Shalom! O primeiro Seder é quarta-feira à noite, 8 de Abril de 2009 (14 de Nissan de 5769). O segundo Seder é na noite seguinte. Desejo a si e à sua família que possam celebrar Pessach com muita alegria!
Precisa de ler toda a Hagadá ou posso saltar as partes “chatas”?
A leitura da Hagadá é a forma pela qual cumprimos a mitsvá de relatar a saída do Povo Judeu do Egipto na noite de Pessach. Para captar todo o benefício desta mitsvá, precisa-se ler e entender todo o texto da Hagadá. Isto significa que se você não entende hebraico, não deve lê-la em hebraico. Isto também implica que deve esforçar-se para entender os profundos significados e mensagens da Hagadá. Encare a coisa desta forma: Imagine que ao mexer numa mala de cânfora, encontra um velho e empoeirado manuscrito do seu bisavô. Não ficaria curioso de ver o que ele escreveu? E se estivesse escrito nas primeiras linhas: “Às minhas queridas crianças: este é o livro mais importante que jamais leram. É sobre a vida judaica e a sabedoria de viver, escrito por um Judeu que dedicou a sua vida à procura da sabedoria. Incontáveis horas foram empregues para escolher e escrever as palavras e os pensamentos que, creio eu, servirão como um guia fiel para a vida e como uma chave para a sua liberdade...” As páginas amareladas daquele manuscrito são as tradicionais folhas da Hagadá. Aquele bisavô é a sabedoria colectiva dos nossos grandes Sábios. Tu és o herdeiro a quem se dirigem aquelas palavras e o legado da liberdade é seu para explorá-lo. Ao invés de colocá-la de lado ou pular as partes ‘chatas’, porque não passar algum tempo lendo uma Hagadá com comentários que consiga entender, recolhendo as profundas sabedorias que aguardam ser reveladas a si e à sua família?!
O que é Sefirat HaÓmer?
No segundo dia de Pessach, a oferenda do Ómer (da nova colheita de cevada) era trazida ao Templo Sagrado, em Jerusalém. Aí se iniciava um período de contagem e preparação para Shavuót, o aniversário do recebimento da Torá e da celebração anual da re-aceitação da Torá pelo Povo Judeu. Este período é chamado Sefirat HaÓmer, a contagem do Ómer. Quarenta e nove dias são contados e o quinquagésimo dia é Shavuót, o Yom Tov que comemora a outorga da Torá. Hoje em dia praticamos esta mitsvá depois de Arvit, a prece noturna. Este é um período de semi-luto Judaico (não se realizam casamentos, nem mesmo cortes de cabelo). Foi durante este período que 24.000 alunos de Rabi Akiva morreram por não demonstrarem o devido respeito um ao outro. É um tempo para reflectirmos sobre como encaramos e tratamos o nosso semelhante e sobre as tragédias que nos atingiram por causa do ódio infundado. É um óptimo período para fazermos um acto extra de bondade, ajudando a trazer a perfeição ao mundo e a unidade entre os Judeus. Estes 50 dias também correspondem às sete semanas depois do Êxodo do Egipto, quando o Povo Judeu se preparou para receber a Torá no Monte Sinai. Quando partimos do Egipto, estávamos no 49º nível de Tumá (degradação espiritual). A cada dia escalamos um degrau em espiritualidade e santidade. Muitas pessoas estudam os “48 Caminhos da Sabedoria” (Pirkêi Avót, 6:6) durante estes dias.
Pessah e Chametz
Pessach comemora a libertação dos Filhos de Israel depois de mais de dois séculos de escravidão egípcia e recorda o êxodo em massa do Egipto, há cerca de 3300 anos atrás. A história da servidão e do sofrimento crescente, da missão confiada por D-us a Moisés e ao seu irmão Aarão, seus infatigáveis esforços para conseguir a libertação do seu povo, a resistência teimosa do Faraó egípcio, a série de catástrofes, mandadas por D-us, que acabaram por causar uma mudança temporária no comportamento de Faraó, e a saída do Povo de Israel – tudo isto está relatado no Livro Êxodo, capítulos 1-15. Este acontecimento tornou-se o ponto central da história judaica e marcou o nascimento do povo livre de Israel. Ademais, as lições que a experiência da escravidão egípcia e a redenção nos ensinaram, proporcionaram uma sólida base para muitos conceitos da fé e ética judaica.
