens que têm esse tipo de convicção. Há líderes que estão preferindo dar ouvidos a discursos como esse a “mergulhar nas Escrituras” à busca de respostas… dá menos trabalho! Esse tipo de interpretação da História está brotando em muitos seminários outrora sérios para com a Palavra de Deus e está gerando “líderes” que têm esse discurso de um deus impotente, de um dualismo que mais parece um Luke Skywalker sendo cada dias mais vencido por Darth Vader.
Solução? Judas 3, caríssimos! precisamos batalhar pela fé de uma vez por todas confiada aos santos!
Estamos vivendo dias na igreja brasileira que se chama pelo nome de Jesus Cristo em que precisamos atentar, mais do que nunca, criteriosamente à exortação de Paulo: Pregue a Palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina. Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; ao contrário, sentindo coceira nos ouvidos, juntarão mestres para si mesmos, segundo os seus próprios desejos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos. (2 Tm 4.2-4).
Maranata!
Eros Pasquini
3 – Réplica do Pr. Ricardo Gondim à “Carta Aberta” acima:
Eros,
Recebi, consternado e triste, sua reação ao meu texto. Não por sua discordância, já que nenhum de nós fala “ex-catedra” sobre qualquer assunto. Porém, não estou acostumado a tanta virulência. Aliás, a essa altura de minha vida o que menos quero é vivenciar hostilidades, de qualquer espécie. Para mim, seria mais importante tê-lo como meu irmão do que um parceiro que simpatiza com minha teologia.
Ficou bastante claro que não concordamos em vários posicionamentos teológicos, mas infelizmente, não há mais clima relacional para debatermos os nossos conteúdos. Minha percepção é que você não se preocupou comigo como um irmão, mas se apressou em me rotular e me tratar como herege, que, “no auge de sua arrogância”, semeia pensamentos vãos. Fico triste que no debate de idéias, para consolidar os pontos de vista, firamos as pessoas com frases do tipo:”Gondim me assusta”; “Ele se constitui num ‘ministro da tragédia’”, “Você gostaria de passar a eternidade com o Deus que Gondim descreve?”.
Lamento que minhas inquietações tenham gerado tanta indignação em sua alma. Não, não estou querendo “minar intencionalmente a confiança das pessoas no Deus que é”. Talvez, antes de fazer uma declaração dessas, com forte conteúdo de juízo, você devesse passar algum tempo comigo para saber por onde caminha meu coração, minhas lágrimas pessoais, minhas dúvidas.
Sabe Eros? Você está corretíssimo em sua teologia, quem sou eu para negar os textos citados? Continue um paladino da ortodoxia. Defenda a fé. Confesso que não sou tão inabalável; assim, me recolho com minhas dores, procurando, na comunidade onde pastoreio, transformar meu “egocentrismo simplório”, em expressões concretas de compaixão.
Ricardo Gondim
4 -Tréplica do Pr. Eros Pasqnini:
Gondim,
Passei o dia fora, ontem, e só li seu e-mail há pouco.
Se a situação fosse inversa, eu também ficaria “consternado e triste”. Entretanto, sendo “profeta” como você também o é, a forma como você manifestou suas “lágrimas pessoais, por onde anda [seu] coração” – ou seja, publicamente - passou um recado claro: ele quer ser conhecido como quem pensa assim; e frases como “não há nenhuma força persuasiva no universo que me convença desses argumentos [que Deus age sem dar satisfação a nós]… não aceito que Deus, para alcançar seu propósito, produza um sofrimento brutal em tanta gente miserável, que não pediu para nascer na beira de uma praia paupérrima… apontam para o fato de que você aparentemente já se fechou para o que a própria Bíblia diz a esse respeito… não são bem as minhas declarações que tem “forte conteúdo de juízo”… suas declarações falam por si só: Conceitos como esses [Soberania, Onipotência) significam o quê dentro dos paradigmas das ciências sociais pós-modernas? Você mudou de cosmovisão – abandonou sua confiança na suficiência das Escrituras para colocar os paradigmas das ciências sociais pós-modernas como parâmetro para se enxergar a Deus. E quando você acrescenta: Será que não estamos insistindo em ler as Escrituras com as mesmas lentes dos medievais?, são minhas declarações que tem “forte conteúdo de juízo”, ou você não está dizendo que quem mantém sua confiança na literalidade da Palavra de Deus é retrógrado?
