Roger Olson
The Baylor Lariat, 28 de agosto de 2007
Onde Deus estava algumas semanas atrás quando a ponte interestadual desmoronou em Minneapolis?
Eu cruzei essa ponte muitas vezes em meus quinze anos nas Cidades Gêmeas de Minnesota. Assistir ao desastre mostrado na televisão trouxe de volta algumas recordações. Pude visualizar onde os dois lados da ponte davam – o centro de Minneapolis em uma direção e a Universidade de Minnesota na outra.
Que catástrofe esquisita. Uma ponte moderna, aparentemente bem projetada, em uma área metropolitana importante, desmoronou num piscar de olhos sem qualquer sinal de perigo.
Algo semelhante podia acontecer a qualquer um de nós a qualquer hora. Coisas semelhantes acontecem conosco ou com pessoas exatamente como nós – inesperadamente, expectadores inocentes passando pela vida são desagradavelmente surpreendidos por alguma tragédia estranha.
Então, onde Deus está quando surge uma calamidade aparentemente sem propósito? Alguns religiosos dizem, “Foi a vontade de Deus.” Aqui, vamos nos concentrar apenas nos cristãos.
Um famoso autor e orador cristão pastoreia uma igreja a uma distância de uns dois quilômetros da ponte caída. Para ele e seus seguidores, Deus preordenou, planejou e indiretamente (se não diretamente) causou o evento.
Uma banda de música cristã popular canta “há uma razão” para tudo. Eles querem dizer que Deus torna todas as coisas certas e tem um propósito bom para tudo que acontece. O pastor e a banda são cristãos deterministas. Ambos por acaso crêem numa forma de teologia protestante chamada Calvinismo.
Esta teologia está arrastando milhares de jovens cristãos facilmente influenciáveis. Ela fornece uma resposta aparentemente simples para o problema do mal. Até mesmo o que chamamos mal é planejado e tornado certo por Deus porque ele é necessário para um bem maior.
Mas, espere. E quanto ao caráter de Deus? Então Deus é o autor do mal? A maioria dos calvinistas não querem dizer que sim. Mas a lógica parece exigir esta conclusão. Se Deus planeja algo e o torna certo, como Ele não é responsável por ele? É aqui onde as coisas ficam obscuras.
Alguns calvinistas dirão que Ele não é culpado porque Ele tem uma boa intenção pelo evento – tirar o bem dele, mas a Bíblia expressamente proíbe fazer o mal para que venha o bem.
Muitos cristãos conservadores se assustam com a idéia de que Deus está limitado. Mas o que acontece se Deus se limita para que muito do que acontece no mundo seja devido à finitude e degradação humana? O que acontece se Deus está no comando mas não no controle? O que acontece se Deus deseja que as coisas possam ser de outra forma e algum dia tornará perfeitas todas as coisas?
Esse parece mais o Deus da Bíblia do que a divindade que tudo determina do Calvinismo.
Neste mundo, por causa de nossa ignorância e corrupção, coisas realmente ruins muitas vezes acontecem e pessoas fazem coisas realmente más e perversas. Não porque Deus secretamente as planeja e as estimula, mas porque Deus disse às pessoas caídas, pecadoras, “Ok, não seja feita a minha vontade, mas a sua – por enquanto.”
E Deus diz, “Orem, porque às vezes eu posso intervir para impedir o sofrimento inocente quando as pessoas orarem; essa é uma de minhas auto-limitações. Eu não quero fazer tudo isto sozinho; eu quero seu envolvimento e participação para fazer deste um mundo melhor.”
É uma descrição diferente de Deus daquela com que a maioria dos cristãos conservadores cresceu, mas é a única (até onde posso dizer) que livra Deus da responsabilidade pelo pecado, pelo mal, pelo desastre e pela calamidade.
O Deus do Calvinismo me assusta; Eu não sei direito como distingui-lo do diabo. Se você sofreu influência do Calvinismo, pense em suas conseqüências para o caráter de Deus. Deus é grande mas também é bom. Em vista de todo o mal e sofrimento inocente no mundo, ele deve ter limitado a si mesmo.
Tradução: Paulo Cesar Antunes
Dr. Roger Olson é professor de teologia no George W. Truett Theological Seminary
FONTE: http://www.arminianismo.com/index.php?option=com_content&task=view&id=724&Itemid=1
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