A Torá chama Pessach a “Festa do pão ázimo” (“Chag haMatsot”), que é o preceito que mais distintamente caracteriza esta Festa. No Livro de rezas é designado também como “a Época da nossa Libertação” (“Zeman Cheruteinu”), que constitui o seu aspecto principal.
Contudo o seu nome mais usado é “Chad haPessach” – a “Festa de Pessach”. Pessach é uma referência à oferenda pascal, ofertada na véspera da Festa, e que recorda a promessa Divina “e passarei por cima de vós e não haverá entre vós praga para destruir-vos...” (Ex. 12,13). O nome de Pessach é o mais usado na Mishná e em toda a literatura rabínica.
O significado agrícola de Pessach é que marca a primeira safra, na Terra de Israel. A safra da cevada foi assinalada pela oferenda especial do Ómer, no segundo dia de Pessach.
As leis de chamets e Matsá
“Sete dias comereis pães ázimos” (Êx. 12,15).
“Não comereis nenhuma coisa levedada; em todas as vossas habitações comereis pães ázimos”. (Êx. 12,20).
A característica especial de Pessach é o pão ázimo (Matsá) e a absoluta proibição de comer ou de possuir qualquer pão levedado ou de qualquer alimento que contenha chamets.
Esses preceitos estavam entre os transmitidos aos Filhos de Israel por Moisés, antes de sua partida do Egito e sua libertação da escravidão. “E guardai a festa dos pães ázimos... guardai este dia nas vossas gerações, como estatuto perpétuo” (Ex. 12,17).
É proibido possuir chamets, mesmo que se deixe de comê-lo. “Não seja visto levedado contigo e nenhum fermento seja visto em todo o teu território” (Ex. 13,7). E “não se ache nenhum fermento nas vossas casas...” (Êx. 12,19).
Estas proibições (não ser visto e não ser encontrado) não se referem ao chamets que pertence a um não judeu. Um não judeu que está de visita, trabalha ou aluga recintos de um judeu, não está proibido de trazer chamets a esses lugares. Contudo, o chamets do não judeu deve ficar restrito à sua própria área ou deixado separado, para não ser tomado, inadvertidamente, pelo judeu.
É também proibido obter qualquer benefício, lucro ou vantagem do chamets durante esta semana, mesmo se for chamets de um não judeu.
Na Diáspora – todos os países fora de Israel – as leis relativas ao chamets vigoram por mais um dia, e Pessach é o observado durante oito dias.
O que é chamets
- Chamets é qualquer um dos cinco cereais – trigo, centeio, cevada, aveia e espelta – que tenha permanecido em contato com água durante, ao menos, 18 minutos. Neste caso, considera-se que o cereal tenha iniciado o processo de fermentação.
- Chamets é qualquer comida ou bebida feita de qualquer um desses cereais, ou nas quais haja um dos ingredientes, mesmo que seja em quantidade mínima. Matsá é a única excepção, que é o pão ázimo estatutário, e na confecção do qual se tomam precauções especiais. Quando estas precauções não são tomadas devidamente, para prevenir o início do processo de fermentação, a Matsá torna-se chamets. É por isso que Matsot feitas para o consumo durante o ano, estão marcadas na sua embalagem “impróprio para o consumo em Pessach”.
- É proibido o uso de pratos, panelas e utensílios de cozinha em geral que tenham absorvido partículas, mesmo que minúsculas, de chamets, a não ser que se possa tornar os utensílios kasher para Pessach e se isto for feito antes da Festa.
É costume entre judeus ashkenazim não comer os seguintes produtos em Pessach: arroz, milho, amendoim e legumes que frutificam em vagens (cápsulas). Esses produtos são tratados como se fossem chamets;
O que não é chametz?