Se você tivesse, digamos, desafiado pessoas que vivem da Palavra, pregam a Palavra, para uma reflexão fechada, séria, de coração aberto – tipo criar um e-group só para isso – com o nome de todos citado no “Para, Cc”, eu veria isso com olhos de quem se lembra que, de vez em quando, minha cabeça também pira, e só a mulher com quem, pela graça de Deus, estou casado há quase 32 anos conhece boa parte dessas “minhas inquietações”… aí, alguns (poucos) amigos bem chegados conhecem uma parte menor dessas “minhas inquietações”… até que através da ajuda de um ou vários deles, ou de uma boa leitura de conteúdo bíblico, de uma pregação bíblica, ou através de meu próprio tempo na Palavra e oração… Deus se mostra novamente Soberano, Gracioso, Misericordioso, etc. Aí as “minhas inquietações” provam ser fruto de um homem que, conhecedor da Palavra (como você, também, o é), conhecedor de tantas bênçãos (como você, também, o é), por um descuido, tirou os olhos de Jesus. Não foi a única vez que esse “tirar os olhos de Jesus” aconteceu, mas a que mais me marcou foi quando esbravejei com Deus (punho cerrado) quando soube que meu pai estava com câncer e tinha dias contados. Não recomendo isso para ninguém, e sei que Deus não é glorificado quando temos esse tipo de atitude… mas Deus é tão gracioso e misericordioso que usou aquele momento (são passados 28 anos) para que a Soberania Dele deixasse de ser um conceito de sala de aula, guardado no intelecto, e passasse a ser “massa do meu sangue” – algo bem presente no meu coração. Deus me encheu de tanta paz e convicção que no culto de sepultamento do papai, meu texto foi: Os passos do homem são dirigidos pelo Senhor; como, pois, poderá o homem entender o seu caminho? Pv 20.24.
Mas do jeito que você fez – publicamente – foi mais que “sua inquietação” … mesmo que não tenha sido sua intenção, acabou sendo “sua ‘pregação’ “! Gondim, você sabe que tem um público (grande) te ouvindo… certamente muitos que nunca passaram sequer por uma Escola Dominical, um grupo de estudo bíblico, etc. … lançar para esse tipo de público “suas inquietações”, você me deixou alguma outra alternativa?
Entretanto, acreditando na sinceridade* de suas declarações abaixo, dando-lhe, portanto, o benefício da dúvida, e isso aliado ao acima exposto, talvez eu tenha deixado de lado uma provável alternativa… ao dizer o que você disse, da forma que disse, e para quem disse… você agiu, espiritualmente falando, com irresponsabilidade (precipitação), em lugar de ter intenção errada. E se esse for o caso, o tempo dirá, e eu serei o primeiro a reconhecer que errei na minha análise.
Encerro pedindo que você leia o artigo anexo: vem de um obreiro da HCF -Hospital Christian Fellowship, no Sri Lanka, que ao contrário de nós dois, está vivendo na pele o drama que nós só vimos à distância. Quando li, fiquei envergonhado de chegar a “pirar” por motivos tão menores, comparativamente insignificantes. Espero que faça bem ao teu coração*.
Eros
-O Anexo:
Tradução da carta disponível na internet (sem revisão)
Disseram-me: Os restantes, que não foram levados para o exílio e se acham lá na província, estão em grande miséria e desprezo; os muros de Jerusalém estão derribados, e as suas portas queimadas a fogo. Tendo eu ouvido estas palavras, assentei-me e chorei, e lamentei por alguns dias; e estive jejuando e orando perante o Deus dos céus”.
Neemias 1: 3 e 4
Saudações no nome de Jesus.
Deus é Bom! Deus é Gracioso! Deus é Generoso! Deus é Ótimo!
Obrigado
Muito obrigado por todas as expressões de amor e preocupação e cuidado para conosco e com todas as nações que foram atingidas pelas ondas do maremoto. O que uma devastação tem causado! Obrigado também por toda a ajuda prática enviada. Por favor, nos perdoe pela demora em responder. Eu estava em Batticaloa, uma das piores áreas atingidas, executando apoio médico.
Essa manhã, enquanto lia as muitas cartas que recebemos, chorei. Elas me tocaram profundamente. OBRIGADO! O amor e orações de vocês curaram meu enfraquecimento e meus sentimentos internos.
Colegas do Hospital Christian Fellowship
Alguns de vocês perguntaram sobre nossas colegas. Sim, alguns de nossos caros amigos perderam alguns de seus queridos. Uma doutora perdeu sete de sua família, incluindo os pais. Outro perdeu cinco membros de sua família. Muitos crentes também morreram. Um pastor, enquanto ajudava as pessoas mais velhas de sua igreja, perdeu a esposa e dois filhos. Deus está os confortando. Muitas crianças também morreram. Há muitos outros bastante afetados.
Situação
Estamos muito preocupados com a terrível destruição da Sumatra, Índia, Andaman, Myanmar, Tailândia, Malásia, Maldivas e outros lugares. Aqui no Sri Lanka, o número de mortos continua crescendo. É maior do que ouvimos ou esperamos. Muitos estão desaparecidos e corpos continuam a serem descobertos.
Há 750 centros de refugiados e muitos estão desabrigados. Os auxílios terão que ser bem coordenado a curto e longo prazo. Levará muito tempo para escrever as histórias de destruição de vidas e casas, etc. e também as surpreendentes histórias de sobreviventes. Deus estava bem presente em todas elas apesar do horror.
As pessoas ainda estão meio estupefatas e chocadas. Há luto e lágrimas e um senso de desesperança e choque. A Igreja no Sri Lanka está realmente agindo com compaixão e cuidado.
Auxílio
Estamos envolvidos com o auxílio médico e trabalhando na coordenação com a Aliança Evangélica Nacional do Sri Lanka (afiliada a WEF). Foi muito tocante ministrar a centenas de refugiados e também ministrar ao Corpo de Cristo nessas áreas. Pudemos ver como a palavra de Deus causou tanto impacto e os animou. É muito difícil saber como coordenar, apesar disso Deus está ajudando.