Todo o mais é permitido, se não tiver sido preparado em utensílios de chamets ou misturado com ingredientes de chamets, o que tornaria todo o produto chamets. Os seguintes tipos de alimentos não são, em si, chamets:- Carne, aves e peixes,
- Todas as frutas,
- Todas as verduras e legumes (exceto os citados para os judeus ashkenazim),
- Todas as especiarias,
- Laticínios
Para ter certeza que alimentos industrializados não contêm ingredientes que os tornariam proibidos em Pessach, o certo é comprar somente os produtos que foram feitos sob supervisão de autoridades rabínicas. Alimentos crus, das primeiras quatro categorias acima, não precisam de nenhum endosso.
Produtos derivados de chamets, que não são comestíveis e são impróprios para o consumo humano e animal, não são considerados chamets no que concerne à sua possessão, seu uso e à obtenção deles de benefícios, lucros ou vantagens. A proibição bíblica relativa ao chamets refere-se somente a produtos comestíveis para seres humanos ou para animais.
O que é Matsá?
Matsá é uma bolacha que não fermentou, feita de água e farinha, de um dos cinco cereais – trigo, centeio, cevada, aveia e espelta. Esses cereais e suas farinhas precisam ser supervisionados cuidadosamente, para se evitar contacto prematuro com água ou qualquer agente de fermentação. Todo o processo de confecção da Matsá, desde a mistura da água com a farinha até a entrada da massa no forno não passa de dezoito minutos. A maior parte das Matsot são, hoje em dia, feitos à máquina. No entanto, há ainda pessoas que preferem Matsot feitas à mão. A evolução do maquinário moderno para a mistura da massa etc., não apenas possibilita a confecção de Matsot de qualidade e padrão uniformes, como também garante maior velocidade do processo, reduzindo assim, o perigo de fermentação.
A forma da Matsá não tem importância alguma, ela tanto pode ser redonda como quadrada.
Uma vez assada, a Matsá não mais está sujeita à fermentação. Por conseguinte, diversos produtos são feitos da Matsá pronta, que é triturada ou moída e transformada em “farfel”, sêmola ou farinha de Matsá.
O que é Matsá Shemurá?
Shemurá quer dizer observada ou guardada. A sua origem está no versículo (Ex. 12,17) que diz: “e guardai (a Festa) das Matsot”, que inclui a conotação de “e guardai as Matsot” (de se tornarem chamets). Segundo opinião da maioria das autoridades – e esta é a halachá – tal supervisão é necessária apenas a partir da moagem do trigo. Sendo que toda Matsá produzida para Pessach é assim supervisionada, logo tecnicamente toda Matsá que é kasher para Pessach, é Matsá Shemurá.
Porém, em vista do facto que alguns sábios expressam a opinião de que é necessário supervisionar a Matsá desde o corte do trigo, a fim de evitar qualquer contato do trigo com a água, os que são especialmente escrupulosos em tais assuntos fazem um esforço especial para comer somente Matsot que foram submetidas a esta medida extra de vigilância (shemirá). Há os que comem este tipo de Matsá durante todo Pessach e há os que usam Matsá Shemurá somente na(s) noite(s) do Seder. O termo “Matsá Shemurá” é usado para as Matsot supervisionadas desde o corte do trigo.