Obrigado de novo pela vontade de muitos de virem aqui. Hoje o governo disse que há médicos estrangeiros o suficiente e que equipes médicas terão que ser registradas. Ainda procuramos clareza nisso. Ainda acreditamos que há uma enorme necessidade, mas é preciso sabedoria para coordenar isso através de centros baseados nas igrejas.
Promessas
Em meio a tudo isso Deus está dando promessas para o futuro. Na noite do dia 31 eu estava pensando que era provavelmente a primeira vez em 40 estanhos anos que eu não ia a um culto de véspera de ano novo. Mesmo assim vieram esses pensamentos:
2005 – Um ano do favor do Senhor.
a) 1 hora de maremotos que causou destruição. “Senhor, que esse ano seja cheio com ondas após ondas da graça de Deus e Sua amorosa bondade”.
b) Um severo terremoto – “Senhor, mande um terremoto espiritual às nações, um verdadeiro avivamento espiritual”.
c) Morte e destruição – “Senhor, nos mande vida em abundância”.
d) Tristeza e luto – “Senhor, nos dê um ano de alegria. Oh! Por um ano do favor do Senhor”.
Também estamos alertas sobre a segunda vinda de Cristo. Como repentinamente as coisas acontecem, devemos falar mais sobre a sua segunda vinda e vida com valores eternos em mente. Ele já está voltando!
Jeová Jireh
Deus observará isso!
Deus será visto!
Deus tornará isso claro!
Não agora, mas nos dias futuros, algum dia, de alguma maneira, iremos entender.
Em nossa viagem para o Oriente, eu fui secretamente e surpreendentemente tocado por como Deus provê. De pessoas a veículos, a acomodações, a remédios, a refeições, a aberturas, a finanças. Foi simplesmente muito, muito precioso.
Sim, Ele é Jeová Jireh! E Ele tem dado a maior provisão para a maior necessidade de todas, JESUS!
Também, enquanto ministramos àqueles que estavam de luto, os seguintes pensamentos vieram à minha mente.
Jesus é o Homem de dores – Então Ele pode confortar os feridos.
Jesus morreu e conquistou a morte – Então Ele pode nos fortalecer em face à morte e remover o medo dela.
Ele é a Luz – Então Ele pode iluminar a nossa escuridão.
Ele é o Deus da Aliança. Êxodo 34 : 5 e 6 – Ele julga o pecado até a terceira e quarta geração. Mas sua misericórdia é 250 vezes mais, a mil gerações.
Também para as crianças que morreram e foram arrastadas, o Senhor irá levantar uma jovem, santa geração, os nazireus.
“Aquele que não poupou a seu próprio filho, antes por todos nós o entregou, porventura não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?“.Romanos 8:32
Ore por sabedoria para saber como coordenar as coisas aqui com respeito ao trabalho médico.
Obrigado de novo por toda essa expressão de amor, preocupação e ajuda.
Com muito amor,
Arul & Ranji & Família da HCF
FONTE: http://monergismo.com/?p=1037
TEOLOGIA RELACIONAL: A INÚTIL DISCUSSÃO ACERCA DE DEUS - Caio Fábio
Piedosas são sempre as tentativas humanas de pensar Deus sem vivê-Lo.
Sim! Quando a alma não quer a revelação e suas implicações de uma existência em fé e sem justiça-própria, entregando o ser sem para-quedas a Deus, o que surge é uma “teologia”.
Cada vez mais me perguntam o que acho da Teologia Relacional ou do Processo, as quais só não são a mesma coisa por uma diferenciação escolástica.
Ora, sem mencionar tais nomes em muito do que escrevo, entretanto deixo claro o que penso em todos os conteúdos deste site, os quais (os conteúdos) batem de frente-frente contra tais especulações.
Mas para aqueles que só entendem as coisas se elas tiverem nome e endereço, digo aqui o seguinte:
1. Que é loucura humana buscar entender como Deus é para além da revelação que Jesus fez e faz do Pai. Deus é Deus. E cabe ao homem amá-Lo conforme o que Dele se pode conhecer ou nos é revelado.
2. Que a especulação sobre a relação de Deus com a História Humana que não se fundamente na revelação que Jesus trás de Deus é tola, infantil, presunçosa e inútil.
3. Que tais especulações apenas desviam a atenção para algo que não se pode conhecer, em detrimento do que de Deus se pode conhecer.
4. Que Deus não é conhecido pelo intelecto, mas pela sensibilidade que tem no espírito humano seu chão e sua base. Assim, Deus se revela sem se explicar.
5. Que tanto o Calvinismo como também a Teologia Relacional são manifestações humanas equivocadas, ainda que sinceras, pois a Escritura é propositalmente contraditória e paradoxal aos sentidos humanos, posto que o que ela revela é divino, e não está ao alcance da especulação que busca sistematizar Deus.
6. Que se tem que viver com a humildade de quem ama Aquele que não pode ser compreendido, ao mesmo tempo em que se ponha em pratica tudo o que Dele se pode compreender; e que diz respeito ao homem e sua relação com Deus pela fé, e com a vida pelo amor.
7. Que a Teologia Relacional que as Escrituras ensinam nada tem a ver com o modo de Deus ser em relação ao homem para além do revelado, como quem busca entender os caminhos de Deus que são mais altos que os nossos caminhos. A Teologia Relacional que as Escrituras ensinam é justamente aquela que é evitada pelos teólogos na busca de entenderem o que não nos é possível — que é a relação do homem com Deus pela fé.
8. Que tal discussão não passa de sexo dos anjos, posto que dissimula o que é revelado; ou seja: que os homens se relacionem uns com os outros, com Deus, com a vida. Ora, a dissimulação é pensarem que estão muito ocupados pensando Deus.
9. Que Jesus acharia (pela manifestação que o Evangelho nos trás Dele) tudo isso uma grande tolice do tipo da dos escribas dos saduceus — que não criam na revelação em sua simplicidade, e, assim, criaram uma teologia na qual as ações dos homens e as de Deus se tornavam a mesma coisa.
10. Que a única Teologia Relacional que pode ser intelectualmente levada a sério é aquela que diz respeito ao homem com o homem; e ao homem com Deus, conforme João nos ensina em sua epístola de modo tão claro e obvio.
Assim, sem citar nomes, autores ou supostos pensadores, digo:
Não levo à sério que pensa assim, pois, quem pensa, assim não pensa, posto que pelo seu próprio pensar (se pensa de fato), vê que não é possível “pensar Deus”, pois Deus está acima do próprio pensamento.
Ora, se assim não fosse dir-se-ia que o homem, o justo, seria justificado pelo seu pensar!
O mundo está estrebuchando. Mas há pessoas dedicadas a fazer fimose de Deus, ao invés de simplesmente viverem o Evangelho conforme a simplicidade de Jesus.
Toda tentativa de pensar Deus para entendê-Lo, não apenas é tola, mas, sobretudo, é diabólica, pois, tira a energia humana do foco simples do Evangelho, e leva a pessoa para um ambiente virtual de uma piedade de sarcófago, posto que nada mais faz do que a exumação do único “Deus” passível de ser objeto de tal coisa — o “Deus da teologia”.
Digo isso não porque não pense. Sei que se começasse a especular sobre “Deus” eu seria muito bom nisto, pois, imaginação não me falta, muito menos capacidade de pensar com todas as implicações filosóficas de tal “viagem”.
Minha recusa quanto a tais coisas, portanto, não me acomete como sentimento de limitação no pensar até onde pensar seja possível, mas exclusivamente em razão de duas coisas: do temor de Deus conforme a consciência que tenho acerca Dele, assim como em razão da certeza total de que tais exercícios apenas exercitam a vaidade, mas não têm poder algum quanto a levar a vida à verdadeira experiência de Deus como conhecimento profundo e como piedade aplicável a esta existência.
O site, todavia, contém textos e textos que explicam em detalhes a vaidade de tais especulações!
Chega de Disneylândia teológica.
O buraco é infinitamente acima de nossas cabeças!
Assim, para os devotos da especulação que só interessa ao desinteresse pelo que de fato importa e interessa — eis a Palavra do Evangelho:
Disse-lhe Filipe:
Senhor mostra-nos o Pai, isso nos basta.
Disse-lhe Jesus:
Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, faz as suas obras. Crede-me que estou no Pai, e que o Pai em mim; crede-me ao menos por causa das mesmas obras. Em verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai. E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei. Se me amais, guardai os meus mandamentos.
Assim, a Teologia Relacional de Jesus não diz como Deus é, mas Quem Deus é. Desse modo apenas diz para se ver o Pai no Filho revelado e encarnado. Diz que tudo tem a ver com crer ou não crer. Diz que o que está disponível aos nossos sentidos são obras divinas a serem vistas e discernidas pela fé na revelação. Diz que tal relacionalidade é com Deus, e que ela se manifesta mediante a obediência e o amor. E conclui afirmando que a especulação sobre o Pai é tolice, pois o que do Pai se pode conhecer está revelado em Jesus.
Desse modo a questão de Jesus ecoa outra vez:
Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido?
Nele, que jamais se ocuparia com tais coisas, como de fato, tendo todas as chances, não o fez,
Ps: Se pelo menos os teólogos entendessem um pouquinho acerca de física quântica, saberiam quão tola tal discussão é em sua busca de discutir a atemporal soberania de Deus e a temporal e relativa liberdade humana. Sem um mínimo de consciência sobre o significado físico do tempo, não se tem nem como entender que não se pode entender a eternidade. Sim! Porque já que não crêem, poderiam pelo menos ir além das categorias medievais de nossas teologias a fim de pensarem de modo a fazer sentido com o que pensar significa.
02/05/07
Camboriú
Teologia Relacional - Que bicho é esse? - Ricardo Gondim.
(Advertência - O texto é longo e pode fazer mal à sua religião! – quer enfrentar?)
Um Tsunami inundou as praias asiáticas e eu, angustiado com aquela tragédia, escrevi um texto. Erradamente, vazei minhas dúvidas, deixando transparecer em público a minha dor.
Acontece que isso não se faz entre evangélicos, que convivem com certezas. Quase fui linchado em praça pública, já que os protestantes brasileiros se habituaram a “convicções fortes” a uma “fé inabalável” e a “afirmações irredutíveis”.