Pessach e Chamêts (1)
Porque se dá ênfase a Chamêts? Em Pessach, somos proibidos de possuir Chamêts (praticamente todo o produto feito de trigo, cevada, centeio, aveia ou espelta, não produzido especialmente para Pessach) ou tê-lo nas nossas propriedades. Na noite anterior a Pessach, procedemos a uma rigorosa procura pelo Chamêts em casa. O Chamêts representa a arrogância. Pessach é tempo de liberdade --liberdade espiritual – e é a essência do porquê, que o Todo Poderoso nos tirou do Egipto. Como mencionei anteriormente, a única coisa que se interpõe entre si e D'us ... é você. Para se aproximar do Todo Poderoso, que é a meta e a essência da nossa vida (e esta oportunidade apresenta-se ao cumprirmos cada Mitsvá e/ou Festa religiosa), cada um precisa remover a sua própria arrogância. Esta é a lição que aprendemos ao remover o Chamêts das nossas posses. Liberdade significa possuirmos a capacidade de usar o nosso livre-arbítrio para crescer e nos desenvolvermos. Muitas pessoas pensam que são livres, quando na verdade são ‘escravas’ das novidades e modismos da sociedade. Escravidão é tomar uma atitude não pensada, seguindo os desejos e impulsos do corpo. O nosso trabalho em Pessach é sairmos desta escravidão para a verdadeira liberdade. Uma das liberdades a serem trabalhadas durante Pessach é a “liberdade da boca (ou seja, da fala)”. Os nossos sábios encaram a boca como um das partes mais perigosas do corpo. É o único órgão que pode causar problemas em ambas as direcções -no que entra (comida e bebida) e no que sai (a conversa). De tão perigoso, é o único órgão humano que tem duas ‘trancas’: os dentes e os lábios. Alguns de nós são escravos da sua boca, tanto no que comem quanto sobre o que falam. Na noite do Seder corrigimos estes problemas. Temos a mitsvá de relatar a saída do Povo Judeu do Egipto (para refinar as nossas conversas) e a mitsvá de comer Matsá e beber 4 copos de vinho (para enobrecer o que comemos e bebemos). A estrutura da língua hebraica, por si só, sinaliza na direcção da ‘Liberdade da Boca’. A palavra Pessach pode ser dividida em duas: Peh e Sach, que significa “boca falando” -nós temos a obrigação de contar sobre o Êxodo do Egipto durante toda a noite. A palavra hebraica Paró (o Faraó, que era o perseguidor dos Judeus na história de Pessach) pode ser dividida em duas: Pé e Ráh, uma ‘má boca’. A nossa aflição durante a escravidão no Egipto era caracterizada como Pérach (trabalho duro), que pode ser lido em 2 palavras: Pé e Rach, uma ‘boca solta’, sem responsabilidade com o que fala.
Possamos nós, neste Pessach, libertarmo-nos da ‘má boca’ e nos livrarmos da ‘boca solta’, onde muito de comida e bebida erradas entram e muitas palavras inapropriadas escorregam da boca para fora.
Precisa de ler toda a Hagadá ou posso saltar as partes “chatas”?
A leitura da Hagadá é a forma pela qual cumprimos a mitsvá de relatar a saída do Povo Judeu do Egipto na noite de Pessach. Para captar todo o benefício desta mitsvá, precisa-se ler e entender todo o texto da Hagadá. Isto significa que se você não entende hebraico, não deve lê-la em hebraico. Isto também implica que deve esforçar-se para entender os profundos significados e mensagens da Hagadá. Encare a coisa desta forma: Imagine que ao mexer numa mala de cânfora, encontra um velho e empoeirado manuscrito do seu bisavô. Não ficaria curioso de ver o que ele escreveu? E se estivesse escrito nas primeiras linhas: “Às minhas queridas crianças: este é o livro mais importante que jamais leram. É sobre a vida judaica e a sabedoria de viver, escrito por um Judeu que dedicou a sua vida à procura da sabedoria. Incontáveis horas foram empregues para escolher e escrever as palavras e os pensamentos que, creio eu, servirão como um guia fiel para a vida e como uma chave para a sua liberdade...” As páginas amareladas daquele manuscrito são as tradicionais folhas da Hagadá. Aquele bisavô é a sabedoria colectiva dos nossos grandes Sábios. Tu és o herdeiro a quem se dirigem aquelas palavras e o legado da liberdade é seu para explorá-lo. Ao invés de colocá-la de lado ou pular as partes ‘chatas’, porque não passar algum tempo lendo uma Hagadá com comentários que consiga entender, recolhendo as profundas sabedorias que aguardam ser reveladas a si e à sua família?!
O que é Sefirat HaÓmer?