Outro erro meu: tolamente não cogitei, naquela altura dos acontecimentos, que teólogos e pastores já tivessem respostas com argumentos teológicos muito melhores do que os meus – tenho mais dúvidas do que certezas - para explicar a morte de algumas centenas de milhares de pessoas – a maioria pobre.
De lá para cá, se espalha um amontoado de fofocas pelos corredores evangélicos sobre minha adesão à Teologia Aberta – “Open Theism” em inglês. Como as pessoas ouvem o galo cantar, mas não sabem onde, recebo cartas quase diariamente me perguntando que bicho é esse chamado de Teologia Relacional.
Alguns queridos também escrevem preocupados com minha vida diante dessa "nova heresia”. Teismo Aberto e Teologia Relacional não são a mesma coisa. Vou tentar explicar a diferença.
Começo afirmando que não gosto de rótulos ou cercas que buscam circunscrever as pessoas dentro de categorias. Considero pobre e reducionista taxar alguém de calvinista, arminiano, liberal, relativista ou de qualquer outra coisa. Digo isso porque busco não deixar-me restringir a uma “nova” teologia ou repetir pensamentos enlatados, vindos de fora.
Lamento que professores de seminário continuem achando que aderi a uma única escola vinda dos Estados Unidos denominada “Teologia Relacional”. Eles nem sabem que esse termo é totalmente desconhecido lá.
Aliás, o termo “Teologia Relacional” foi cunhado por mim e pelo Stanlei Belan, um engenheiro muito amigo, membro da Betesda. Em nossos “papos-cabeça”, notamos que carecíamos de uma expressão que nos ajudasse a conceituar nossos arrazoamentos.
Realmente não dá para imaginar que dois tupiniquins o inventaram nos arredores de São Paulo durante um retiro de carnaval.
Mas ao que Stanlei e eu nos referíamos quando criamos a expressão Teologia Relacional? Vamos por parte.
1. Deus se relaciona com mulheres e homens em amor.
Entendemos que a declaração joanina de que Deus é amor não visa conceituar ou definir filosófica ou teologicamente como um atributo divino, mas descrever a maneira como Ele decidiu soberanamente relacionar-se com a humanidade.
Entretanto, vimos que, ao dizer que Deus é amor, complexas implicações se levantavam. Decidimos levá-las às últimas conseqüências, foi aí que acabamos confrontando algumas práticas e percepções religiosas.
Senão, vejamos:
a) Um dos atributos do amor é liberdade. Entendemos que não seria possível falar sobre amor e, ao mesmo tempo, aceitar que ele aconteça com algum tipo de coerção.
Sim, Deus pode arrastar (no calvinismo: “Graça Irresistível") para si quem quiser. Mas, não é assim que a Bíblia revela seu amor. Se agisse dessa forma, Deus teria subordinados, vassalos, marionetes, jamais amigos, filhos maduros ou parceiros.b) A liberdade como um atributo do amor, complicou ainda mais. Perguntamos: Como Deus pode conceder real liberdade, se sua presença, seu fulgor, sua glória preenchem tudo? Como mulheres e homens poderiam desenvolver virtudes, atitudes maduras e comportamentos responsáveis com a presença de Deus transbordando no mundo, na realidade espacial e nos espaços existenciais?
Deus se ausentou por amor!
O capítulo sobre o amor, escrito por André Comte-Sponville em “Pequeno Tratado das Grandes Virtudes” (Ed. Martins Fontes), pode ajudar a compreender melhor o significado dessa ausência divina:“O que é este mundo... senão a ausência de Deus, sua retirada, sua distância (a que chamamos espaço), sua espera (a que chamamos tempo), sua marca (a que chamamos beleza)?
Deus só pôde criar o mundo retirando-se dele (senão só haveria Deus); ou, se nele se mantém (de outro modo não haveria absolutamente nada, nem mesmo o mundo), é sob a forma da ausência, do segredo, da retirada, como a pegada deixada na areia, na maré baixa, por um passeante desaparecido, única a atestar, mas por um vazio, sua existência e seu desaparecimento…
Temos aí uma espécie de panteísmo em negativo, que é a recusa de qualquer panteísmo verdadeiro ou pleno, de qualquer idolatria do mundo ou do real.
“Esse mundo enquanto totalmente vazio de Deus é Deus mesmo”, e é por isso que “Deus está ausente, sempre ausente, como indica de resto a famosa prece: “Pai nosso que estás no céu…”
Simone Weil leva a expressão a sério, e tira dela todas as conseqüências: “É o Pai que está no céu. Não em outra parte. Se acreditamos ter um Pai aqui na terra, não é ele, é um falso Deus.” Espiritualidade do deserto, que não encontra ou não prega mais que “a formidável ausência, por toda parte presente”, como dizia Alain, a que responde, em sua aluna, esta fórmula surpreendente: “É preciso estar num deserto.
Pois aquele que é preciso amar está ausente.” Mas por que essa ausência? Por que essa criação-desaparecimento? Por que esse “bem feito em pedaços e espalhado através do mal”, estando entendido que bem possível já existia (em Deus) e que o mal só existe por essa dispersão do bem, pela ausência de Deus – pelo mundo? “Só se pode aceitar a existência da infelicidade considerando-a como uma distância”, escreve ainda Simone Weil. Que seja.
Mas por que essa distância? E, já que essa distância é o próprio mundo, enquanto ele não é Deus (e ele só pode ser o mundo, evidentemente, desde que não seja Deus), por que o mundo? Por que a criação?Simone Weil responde: “Deus criou por amor, para o amor. Deus não criou outra coisa que não o próprio amor e os meios do amor.” Mas esse amor não é um mais de ser, de alegria ou de potência. É exatamente o contrário: é uma diminuição, uma fraqueza, uma renúncia. O texto mais claro, mais decisivo, é sem dúvida este:
A criação é da parte de Deus um ato não de expansão de si, mas de retirada, de renúncia. Deus e todas as criaturas é menos que Deus sozinho. Deus aceitou essa diminuição. Esvaziou de si uma parte do ser.
Esvaziou-se já nesse ato de sua divindade. É por isso que João diz que o Cordeiro foi degolado já na constituição do mundo. Deus permitiu que existissem coisas diferentes Dele e valendo infinitamente menos que Ele. Pelo ato criador negou a si mesmo, como Cristo nos prescreveu nos negarmos a nós mesmos.
Deus negou-se em nosso favor, para nos dar a possibilidade de nos negar por Ele. Esta resposta, este eco que depende de nós recusar é a única justificativa possível à loucura de amor do ato criador.As religiões que conceberam essa renúncia, essa distância voluntária, esse apagamento voluntário de Deus, sua ausência aparente e sua presença secreta aqui embaixo, essas religiões são a verdadeira religião, a tradução em diferentes línguas da grande Revelação.
As religiões que representam a divindade como comandando em toda parte onde tenha o poder de fazê-lo são falsas. Mesmo que monoteístas, são idólatras...”.Embora ateu, Comte-Sponville parece compreender bem que realmente só temos de Deus nesse mundo, suas “pegadas”, sua “impressão digital” – “Os céus declaram a glória de Deus”.
Também concordo com John Hick (“Evil and the God of Love” - New York, Harper & Row; London, Mcmillan, 1966, p. 317) - quando elabora essa ausência divina do universo como um gesto do seu amor e não do seu abandono – como os deístas supunham:
“Ao criar pessoas finitas para amar e serem amadas por ele, Deus precisa dotá-las com certa autonomia relativa quanto a si mesmo”. Mas como pode uma criatura finita, dependente do Criador infinito quanto à sua própria existência e a cada poder e qualidade do seu ser, possuir qualquer autonomia significativa em relação a esse Criador?
A única maneira que podemos imaginar é aquela sugerida pela nossa situação efetiva. Deus precisa colocar o homem à distância de si mesmo, de onde ele então pode vir voluntariamente a Deus. Mas como algo pode ser colocado à distância de alguém que é infinito e onipresente? É óbvio que a distância espacial não significa nada nesse caso.
O tipo de distância entre Deus e o homem que criaria certo espaço para certo grau de autonomia humana é a distância epistêmica. Em outras palavras, a realidade e a presença de Deus não devem se impor ao homem de forma coercitiva como o ambiente natural se impõe à atenção deles. O mundo deve ser para os homens, pelo menos até certo ponto, etsi deus non daretur, ‘como se Deus não existisse’.
Ele precisa ser cognoscível, mas apenas por um modo de conhecimento que implique uma resposta livre da parte do homem, consistindo essa resposta em uma atividade interpretativa não-compelida através da qual experimentamos o mundo como realidade que media a presença divina”.
c) Augustus Nicodemus, teólogo presbiteriano, escreveu um texto (http://www.teologiabrasileira.com.br/Materia.asp?MateriaID=140) em que procura analisar a Teologia Relacional (a partir de agora, tratada por TR).
No primeiro ponto de seu arrazoado, Nicodemus tenta explicar quais seriam pressupostos da TR:
“O atributo mais importante de Deus é o amor. Todos os demais estão subordinados a este. Isto significa que Deus é sensível e se comove com os dramas de suas criaturas”.
Tentemos compreender, frase por frase, o primeiro ponto de sua argumentação:
I) “O atributo mais importante de Deus é o amor” –
Infelizmente, pela fragilidade de seus argumentos, parece que ele nunca leu as obras originais de Clark Pinnock, John Sanders ou Gregory Boyd, apenas o que seus críticos publicaram na internet.
Não conheço ninguém que, ao tentar descrever uma pessoa, consiga catalogá-la, como dona de um “atributo mais importante”, como: honestidade, justiça, bondade ou amor.
Se nas relações entre os humanos as complexidades são enormes, imagine a criatura tentando relacionar-se com o Divino. Deus não é uma “coisa” para destacar-se uma característica sua, mais importante ou mais singular.
Portanto, Nicodemus fez uma afirmação inconsistente com a revelação judaico-cristã de Deus como Pessoa, nunca defendida pelos escritores do teismo aberto ou por qualquer outro teólogo que eu já tenha lido.
II) “Todos os demais [atributos] estão subordinados a este” –
De novo, Nicodemus afirma sem poder situar a fonte da sua declaração. Entretanto, agora fica nítido que está arando terreno para o que vai dizer logo depois, quando exporá uma premissa fundacional do ultra-calvinismo - a apatia divina.
Nicodemus quer, com uma só tacada, demolir as premissas do teísmo aberto e minar o senso comum da tradição evangélica que reconhece a ternura de Deus.