No segundo dia de Pessach, a oferenda do Ómer (da nova colheita de cevada) era trazida ao Templo Sagrado, em Jerusalém. Aí se iniciava um período de contagem e preparação para Shavuót, o aniversário do recebimento da Torá e da celebração anual da re-aceitação da Torá pelo Povo Judeu. Este período é chamado Sefirat HaÓmer, a contagem do Ómer. Quarenta e nove dias são contados e o quinquagésimo dia é Shavuót, o Yom Tov que comemora a outorga da Torá. Hoje em dia praticamos esta mitsvá depois de Arvit, a prece noturna. Este é um período de semi-luto Judaico (não se realizam casamentos, nem mesmo cortes de cabelo). Foi durante este período que 24.000 alunos de Rabi Akiva morreram por não demonstrarem o devido respeito um ao outro. É um tempo para reflectirmos sobre como encaramos e tratamos o nosso semelhante e sobre as tragédias que nos atingiram por causa do ódio infundado. É um óptimo período para fazermos um acto extra de bondade, ajudando a trazer a perfeição ao mundo e a unidade entre os Judeus. Estes 50 dias também correspondem às sete semanas depois do Êxodo do Egipto, quando o Povo Judeu se preparou para receber a Torá no Monte Sinai. Quando partimos do Egipto, estávamos no 49º nível de Tumá (degradação espiritual). A cada dia escalamos um degrau em espiritualidade e santidade. Muitas pessoas estudam os “48 Caminhos da Sabedoria” (Pirkêi Avót, 6:6) durante estes dias.
Pessah e Chametz
Pessach comemora a libertação dos Filhos de Israel depois de mais de dois séculos de escravidão egípcia e recorda o êxodo em massa do Egipto, há cerca de 3300 anos atrás. A história da servidão e do sofrimento crescente, da missão confiada por D-us a Moisés e ao seu irmão Aarão, seus infatigáveis esforços para conseguir a libertação do seu povo, a resistência teimosa do Faraó egípcio, a série de catástrofes, mandadas por D-us, que acabaram por causar uma mudança temporária no comportamento de Faraó, e a saída do Povo de Israel – tudo isto está relatado no Livro Êxodo, capítulos 1-15. Este acontecimento tornou-se o ponto central da história judaica e marcou o nascimento do povo livre de Israel. Ademais, as lições que a experiência da escravidão egípcia e a redenção nos ensinaram, proporcionaram uma sólida base para muitos conceitos da fé e ética judaica.
A Torá chama Pessach a “Festa do pão ázimo” (“Chag haMatsot”), que é o preceito que mais distintamente caracteriza esta Festa. No Livro de rezas é designado também como “a Época da nossa Libertação” (“Zeman Cheruteinu”), que constitui o seu aspecto principal.
Contudo o seu nome mais usado é “Chad haPessach” – a “Festa de Pessach”. Pessach é uma referência à oferenda pascal, ofertada na véspera da Festa, e que recorda a promessa Divina “e passarei por cima de vós e não haverá entre vós praga para destruir-vos...” (Ex. 12,13). O nome de Pessach é o mais usado na Mishná e em toda a literatura rabínica.
O significado agrícola de Pessach é que marca a primeira safra, na Terra de Israel. A safra da cevada foi assinalada pela oferenda especial do Ómer, no segundo dia de Pessach.
As leis de chamets e Matsá
“Sete dias comereis pães ázimos” (Êx. 12,15).
“Não comereis nenhuma coisa levedada; em todas as vossas habitações comereis pães ázimos”. (Êx. 12,20).
A característica especial de Pessach é o pão ázimo (Matsá) e a absoluta proibição de comer ou de possuir qualquer pão levedado ou de qualquer alimento que contenha chamets.
Esses preceitos estavam entre os transmitidos aos Filhos de Israel por Moisés, antes de sua partida do Egito e sua libertação da escravidão. “E guardai a festa dos pães ázimos... guardai este dia nas vossas gerações, como estatuto perpétuo” (Ex. 12,17).
É proibido possuir chamets, mesmo que se deixe de comê-lo. “Não seja visto levedado contigo e nenhum fermento seja visto em todo o teu território” (Ex. 13,7). E “não se ache nenhum fermento nas vossas casas...” (Êx. 12,19).