Sua próxima frase vai negar noções intuitivamente percebidas pela grande maioria dos evangélicosa: Deus é afetuoso, sim.
III) “Isto significa que Deus é sensível e se comove com os dramas humanos” –
Espere! Mas não é precisamente isto que as Escrituras repetidamente expressam sobre o Senhor? Por que a TR seria uma heresia por acreditar nos afetos divinos? A não ser que Nicodemus leia as Escrituras com as lentes aristotélicas do “Motor Imóvel” ou da “Apatia Divina”, não há como entender o Deus da Bíblia, senão como uma Pessoa que se sensibiliza e se comove com o drama humano.
Considero desnecessário mencionar centenas e centenas de versículos tanto da Bíblia hebraica como da cristã em que o Todo-Poderoso lamenta e espera; sofre e ri; chora e tem paciência; pune e perdoa. Podem existir conceitos do Divino em que Deus não seja tocado pelo sofrimento humano, mas, seguramente, ele não se parecerá com o Deus Encarnado dos cristãos.
Finalizando, entendo que a Bíblia revela um Deus amoroso usando a metáfora do Pai para significar a intensidade como Ele nos quer bem:
“Como a ternura de um pai para com seus filhos, assim terno é Iahweh para aqueles que o temem; pois ele sabe de que somos feitos, lembra-se de que somos pó” – Sl 103.13-14.
FONTE: http://www.ricardogondim.com.br/Artigos/artigos.info.asp?tp=61&sg=0&id=1417
Teologia Relacional: um Novo Deus no Mercado - Augustus Nicodemus Lopes
Os reflexos da onda gigante que provocou a tremenda catástrofe na Ásia no final de dezembro de 2004 alcançaram também os arraiais evangélicos, levantando, entre outras coisas, perguntas acerca de Deus, seu caráter, seu poder, seu conhecimento, seus sentimentos e seu relacionamento com o mundo e as pessoas diante de tragédias como aquela. Dentre as diferentes respostas, uma chama a atenção pela ousadia de suas afirmações: Deus sofreu muito com a tragédia e certamente não a havia determinado ou previsto. Ele simplesmente não pôde evitá-la, pois Deus não conhece o futuro, não controla ou guia a história, e não tem poder para fazer aquilo que gostaria. Esta é a concepção de Deus defendida por um movimento teológico conhecido como teologia relacional, ou ainda, teísmo aberto ou teologia da abertura de Deus.
A teologia relacional, como movimento, teve início em décadas recentes, embora seus conceitos sejam bem antigos. Ela ganhou popularidade através de escritores norte-americanos como Greg Boyd, John Sanders e Clark Pinnock. No Brasil, estas idéias têm sido assimiladas e difundidas por alguns líderes evangélicos, às vezes de forma aberta e explicita.
A teologia relacional considera a concepção tradicional de Deus como inadequada, ultrapassada e insuficiente para explicar a realidade, especialmente catástrofes como o tsunami de dezembro de 2004, e se apresenta como uma nova visão sobre Deus e sua maneira de se relacionar com a criação. Seus pontos principais podem ser resumidos desta forma:
1. O atributo mais importante de Deus é o amor. Todos os demais estão subordinados a este. Isto significa que Deus é sensível e se comove com os dramas de suas criaturas.
2. Deus não é soberano. Só pode haver real relacionamento entre Deus e suas criaturas se estas tiverem, de fato, capacidade e liberdade para cooperarem ou contrariarem os desígnios últimos de Deus. Deus abriu mão de sua soberania para que isto ocorresse. Neste sentido, ele é incapaz de realizar tudo o que deseja, como impedir tragédias e erradicar o mal. Contudo, ele acaba se adequando às decisões humanas e ao final, vai obter seus objetivos eternos, pois redesenha a história de acordo com estas decisões.
3. Deus ignora o futuro, pois ele vive no tempo, e não fora dele. Ele aprende com o passar do tempo. O futuro é determinado pela combinação do que Deus e suas criaturas decidem fazer. Neste sentido, o futuro inexiste, pois os seres humanos são absolutamente livres para decidir o que quiserem e Deus não sabe antecipadamente que decisão uma determinada pessoa haverá de tomar num determinado momento.
4. Deus se arrisca. Ao criar seres racionais livres, Deus estava se arriscando, pois não sabia qual seria a decisão dos anjos e de Adão e Eva. E continua a se arriscar diariamente. Deus corre riscos porque ama suas criaturas, respeita a liberdade delas e deseja relacionar-se com elas de forma significativa.
5. Deus é vulnerável. Ele é passível de sofrimento e de erros em seus conselhos e orientações. Em seu relacionamento com o homem, seus planos podem ser frustrados. Ele se frustra e expressa esta frustração quando os seres humanos não fazem o que ele gostaria.
6. Deus muda. Ele é imutável apenas em sua essência, mas muda de planos e até mesmo se arrepende de decisões tomadas. Ele muda de acordo com as decisões de suas criaturas, ao reagir a elas. Os textos bíblicos que falam do arrependimento de Deus não devem ser interpretados de forma figurada. Eles expressam o que realmente acontece com Deus.