Estas proibições (não ser visto e não ser encontrado) não se referem ao chamets que pertence a um não judeu. Um não judeu que está de visita, trabalha ou aluga recintos de um judeu, não está proibido de trazer chamets a esses lugares. Contudo, o chamets do não judeu deve ficar restrito à sua própria área ou deixado separado, para não ser tomado, inadvertidamente, pelo judeu.
É também proibido obter qualquer benefício, lucro ou vantagem do chamets durante esta semana, mesmo se for chamets de um não judeu.
Na Diáspora – todos os países fora de Israel – as leis relativas ao chamets vigoram por mais um dia, e Pessach é o observado durante oito dias.
O que é chamets
- Chamets é qualquer um dos cinco cereais – trigo, centeio, cevada, aveia e espelta – que tenha permanecido em contato com água durante, ao menos, 18 minutos. Neste caso, considera-se que o cereal tenha iniciado o processo de fermentação.
- Chamets é qualquer comida ou bebida feita de qualquer um desses cereais, ou nas quais haja um dos ingredientes, mesmo que seja em quantidade mínima. Matsá é a única excepção, que é o pão ázimo estatutário, e na confecção do qual se tomam precauções especiais. Quando estas precauções não são tomadas devidamente, para prevenir o início do processo de fermentação, a Matsá torna-se chamets. É por isso que Matsot feitas para o consumo durante o ano, estão marcadas na sua embalagem “impróprio para o consumo em Pessach”.
- É proibido o uso de pratos, panelas e utensílios de cozinha em geral que tenham absorvido partículas, mesmo que minúsculas, de chamets, a não ser que se possa tornar os utensílios kasher para Pessach e se isto for feito antes da Festa.
É costume entre judeus ashkenazim não comer os seguintes produtos em Pessach: arroz, milho, amendoim e legumes que frutificam em vagens (cápsulas). Esses produtos são tratados como se fossem chamets;
O que não é chametz?
Todo o mais é permitido, se não tiver sido preparado em utensílios de chamets ou misturado com ingredientes de chamets, o que tornaria todo o produto chamets. Os seguintes tipos de alimentos não são, em si, chamets:- Carne, aves e peixes,
- Todas as frutas,
- Todas as verduras e legumes (exceto os citados para os judeus ashkenazim),
- Todas as especiarias,
- Laticínios
Para ter certeza que alimentos industrializados não contêm ingredientes que os tornariam proibidos em Pessach, o certo é comprar somente os produtos que foram feitos sob supervisão de autoridades rabínicas. Alimentos crus, das primeiras quatro categorias acima, não precisam de nenhum endosso.
Produtos derivados de chamets, que não são comestíveis e são impróprios para o consumo humano e animal, não são considerados chamets no que concerne à sua possessão, seu uso e à obtenção deles de benefícios, lucros ou vantagens. A proibição bíblica relativa ao chamets refere-se somente a produtos comestíveis para seres humanos ou para animais.
O que é Matsá?
Matsá é uma bolacha que não fermentou, feita de água e farinha, de um dos cinco cereais – trigo, centeio, cevada, aveia e espelta. Esses cereais e suas farinhas precisam ser supervisionados cuidadosamente, para se evitar contacto prematuro com água ou qualquer agente de fermentação. Todo o processo de confecção da Matsá, desde a mistura da água com a farinha até a entrada da massa no forno não passa de dezoito minutos. A maior parte das Matsot são, hoje em dia, feitos à máquina. No entanto, há ainda pessoas que preferem Matsot feitas à mão. A evolução do maquinário moderno para a mistura da massa etc., não apenas possibilita a confecção de Matsot de qualidade e padrão uniformes, como também garante maior velocidade do processo, reduzindo assim, o perigo de fermentação.
A forma da Matsá não tem importância alguma, ela tanto pode ser redonda como quadrada.
Uma vez assada, a Matsá não mais está sujeita à fermentação. Por conseguinte, diversos produtos são feitos da Matsá pronta, que é triturada ou moída e transformada em “farfel”, sêmola ou farinha de Matsá.
O que é Matsá Shemurá?