Estes conceitos sobre Deus decorrem da lógica adotada pela teologia relacional quanto ao conceito da liberdade plena do homem, que é o ponto doutrinário central da sua estrutura, a sua “menina dos olhos”. De acordo com a teologia relacional, para que o homem tenha realmente pleno livre arbítrio suas decisões não podem sofrer qualquer tipo de influência externa ou interna. Portanto, Deus não pode ter decretado estas decisões e nem mesmo tê-las conhecido antecipadamente. Desta forma, a teologia relacional rejeita não somente o conceito de que Deus preordenou todas as coisas (calvinismo) como também o conceito de que Deus sabe todas as coisas antecipadamente (arminianismo tradicional). Neste sentido, o assunto deve ser entendido, não como uma discussão entre calvinistas e arminianos, mas destes dois contra a teologia relacional. Não poucos lideres calvinistas e arminianos no âmbito mundial têm considerado esta visão da teologia relacional como alheia ao Cristianismo.
A teologia relacional traz um forte apelo a alguns evangélicos, pois diz que Deus está mais próximo de nós e se relaciona mais significativamente conosco do que tem sido apresentado pela teologia tradicional. Segundo os teólogos relacionais, o Cristianismo histórico tem apresentado um Deus impassível, que não se sensibiliza com os dramas de suas criaturas. A teologia relacional, por sua vez, pretende apresentar um Deus mais humano, que constrói o futuro mediante relacionamento com suas criaturas. Os seres humanos são, dessa forma, co-participantes com Deus na construção do futuro, podendo, na verdade, determiná-lo por suas atitudes.
Contudo, a teologia relacional não é novidade. Ela tem raízes em conceitos antigos de filósofos gregos, no socinianismo (que negava exatamente que Deus conhecia o futuro, pois atos livres não podem ser preditos) e especialmente em ideologias modernas, como a teologia do processo. O que ela tem de novo é que virou um movimento teológico composto de escritores e teólogos que se uniram em torno dos pontos comuns e estão dispostos a persuadir a Igreja Cristã a abandonar seu conceito tradicional de Deus e a convencê-la que esta “nova” visão de Deus é evangélica e bíblica.
Mesmo tendo surgido como uma reação a uma possível ênfase exagerada na impassividade e transcendência de Deus, a teologia relacional acaba sendo um problema para a igreja evangélica, especialmente em seu conceito sobre Deus. Muito embora os evangélicos tenham divergências profundas em algumas questões, reformados, arminianos, wesleyanos, pentecostais, tradicionais, neopentecostais e outros, todos concordam, no mínimo, que Deus conhece todas as coisas, que é onipotente e soberano. Entretanto, o Deus da teologia relacional é totalmente diferente daquele da teologia cristã. Não se pode afirmar que os aderentes da teologia relacional não são cristãos, mas sim que o conceito que eles têm de Deus é, no mínimo, estranho ao cristianismo histórico.
Ao declarar que o atributo mais importante de Deus é o amor, a teologia relacional perde o equilíbrio entre as qualidades de Deus apresentadas na Bíblia, dentre as quais o amor é apenas uma delas. Ao dizer que Deus ignora o futuro, é vulnerável e mutável, deixa sem explicação adequada dezenas de passagens bíblicas que falam da soberania, do senhorio, da onipotência e da onisciência de Deus (Is 46.10a; Jó 28; Jó 42.2; Sl 90; Sl 139; Rm 8.29; Ef 1; Tg 1.17; Ml 3.6; Gn 17.1; etc). Ao dizer que Deus não sabia qual a decisão de Adão e Eva no Éden, e que mesmo assim arriscou-se em criá-los com livre arbítrio, a teologia relacional o transforma num ser irresponsável. Ao falar do homem como co-construtor de Deus de um futuro que inexiste, a teologia relacional esquece tudo o que a Bíblia ensina sobre a Queda e a corrupção do homem. Ao fim, parece-nos que na tentativa extrema de resguardar a plena liberdade do arbítrio humano, a teologia relacional está disposta a sacrificar a divindade de Deus. Ao limitar sua soberania e seu pleno conhecimento, entroniza o homem livre, todo-poderoso, no trono do universo, e desta forma, deixa-nos o desespero como única alternativa diante das tragédias e catástrofes deste mundo e o ceticismo como única atitude diante da realidade do mal no universo, roubando-nos o final feliz prometido na Bíblia. Pois, afinal, poderá este Deus ignorante, fraco, mutável, vulnerável e limitado cumprir tudo o que prometeu?
Com certeza a visão tradicional de Deus adotada pelo Cristianismo histórico por séculos não é capaz de responder exaustivamente a todos os questionamentos sobre o ser e os planos de Deus. Ela própria é a primeira a admitir este ponto. Contudo, é preferível permanecer com perguntas não respondidas a aceitar respostas que contrariam conceitos claros das Escrituras. Como já havia declarado Jó há milênios (42.2,3): “Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado. Quem é aquele, como disseste, que sem conhecimento encobre o conselho? Na verdade, falei do que não entendia; coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia.”
O rev. Augustus Nicodemus Lopes é professor do Centro Presbiteriano de Pós-graduação Andrew Jumper e chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie
Darwin Speaks on God, Sovereignty, and Evil
Darwin Speaks on God, Sovereignty, and Evil from Vision Forum on Vimeo.