Shemurá quer dizer observada ou guardada. A sua origem está no versículo (Ex. 12,17) que diz: “e guardai (a Festa) das Matsot”, que inclui a conotação de “e guardai as Matsot” (de se tornarem chamets). Segundo opinião da maioria das autoridades – e esta é a halachá – tal supervisão é necessária apenas a partir da moagem do trigo. Sendo que toda Matsá produzida para Pessach é assim supervisionada, logo tecnicamente toda Matsá que é kasher para Pessach, é Matsá Shemurá.
Porém, em vista do facto que alguns sábios expressam a opinião de que é necessário supervisionar a Matsá desde o corte do trigo, a fim de evitar qualquer contato do trigo com a água, os que são especialmente escrupulosos em tais assuntos fazem um esforço especial para comer somente Matsot que foram submetidas a esta medida extra de vigilância (shemirá). Há os que comem este tipo de Matsá durante todo Pessach e há os que usam Matsá Shemurá somente na(s) noite(s) do Seder. O termo “Matsá Shemurá” é usado para as Matsot supervisionadas desde o corte do trigo.
Pessach e Chamêts (1)
Porque se dá ênfase a Chamêts? Em Pessach, somos proibidos de possuir Chamêts (praticamente todo o produto feito de trigo, cevada, centeio, aveia ou espelta, não produzido especialmente para Pessach) ou tê-lo nas nossas propriedades. Na noite anterior a Pessach, procedemos a uma rigorosa procura pelo Chamêts em casa. O Chamêts representa a arrogância. Pessach é tempo de liberdade --liberdade espiritual – e é a essência do porquê, que o Todo Poderoso nos tirou do Egipto. Como mencionei anteriormente, a única coisa que se interpõe entre si e D'us ... é você. Para se aproximar do Todo Poderoso, que é a meta e a essência da nossa vida (e esta oportunidade apresenta-se ao cumprirmos cada Mitsvá e/ou Festa religiosa), cada um precisa remover a sua própria arrogância. Esta é a lição que aprendemos ao remover o Chamêts das nossas posses. Liberdade significa possuirmos a capacidade de usar o nosso livre-arbítrio para crescer e nos desenvolvermos. Muitas pessoas pensam que são livres, quando na verdade são ‘escravas’ das novidades e modismos da sociedade. Escravidão é tomar uma atitude não pensada, seguindo os desejos e impulsos do corpo. O nosso trabalho em Pessach é sairmos desta escravidão para a verdadeira liberdade. Uma das liberdades a serem trabalhadas durante Pessach é a “liberdade da boca (ou seja, da fala)”. Os nossos sábios encaram a boca como um das partes mais perigosas do corpo. É o único órgão que pode causar problemas em ambas as direcções -no que entra (comida e bebida) e no que sai (a conversa). De tão perigoso, é o único órgão humano que tem duas ‘trancas’: os dentes e os lábios. Alguns de nós são escravos da sua boca, tanto no que comem quanto sobre o que falam. Na noite do Seder corrigimos estes problemas. Temos a mitsvá de relatar a saída do Povo Judeu do Egipto (para refinar as nossas conversas) e a mitsvá de comer Matsá e beber 4 copos de vinho (para enobrecer o que comemos e bebemos). A estrutura da língua hebraica, por si só, sinaliza na direcção da ‘Liberdade da Boca’. A palavra Pessach pode ser dividida em duas: Peh e Sach, que significa “boca falando” -nós temos a obrigação de contar sobre o Êxodo do Egipto durante toda a noite. A palavra hebraica Paró (o Faraó, que era o perseguidor dos Judeus na história de Pessach) pode ser dividida em duas: Pé e Ráh, uma ‘má boca’. A nossa aflição durante a escravidão no Egipto era caracterizada como Pérach (trabalho duro), que pode ser lido em 2 palavras: Pé e Rach, uma ‘boca solta’, sem responsabilidade com o que fala.
Possamos nós, neste Pessach, libertarmo-nos da ‘má boca’ e nos livrarmos da ‘boca solta’, onde muito de comida e bebida erradas entram e muitas palavras inapropriadas escorregam da boca para fora.
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